Entrevista Dark Fortress
ESPELHO MEU, ESPELHO MEU…
Pelo que se tem notado nos últimos tempos, a hegemonia nórdica no que respeita ao black metal tem começado a perder significado e, um pouco por toda a Europa, começam a surgir bandas com igual ou maior potencial – ou mesmo capacidade para inovar – do que a negra horda escandinava que se encarregou de elevar o estilo a um novo patamar na década de 90. Sendo assim, e embora tratemos de um grupo já com quase 14 anos, temos também nos Dark Fortress a prova de que o estilo tem raízes profundas noutros países, sendo este colectivo, para muitos, o mais representativo do black metal alemão. As influências vieram do “frio”, é verdade, como comprova a sua abordagem tradicionalista, mas a personalidade dos Dark Fortress já é suficientemente distinta para os considerarmos uma banda de classe. Por isso, e por muitos anos de experiência na estrada, a Century Media resgatou-os para os seus quadros e após “Séance”, em 2006, o grupo lança a 25 de Fevereiro próximo o seu segundo capítulo pelo selo alemão. Chama-se “Eidolon” e marca o regresso da banda a uma abordagem mais crua e envolta num conceito lírico espiritualista da autoria do recém-chegado vocalista Morean. Para além de guitarrista, V. Santura grava e produz os discos da banda. Uma mente sábia e experiente que se disponibilizou a falar sobre este regresso.
Após uma escuta rápida a “Eidolon” ficamos logo com a impressão de que relegaram para segundo plano a melodia e a experimentação de “Séance” e enveredaram por uma abordagem mais directa ao black metal. É assim também que vê este novo disco?
Sim, de certa forma. O “Eidolon” é, definitivamente, mais directo e agressivo. A experimentação não é tão óbvia com no “Séance”, mas acho que desta vez existem mais detalhes e muitas diferentes “camadas” para dissecar.
Desta vez não foi possível criar música pensando na forma como as letras lhe iam encaixar, uma vez que o Morean [vocalista], autor das letras e do conceito de “Eidolon”, só ingressou na banda quando o disco já estava composto…
Bem, desta vez funcionou ao contrário. Diria que as letras é que foram especialmente preparadas para encaixar na vibração, atmosfera, estrutura e ritmos da música.
Aliás, a dada altura chegaram mesmo a mudar por completo as letras e nome do disco quando o Azathoth abandonou a banda…
Sim, estás devidamente informado: com a saída do Azathoth tivemos que criar um novo conceito lírico e é nesta altura que o nosso novo vocalista entra em cena criativamente.
Penso que não incorro em erro se disser que “Eidolon” é, de facto, um disco conceptual. O mesmo já havia também acontecido com o anterior “Séance”. Têm um entusiasmo especial em escrever desta forma?
Nós gostamos que os álbuns tenham um fio condutor em termos líricos. Gostamos de ver um álbum como um todo, não apenas como um apanhado de boas canções. Assim sendo, o desafio acresce, mas consegues dar mais profundidade às tuas palavras.
A par disso, creio que todos devemos admirar o vosso interesse em não copiar os comuns conceitos líricos do black metal mas sim debruçarem-se sobre temas filosóficos e/ou paranormais. Na realidade, preocupam-se mesmo por se afastarem de alguns comportamentos cliché?
Também acho que temos uma aproximação lírica um pouco diferente da maior parte das “típicas” bandas de black metal. Contudo, penso que esta face oculta e filosófica sempre foi parte do próprio do black metal.
O Morean é um leitor ávido de matérias esotéricas, mitologias e culturais? Este álbum é inspirado num conceito grego… Ele é um amante da Grécia?
O Morean é, definitivamente, um profundo conhecedor dos conceitos que trata nas suas letras e esta sabedoria é baseada em literatura e em experiências pessoais. Bom, o “Eidolon” não é um disco propriamente sobre a mitologia grega. “Eidolon” é um termo grego que significa “espelho” e “duplo astral” e ambos esses sentidos encaixam perfeitamente no conceito lírico deste disco.
Se bem percebi, o conceito do “Eidolon” anda à volta de uma figura que entra noutra dimensão através de um espelho e abandona assim a sua natureza humana para viver em espírito. Será que isto significa a vossa visão sobre a melhor solução para o Homem, metaforicamente falando, viver em melhor consciência e deixar para trás todas as suas fraquezas?
