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Entrevista Blacksunrise

PÉROLAS NEGRAS

São, sem dúvida, uma das maiores revelações do metal em 2004 no nosso país. Oriundos de Alhandra, arredores de Lisboa, os jovens Blacksunrise aparecem-nos no ano transacto com um álbum de metalcore devastador, brutal e cheio de fúria, em proporções pouco comuns para músicos de tão tenra idade. Para Portugal são hoje uma surpresa, mas "The Azrael" já foi um sucesso em Espanha. Um ano depois apareceu finalmente alguém interessado em "trazê-los" para cá, e para bem de nós todos. O guitarrista João Padinha é o interlocutor desta conversa entre a SounD(/)ZonE e as novas coqueluches do metalcore nacional.

Remontando aos vossos primórdios – à altura em que os Blacksunrise se formaram – conta-nos como é que tudo começou, de quem foi que partiu a ideia da formar a banda, como se conheceram, etc…
Os Blacksunrise começaram num ensaio como uma “brincadeira” entre amigos. Nessa altura, todas as pessoas envolvidas tinham outros projectos e, por isso, não avançámos. Mas o bichinho nunca morreu, por isso, em Setembro de 2002 decidimos avançar com a banda.

A vossa média de idades é muita baixa, vocês são todos muito jovens. Fico curioso de saber o que vos inspirou musicalmente a formar a banda, ou melhor dizendo, o que vos acompanhou nos leitores de CD’s ao longo da vossa adolescência…
Inicialmente as bandas que mais nos inspiraram, eram aquelas que praticavam o metalcore europeu, ou seja bandas como arkangel, reprisal e afins, mais tarde os gostos começaram a ficar um pouco mais extremos e ai foi que se descobriu uns At the gates e toda a escola sueca, que hoje tal como muitas outras coisas têm uma grande influência na nossa musica.

Fala-me, o João Pedro tem mesmo apenas 16 anos?
Agora já tem 17, mas sim, ainda é muito novo.

O vosso estilo apesar de estar muito em voga, apresenta já alguns sinais de cansaço. Apesar de mais respeitado que o nu –metal, o metalcore parece confinado a um fim mais prematuro que o esperado. O que pensas dessa situação? Concordas antes de mais…
Concordo, mas na realidade o metalcore não é nada de novo. Como disse, muito antes de toda esta loucura em torno do metalcore (especialmente do americano) já muitas bandas na europa o faziam. O que na minha opinião aconteceu foi a tentantiva de regeneração do meio do metal através deste estilo, e quando demos por isso, todas as editoras começaram a assinar tudo o que fosse metalcore saturando, infelizmente, o mercado.

A sobrexploração da indústria discográfica perante aquilo que é uma potencial fonte de receita dentro de uma moda pré-estabelecida, leva a que se destrua muita da genuinidade que gerou a criação de um novo estilo. E é isto normalmente que leva ao desaparecimento de muitas bandas e ao esquecimento de um estilo. Como é que vocês abordam as políticas editoriais de hoje em dia? Por exemplo, como é que vocês se sentem se uma editora assinar com vocês pensando apenas em tirar partido económico de uma tendência e nem sequer pensa muito se gosta ou não da vossa música ou planeia a vossa carreira a longo prazo?
Se queres que te diga, nunca pensei mesmo muito sobre isso, mas penso que essas coisas têm de ser todas faladas antes de se assinar alguma coisa, para no futuro ninguêm ter más supresas.Pode parecer que estou a conspirar sobre alguma coisa, mas não! [risos] Estou apenas a abordar uma questão importante que afecta a música hoje em dia.

Por cá, o problema continua a ser de falta de auto-estima, de carácter, sensibilidade, inteligência, etc. Aconteceu com outros e aconteceu convosco também – assinaram primeiro no estrangeiro e só depois foram valorizados pelo povo português. Achas que são esses motivos que mencionei que estão por trás dessa situação? Estarei a ser injusto/cruel? Conta-nos como foi esse período e o que pensas sobre isso.
Foi um período bastante complicado… Pois custa muito investir tempo, dinheiro e tudo mais na gravação de um CD para depois o teres um ano na prateleira. Em relação às razões que apontaste, concordo com todas elas. Parece que, por vezes, precisamos de ouvir as pessoas de lá de fora dizerem que é bom para depois termos “luz verde” para apoiarmos o que cá temos.

“The Azrael” era o disco que queriam ter gravado dentro das condições disponíveis e possíveis? Estão contentes com o seu resultado e com o feedback do público?
O “The Azrael” era o disco que queriamos gravar na altura e assim o fizemos. Penso que dentro dos possíveis ficou um bom trabalho. No nosso ponto de vista só é pena não reflectir bem a realidade que se vive hoje na banda pois, como já disse, o álbum esteve um ano na prateleira e durante esse tempo uma banda evolui.

Já te ouvi queixar que o público português nunca soube muito bem como encarar a sonoridade dos Blacksunrise, nem onde encaixá-la. Agora as coisas estão diferentes?
Nem por isso. Sinto que ainda é um pouco complicado… Se tocamos em concertos de metal, fica tudo meio a olhar para os putos novos que só sabem berrar! [risos] Se tocamos em concertos de hardcore, somos vistos como metaleiros... Mas tirando isso tudo, penso que a reacção têm sido boa e não temos de que nos queixar muito.

Como gostas de ver o som dos Blacksunrise?
Basicamento defino o que fazemos como uma abordagem moderna ao death metal melódica (escola sueca) com uma atitude hardcore (questões liricas).

Como está a decorrer o plano de promoção a “The Azrael”? Têm dado muitos concertos, onde, como têm corrido… Há algum plano especial, talvez uma digressão?
Felizmente tem corrido tudo bem, temos tocado quase todos os fins-de-semana, de norte a sul do país, e cada vez aparecem mais convites. Em relação à digressão, este verão vamos fazer uma pela europa.

Para terminar, e até porque tenho sempre curiosidade a este nível, o que pensas ou sabes do panorama metálico açoriano? Imaginas se existe algum movimento, algum circuito, interessas-te por saber o que se passa também deste lado do Atlântico?
Na realidade sei muito pouco, apenas conheço os Morbid death e nada mais... Mas tenho um amigo que é açoriano e já me disse que há bastantes bandas e público, por isso, espero que para breve possamos ir aí.

Nuno Costa
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