Entrevista Fear My Thoughts
CONVULSÕES TELÚRICAS
Ao quinto álbum de originais bem podem dizer que atingiram o seu auge. "Vulcanus", o novo álbum dos germânicos Fear My Thoughts é um portento de peso e melodia, com uma roupagem progressiva de fina casta que lhes confere uma personalidade distinta em relação às vulgares bandas de metalcore. Agora na poderosa Century Media os Fear My Thoughts têm ainda mais possibilidades de ascender na sua popularidade e quebrar algum preconceito que, segundo o vocalista Mathias Ockl, existe, pelo menos na Alemanha.
Para vocês e para a própria comunidade metaleira, não podia haver melhor início de ano do que com a edição de "Vulcanus". Deixa-me confessar-te que fiquei muito surpreendido com o vosso novo trabalho!
Muito obrigado! Para ser sincero, estamos, na verdade, um bocado reticentes em relação à forma como o público vai reagir ao disco. Consideramos os temas deste novo álbum muito bons [pelo contrário, não os tínhamos gravado], mas depois começamos a pensar que a mistura sonora podia ser muito "extrema". Na Alemanha, parece que as bandas que tocam música mais acessível são muito mais bem sucedidas do que outras que tocam música mais complexa. De qualquer forma, estamos muito contentes por constatar que, até agora, as críticas ao disco têm sido todas muito boas.
Na minha opinião, o vosso novo disco é, de certa forma, um bocado diferente de qualquer outro que já tenham composto. Concordas?
Concordo. Para te ser sincero, este sempre foi o nosso objectivo – escrever álbuns que difiram uns dos outros. Quero com isto dizer que subsistem sempre influências diferentes na altura de compor um novo álbum e quando ele já está gravado, automaticamente, ouvimo-lo muitas vezes e averiguamos o que deve ser mudado para o próximo disco ou não.
Deixa-me que te dê a minha opinião: uma das coisas que mais me agrada em vocês e que vos distingue de muitas bandas de metalcore, é que vocês incutem um toque progressivo delicioso à vossa música. Isto, naturalmente, eleva-vos a outro patamar. Também considerarias esta uma característica de marca vossa?
Eu também penso que esta é uma das características porque os Fear My Thoughts são conhecidos. Mas, ao mesmo tempo, isto torna a nossa existência mais complicada! Toda esta aura progressiva torna mais difícil para as pessoas terem acesso à nossa música. Por isso, levamos, normalmente, um período de dois concertos numa cidade até que as pessoas tomem consciência do que temos para oferecer. De qualquer maneira, nós é que decidimos ir por este caminho e realmente gostamos do que fazemos. Por isso, vamos continuar!
Que opinião tens das bandas que, aparentemente, se limitam a copiar um estilo ou seguir uma tendência? Isto é, de facto, uma realidade?
Infelizmente é, mas é compreensível. Se algo tem notoriedade, é muito mais fácil copiá-lo, seguir a tendência e tentar ficar com um bocado da fatia deste sucesso. Por outro lado, temos que referir que certas bandas têm sucesso porque têm realmente muito potencial e poder de influenciar outra bandas. Por isso, não é de estranhar que certas bandas soem a cópia descarada de outras. De qualquer maneira, o problema maior é que, assim que começa a surgir uma imensidão de bandas dentro de um estilo, a banda que originou o movimento e que tem o verdadeiro potencial começa a ter dificuldades em se notabilizar. Mas penso que esta é a maneira, inevitável, como as coisas têm que acontecer...
Que dirias a estas bandas?
Eu diria que o caminho mais fácil nem sempre é o correcto. É preferível encontrarem o seu estilo e ter uma certa personalidade. De outra forma, as bandas acabam por aparecer e desaparecer à mesma velocidade.
"Vulcanus" está quase a ser lançado [*entrevista realizada antes do dia 15 de Janeiro], devem estar ansiosos por apresentá-lo ao vivo. Imagino, porque creio que têm consciência de que este é o vosso melhor álbum de sempre!
Obrigado mais uma vez. Na verdade, já estamos em digressão e temos tocado, em média, quatro temas do "Vulcanus" por noite. Nós gravámos o novo álbum para apresentá-lo ao vivo, por isso não devemos ter medo para tal. De facto, estávamos ansiosos por tocá-lo ao vivo para ver a reacção das pessoas mas, até agora, a maior parte tem gostado.