Bom, a história de “Eidolon” baseia-se num protagonista que entra numa dimensão para além da da vida e do Homem e entra em transe através de um ritual feito com um espelho mágico. Na segunda parte do álbum a alma do protagonista desumaniza-se e rompe todas as suas barreiras mundanas. Para estabeleceres um ponto de vista que vai para além da Humanidade, tens que te livrar de tudo o que é humano – o teu ego, espírito, alma, consciência e percepção. Este seria um processo que adoptarias para protegeres-te a ti e a toda a tua vida. Mas somente após isso tu estarás apto a vislumbrar as coisas na sua totalidade. O preço que o protagonista desta história paga é para tomar consciência do quão vão e ridículos são os esforços humanos para perceberem algo como a divindade. Todo o processo é incrivelmente doloroso para o protagonista e o mágico percebe que tudo o que este já alcançou significa agora a sua inevitável auto-destruição. A história continua, mas eu não queria ir muito fundo na minha explicação e dizer tudo sobre as letras. De um modo geral, “Eidolon” fala sobre uma megalomania espiritual. [risos]
O Morean era um velho amigo vosso. Portanto, suponho que não tenham havido problemas de integração. Estão contentes com o seu vasto talento e conhecimento? Sentem já o seu especial contributo para a banda?
Sem dúvida! O seu talento, conhecimento, a sua personalidade e carisma foram precisamente os motivos por que quisemos tê-lo como nosso vocalista. Ele é uma pessoa muito criativa e tem o sentimento perfeito para a nossa música. Penso mesmo que ele já contribuiu bastante para esta banda. É verdade que toda a música deste álbum já estava gravada quando ele entrou, mas mesmo assim ele foi capaz de criar um conceito lírico que lhe encaixasse perfeitamente. É também um privilégio trabalhar com ele nas linhas vocais. Ele tem uma abordagem muito rítmica quando cria vozes, o que me deixa muito agradado. O facto deste disco parecer também mais directo é também derivado às suas linhas vocais: esta foi a primeira vez que trabalhámos com coros verdadeiros.
Voltando ainda um pouco atrás, como viveram a saída do Azathoth? Alguns sites dizem que ele foi, na verdade, despedido…
Nós não o despedimos. Ou se quiser, nós despedimo-lo porque ele já tinha decidido sair… Bom, isto pode soar contraditório e estúpido, mas é a descrição mais próxima da realidade. O ambiente dentro da banda esteve bastante deteriorado durante algum tempo e houveram várias razões para ele não querer trabalhar mais connosco. Mas estas nunca foram razões musicais ou criativas. Continuo a respeitá-lo como grande vocalista e compositor de letras que é. Mas acontece que existem muito mais coisas para além de escrever música ou escrever letras quando se faz parte de uma banda. Estas outras coisas deixaram de funcionar. Ele ficou chateado com isso e disse que sairia da banda após o lançamento do novo álbum. No fundo, foi um gesto muito justo da parte dele, porque ele não achou bem sair de um momento para o outro e lixar-nos simplesmente. Porém, depois veio a nossa decisão de gravar já este álbum com um novo vocalista, porque não faria sentido gravar um álbum com um vocalista que ia sair da banda de qualquer maneira. E existiram várias razões para esta decisão: primeira, porque seria ainda mais difícil integrar um novo vocalista; segunda, como promoveríamos este álbum? Foi uma decisão dura mas, na minha opinião, era a única decisão plausível para que a banda se mantivesse viva. Mas penso que o Azathoth sentiu-se um pouco apunhalado pelas costas com isso…
Vocês continuam a gravar no vosso estúdio e a produzir os vossos discos totalmente sozinhos. Vêem isso como um benefício?
Existem inúmeras vantagens quando tens a oportunidade de fazer tudo por tua conta. Sei exactamente como os nossos álbuns devem soar e tenho as capacidades técnicas de alcançar este som e capturar o ambiente pretendido com a música. Se trabalhares no teu próprio estúdio tens muito mais tempo, consegues trabalhar em mais detalhes, fazer novas experiências e… poupas muito dinheiro!
Contudo, deixam em aberto a hipótese de trabalhar com um produtor exterior à banda ou tentar outros estúdios e equipamentos?
