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Adaptar-se para sobreviver

Segundo o “Diário Económico” do passado dia 8, a situação financeira das promotoras nacionais de concertos, independentemente da sua dimensão, está a agravar-se, apesar da contratação de artistas “seguros”, que garantem sucessivas enchentes. A Everything is New, a Música no Coração e a In Music We Trust apresentaram em 2007 prejuízos conjuntos de quase 1,3 milhões de euros, diz o jornal. No somatório destas empresas com a Ritmos & Blues e a Smog, apenas as duas últimas apresentaram lucros nesse ano. Em 2008 os prejuízos da Everything Is New ascenderam aos 518,600€, saldando-se a Smog pelos 3,500€ de perdas.

Já a 25 de Julho o “Expresso” tinha feito saber que os festivais e concertos em Portugal geram 33 milhões de euros de receitas anuais e são frequentados por 3,5 milhões de pessoas, das quais, segundo o jornal, apenas 50% adquirem bilhete, tendo a restante metade acesso aos eventos por convite. Somando a estes números os 90% de receitas por espectáculo que o “Expresso” diz serem arrebatadas pelo artista e respectivo agente, e obtendo a promotora unicamente os restantes 10% de margem de lucro sobre as receitas de bilheteira, não surpreende que mesmo a Everything is New e Música no Coração percam dinheiro.

A solução do problema pode residir na contratação de artistas menos caros, de menor dimensão artística, permitindo às empresas cobrar bilhetes com preços mais baixos e justos. Por outro lado, a expansão da área e modelo de negócio, abrangendo outros nichos de mercado fora da Pop/Rock, área em que estes gigantes se especializaram (com tímidas incursões no Jazz, Fado e Música do Mundo), pode igualmente gerar frutos. Aliás, o Teatro, a Música Erudita e o Bailado e outros espectáculos de pequena, média ou grande dimensão revelam-se áreas extremamente apetecíveis e em grande expansão.

Com efeito, segundo o “Público” de 5 de Agosto, no primeiro semestre do ano a afluência aumentou “nas principais salas de espectáculo” dedicadas à música, teatro e bailado. Segundo o jornal, citando fonte da agência Lusa, “o Teatro Nacional D. Maria II registou no primeiro semestre ‘salas sempre cheias’, não se notando qualquer quebra de público”.

Também na Fundação Calouste Gulbenkian “há seguramente mais público”, tendo as assinaturas duplicado “para a próxima temporada (2009/10) em alguns ciclos.” O Centro Cultural de Belém (CCB) aumentou em 3,7% a taxa de ocupação e, segundo o Organismo de Gestão Artística (OPART), o Teatro Nacional de S. Carlos praticamente duplicou o número de espectadores na temporada de 2008/09. A Companhia Nacional de Bailado viu igualmente subir a afluência de público.

Embora sabendo que estamos a falar apenas de salas localizadas em Lisboa, onde o poder de compra é superior à média nacional; e de públicos das classes sociais A + AA (Alta + Alta Altíssima), situados em faixas etárias acima dos 30 anos, por oposição ao público mais jovem dos concertos e festivais, proveniente da classe média e média-alta, estas áreas do espectáculo certamente poderiam contribuir para um aumento de receitas das referidas promotoras. Obviamente que tal implicaria entrar de forma agressiva em mercados alheios mas de bolsa recheada, conquistando público às instituições já estabelecidas. Afinal, (também) é do risco que se faz a economia.

Dico

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