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Ao vivo - Sacred Fest

SACRED FEST
01.05.03 - Fajã de Cima

Agendado para o campo de futebol de salão da Fajã de Cima, nos arredores de Ponta Delgada, estavam as actuações de quatro jovens bandas do movimento underground micaelense. Acabando por se verificar apenas três, as dos Schism, Anthropology e os organizadores e cabeças-de-cartaz Sacred Tears, foi com especial curiosidade que me desloquei ao recinto desportivo daquela freguesia, uma vez que tais nomes e suas sonoridades me eram totalmente desconhecidas. Numa noite em que o clima ameaçava seriamente a realização do espectáculo, agravado pela fraca estrutura do palco que não parecia suficientemente sólida para suportar o forte vento que se fazia sentir, foi já depois das 22h00 e já com um número de assistência a rondar as 70 pessoas que os Schism fizeram ecoar os primeiros acordes da noite. Sendo, à partida muito complicado fazer uma análise mais profunda e precisa quando se ouve uma banda somente uma vez, a nota principal que fica e que gostaria de salientar é a de que parece começar a haver a muita gente com iniciativa própria e vontade de criar o seu próprio espaço para tocar. E diga-se que toda e qualquer de iniciativa desse género é sempre, e por si só, digna de merecer o nosso apoio e consideração.

Sob esse espírito encontrámos uns Schism com uma dinâmica goth rock doseada de muita melodia e também alguma agressividade. Com dois elementos femininos, um curiosamente sentado à bateria e outro na voz, o colectivo mostrou ao longo de seis temas bom gosto na maneira como mistura várias sonoridades e lhes dá um toque sensual através das vozes femininas.

Com uma sonoridade bastante mais pesada sobem a seguir ao palco os Anthropology. Visivelmente bastante jovens, foi deles que provieram as maiores descargas sonoras da noite tornando o recinto num local privilegiado para os fiéis do mosh. O colectivo bebe influências na nova geração do metal norte-americano, vulgo nu-metal, na sua face mais agressiva e rápida. Por detrás das vozes de Paulo Sousa e Luís Correia encontra-se o maior foco de energia e o maior trunfo da banda – o baterista Pedro Sousa - causador de maior sensação com blastbeats bastante velozes. Apesar da banda necessitar de se debruçar mais cuidadosamente sobre a estrutura dos seus temas, por vezes haviam riffs e ritmos a soarem algo despropositados, fica a nota de que os Anthropology mostram qualidades suficientes para mais tarde e com mais alguma maturidade virem a tornar-se numa proposta bastante interessante.

A fechar, e já perante um menor numero de público, que talvez pelo cansaço causado pela enérgica actuação dos Anthropology se encontrava mais concentrado na zona do bar, sobem ao palco os 8[!] elementos dos Sacred Tears. O Heavy Metal de contornos Doom/Death melódicos que nos foi dado a mostrar por esse colectivo, faz-nos acreditar que a banda pode render muito mais no futuro, uma vez que denota boas ideias, sendo para isso necessário que o nível de maturação musical entre os seus elementos se encontre mais equilibrada. Comandados por duas vozes fortes, os Sacred Tears tiveram em “A Cradle Song” e numa versão de “Forsaken” [integrada na banda-sonora original de "Queen Of The Damned"] os momentos mais altos da sua actuação.

Nuno Costa
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