Bom, às vezes pensamos que até podia ser interessante envolver-nos com uma pessoa mais objectiva para o trabalho de produção, mas ao mesmo tempo pomos a hipótese do som não ficar exactamente como queremos. Acabamos por fazer as melhores experiências se fizermos tudo por nossa conta. Para além disso, sabe bem sentir que fizemos um álbum na totalidade, desde a composição à mistura e masterização.
O black metal está a deixar cada vez mais de ser uma marca exclusiva dos nórdicos. Diariamente temos bandas cada vez mais inovadoras a surgir de todos os recantos da Europa. Também sente isso?
Concordo totalmente. Aliás, as raízes dos black metal estão nos Venom, Hellhammer, Celtic Frost e só depois nos Bathory. Por isso, penso que os escandinavos não inventaram o black metal numa primeira instância. Contudo, certamente, foram os responsáveis por elevarem-no a um novo nível e a novos extremos. Por outras palavras, aperfeiçoaram o género. Mas é preciso que se tenha consciência que as boas bandas de black metal não vêm só da Escandinávia, embora encontres lá a cena mais desenvolvida. Mas ainda persiste o preconceito para a maioria das pessoas de que apenas o black metal norueguês é o verdadeiro, embora isto, lentamente, esteja a mudar.
Em relação aos Dark Fortress sempre alimentaram um som e uma personalidade muito tradicional, o que entendo seja responsável por terem muitos e fiéis fãs. Sentem vontade de mudar no futuro?
Bom, na verdade, nunca fazemos dois álbuns iguais. Nós evoluímos sempre de álbum para álbum, por isso, os nossos fãs terão que esperar sempre surpresas de nós.
Agora é tempo de pensar em marcar compasso na Europa através da vossa tournée com os Helheim e Vulture Industries que arranca após o lançamento de “Eidolon”. Já que falávamos na actual expansão do black metal, este é um bom timing para espalhar o vosso “mal” pela Europa?
Completamente. É uma altura muito boa para promoveres um trabalho, com uma tournée apropriada. E estamos muito ansiosos por “partir a loiça”!
www.thetruedarkfortress.com
www.myspace.com/darkfortress
Pelo que se tem notado nos últimos tempos, a hegemonia nórdica no que respeita ao black metal tem começado a perder significado e, um pouco por toda a Europa, começam a surgir bandas com igual ou maior potencial – ou mesmo capacidade para inovar – do que a negra horda escandinava que se encarregou de elevar o estilo a um novo patamar na década de 90. Sendo assim, e embora tratemos de um grupo já com quase 14 anos, temos também nos Dark Fortress a prova de que o estilo tem raízes profundas noutros países, sendo este colectivo, para muitos, o mais representativo do black metal alemão. As influências vieram do “frio”, é verdade, como comprova a sua abordagem tradicionalista, mas a personalidade dos Dark Fortress já é suficientemente distinta para os considerarmos uma banda de classe. Por isso, e por muitos anos de experiência na estrada, a Century Media resgatou-os para os seus quadros e após “Séance”, em 2006, o grupo lança a 25 de Fevereiro próximo o seu segundo capítulo pelo selo alemão. Chama-se “Eidolon” e marca o regresso da banda a uma abordagem mais crua e envolta num conceito lírico espiritualista da autoria do recém-chegado vocalista Morean. Para além de guitarrista, V. Santura grava e produz os discos da banda. Uma mente sábia e experiente que se disponibilizou a falar sobre este regresso.
Após uma escuta rápida a “Eidolon” ficamos logo com a impressão de que relegaram para segundo plano a melodia e a experimentação de “Séance” e enveredaram por uma abordagem mais directa ao black metal. É assim também que vê este novo disco?
Sim, de certa forma. O “Eidolon” é, definitivamente, mais directo e agressivo. A experimentação não é tão óbvia com no “Séance”, mas acho que desta vez existem mais detalhes e muitas diferentes “camadas” para dissecar.
Desta vez não foi possível criar música pensando na forma como as letras lhe iam encaixar, uma vez que o Morean [vocalista], autor das letras e do conceito de “Eidolon”, só ingressou na banda quando o disco já estava composto…
Bem, desta vez funcionou ao contrário. Diria que as letras é que foram especialmente preparadas para encaixar na vibração, atmosfera, estrutura e ritmos da música.
Aliás, a dada altura chegaram mesmo a mudar por completo as letras e nome do disco quando o Azathoth abandonou a banda…
Sim, estás devidamente informado: com a saída do Azathoth tivemos que criar um novo conceito lírico e é nesta altura que o nosso novo vocalista entra em cena criativamente.
Penso que não incorro em erro se disser que “Eidolon” é, de facto, um disco conceptual. O mesmo já havia também acontecido com o anterior “Séance”. Têm um entusiasmo especial em escrever desta forma?
Nós gostamos que os álbuns tenham um fio condutor em termos líricos. Gostamos de ver um álbum como um todo, não apenas como um apanhado de boas canções. Assim sendo, o desafio acresce, mas consegues dar mais profundidade às tuas palavras.
A par disso, creio que todos devemos admirar o vosso interesse em não copiar os comuns conceitos líricos do black metal mas sim debruçarem-se sobre temas filosóficos e/ou paranormais. Na realidade, preocupam-se mesmo por se afastarem de alguns comportamentos cliché?
Também acho que temos uma aproximação lírica um pouco diferente da maior parte das “típicas” bandas de black metal. Contudo, penso que esta face oculta e filosófica sempre foi parte do próprio do black metal.
O Morean é um leitor ávido de matérias esotéricas, mitologias e culturais? Este álbum é inspirado num conceito grego… Ele é um amante da Grécia?
O Morean é, definitivamente, um profundo conhecedor dos conceitos que trata nas suas letras e esta sabedoria é baseada em literatura e em experiências pessoais. Bom, o “Eidolon” não é um disco propriamente sobre a mitologia grega. “Eidolon” é um termo grego que significa “espelho” e “duplo astral” e ambos esses sentidos encaixam perfeitamente no conceito lírico deste disco.
Se bem percebi, o conceito do “Eidolon” anda à volta de uma figura que entra noutra dimensão através de um espelho e abandona assim a sua natureza humana para viver em espírito. Será que isto significa a vossa visão sobre a melhor solução para o Homem, metaforicamente falando, viver em melhor consciência e deixar para trás todas as suas fraquezas?
Bom, a história de “Eidolon” baseia-se num protagonista que entra numa dimensão para além da da vida e do Homem e entra em transe através de um ritual feito com um espelho mágico. Na segunda parte do álbum a alma do protagonista desumaniza-se e rompe todas as suas barreiras mundanas. Para estabeleceres um ponto de vista que vai para além da Humanidade, tens que te livrar de tudo o que é humano – o teu ego, espírito, alma, consciência e percepção. Este seria um processo que adoptarias para protegeres-te a ti e a toda a tua vida. Mas somente após isso tu estarás apto a vislumbrar as coisas na sua totalidade. O preço que o protagonista desta história paga é para tomar consciência do quão vão e ridículos são os esforços humanos para perceberem algo como a divindade. Todo o processo é incrivelmente doloroso para o protagonista e o mágico percebe que tudo o que este já alcançou significa agora a sua inevitável auto-destruição. A história continua, mas eu não queria ir muito fundo na minha explicação e dizer tudo sobre as letras. De um modo geral, “Eidolon” fala sobre uma megalomania espiritual. [risos]
O Morean era um velho amigo vosso. Portanto, suponho que não tenham havido problemas de integração. Estão contentes com o seu vasto talento e conhecimento? Sentem já o seu especial contributo para a banda?
Sem dúvida! O seu talento, conhecimento, a sua personalidade e carisma foram precisamente os motivos por que quisemos tê-lo como nosso vocalista. Ele é uma pessoa muito criativa e tem o sentimento perfeito para a nossa música. Penso mesmo que ele já contribuiu bastante para esta banda. É verdade que toda a música deste álbum já estava gravada quando ele entrou, mas mesmo assim ele foi capaz de criar um conceito lírico que lhe encaixasse perfeitamente. É também um privilégio trabalhar com ele nas linhas vocais. Ele tem uma abordagem muito rítmica quando cria vozes, o que me deixa muito agradado. O facto deste disco parecer também mais directo é também derivado às suas linhas vocais: esta foi a primeira vez que trabalhámos com coros verdadeiros.
Voltando ainda um pouco atrás, como viveram a saída do Azathoth? Alguns sites dizem que ele foi, na verdade, despedido…
Nós não o despedimos. Ou se quiser, nós despedimo-lo porque ele já tinha decidido sair… Bom, isto pode soar contraditório e estúpido, mas é a descrição mais próxima da realidade. O ambiente dentro da banda esteve bastante deteriorado durante algum tempo e houveram várias razões para ele não querer trabalhar mais connosco. Mas estas nunca foram razões musicais ou criativas. Continuo a respeitá-lo como grande vocalista e compositor de letras que é. Mas acontece que existem muito mais coisas para além de escrever música ou escrever letras quando se faz parte de uma banda. Estas outras coisas deixaram de funcionar. Ele ficou chateado com isso e disse que sairia da banda após o lançamento do novo álbum. No fundo, foi um gesto muito justo da parte dele, porque ele não achou bem sair de um momento para o outro e lixar-nos simplesmente. Porém, depois veio a nossa decisão de gravar já este álbum com um novo vocalista, porque não faria sentido gravar um álbum com um vocalista que ia sair da banda de qualquer maneira. E existiram várias razões para esta decisão: primeira, porque seria ainda mais difícil integrar um novo vocalista; segunda, como promoveríamos este álbum? Foi uma decisão dura mas, na minha opinião, era a única decisão plausível para que a banda se mantivesse viva. Mas penso que o Azathoth sentiu-se um pouco apunhalado pelas costas com isso…
Vocês continuam a gravar no vosso estúdio e a produzir os vossos discos totalmente sozinhos. Vêem isso como um benefício?
Existem inúmeras vantagens quando tens a oportunidade de fazer tudo por tua conta. Sei exactamente como os nossos álbuns devem soar e tenho as capacidades técnicas de alcançar este som e capturar o ambiente pretendido com a música. Se trabalhares no teu próprio estúdio tens muito mais tempo, consegues trabalhar em mais detalhes, fazer novas experiências e… poupas muito dinheiro!
Contudo, deixam em aberto a hipótese de trabalhar com um produtor exterior à banda ou tentar outros estúdios e equipamentos?
Bom, às vezes pensamos que até podia ser interessante envolver-nos com uma pessoa mais objectiva para o trabalho de produção, mas ao mesmo tempo pomos a hipótese do som não ficar exactamente como queremos. Acabamos por fazer as melhores experiências se fizermos tudo por nossa conta. Para além disso, sabe bem sentir que fizemos um álbum na totalidade, desde a composição à mistura e masterização.
O black metal está a deixar cada vez mais de ser uma marca exclusiva dos nórdicos. Diariamente temos bandas cada vez mais inovadoras a surgir de todos os recantos da Europa. Também sente isso?
Concordo totalmente. Aliás, as raízes dos black metal estão nos Venom, Hellhammer, Celtic Frost e só depois nos Bathory. Por isso, penso que os escandinavos não inventaram o black metal numa primeira instância. Contudo, certamente, foram os responsáveis por elevarem-no a um novo nível e a novos extremos. Por outras palavras, aperfeiçoaram o género. Mas é preciso que se tenha consciência que as boas bandas de black metal não vêm só da Escandinávia, embora encontres lá a cena mais desenvolvida. Mas ainda persiste o preconceito para a maioria das pessoas de que apenas o black metal norueguês é o verdadeiro, embora isto, lentamente, esteja a mudar.
Em relação aos Dark Fortress sempre alimentaram um som e uma personalidade muito tradicional, o que entendo seja responsável por terem muitos e fiéis fãs. Sentem vontade de mudar no futuro?
Bom, na verdade, nunca fazemos dois álbuns iguais. Nós evoluímos sempre de álbum para álbum, por isso, os nossos fãs terão que esperar sempre surpresas de nós.
Agora é tempo de pensar em marcar compasso na Europa através da vossa tournée com os Helheim e Vulture Industries que arranca após o lançamento de “Eidolon”. Já que falávamos na actual expansão do black metal, este é um bom timing para espalhar o vosso “mal” pela Europa?
Completamente. É uma altura muito boa para promoveres um trabalho, com uma tournée apropriada. E estamos muito ansiosos por “partir a loiça”!
www.thetruedarkfortress.com
www.myspace.com/darkfortress
Nuno Costa