"Culture Of Fear" é um tema com um início muito inspirado em Opeth. Mesmo assim, não deixa de ser um tema magnífico e acabei por ficar "viciado" nele! Creio que, com este tema, demonstram que são fãs de metal muito ecléticos…
Sim, é muito inspirado em Opeth, eles são uma banda soberba! Mas eu não me atreveria a ir tão longe e a comparar-nos a Opeth! [risos] Fico contente por teres gostado, porque este é também um dos temas preferidos de toda a banda! Apenas esforçámo-nos por escrever um tema que fosse atmosférico e, ao mesmo tempo, brutal.
"Vulcanus" é também um dos meus temas preferidos do álbum. Um tema autenticamente progressivo em que apreciei bastante o trabalho do Norman [baterista]. Dá-lhe os meus parabéns!
Darei…
Ele, certamente, é fã de jazz ou de metal progressivo…
Estás mais que certo! Ele é um verdadeiro jazz man! Neste aspecto, encontras uma das grandes diferenças entre este álbum e o "Hell Sweet Hell". Quando ele se juntou a nós, os temas deste álbum já estavam todos compostos, por isso, ele não pude dar o seu contributo aos temas. Nestes novos temas ele esteve muito envolvido. Desta forma, os temas ficaram com este toque jazz.
Este é o vosso primeiro disco pela Century Media. Porque deixaram a Lifeforce?
Lançámos dois álbuns pela Lifeforce e completámos assim o contracto. Posteriormente, quando a Century Media veio ter connosco e perguntou se queríamos trabalhar com eles, não tivemos nenhuma hesitação em aceitar. Consideramo-la uma grande editora e que encaixa perfeitamente com a nossa música. Estamos muito satisfeitos com eles. As pessoas lá preocupam-se muito connosco e tomam conta de todos os nossos problemas. São muito fixes!
Prevê-se alguma data dos Fear My Thoughts para Portugal?
Infelizmente, não posso prever isso. Eu gostaria imenso de visitar o vosso país de novo. Eu tenho alguns conhecidos a viver perto de Tomar. O Pat, o Markus e eu fomos uma vez a Portugal visitá-los e realmente tenho que confessar que é um dos países da Europa de que gosto mais. O vosso povo é muito simpático, aberto e amigável. As paisagens também são lindas e eu gosto muito do oceano Atlântico… Bom, temos mesmo que tocar aí brevemente! [risos]
Brevemente, vão estar em digressão com os Kataklysm e Neaera. Quais são as expectativas?
Esperamos com isso ter acesso a outro tipo de público, tocar em sítios onde nunca tocámos e passar uns bons tempos com os nossos amigos Neaera.
Já agora, como está a cena metaleira na Alemanha?
Está realmente grande, mas como que dividida entre metalcore e metal tradicional. Isto é, por vezes, algo estranho, porque existem realmente boas bandas que não são levadas a sério pela facção oposta. Isto deixa-me triste… Mas que posso eu fazer? Apesar tudo, continuo a sentir-me bem por fazer parte do lado mais "maluco" do metal na Alemanha! [risos]
Nove anos de Fear My Thoughts… Acredito que exista muita coisa para contar!
Realmente, há coisas demais para contar! Se isto não fosse uma entrevista impressa, tinha todo o gosto de me sentar contigo, beber um copo de vinho tinto português e contar-te tudo. No entanto, vou deixar-te com alguns que considero ser os momentos mais especiais [embora, todos o tenham sido até agora]. O nosso primeiro concerto foi um deles! Eu estava muito nervoso porque era na nossa terra natal. Ainda me lembro muito bem dele… A seguir, o momento mais especial foi a gravação do nosso primeiro disco a sério. Estávamos tão orgulhosos de lançá-lo, embora se o ouvir hoje em dia fique envergonhado! [risos] Depois, a nossa primeira digressão com os nossos amigos dos Blindspot A.D.. Foram duas semanas em cheio! Conto-te mais quando nos conhecermos em Portugal! [risos]
Alguma mensagem final para os portugueses, já agora?
Espero ver-vos em breve! Entretanto, oiçam o nosso novo álbum. Espero que gostem tanto dele como nós e… nunca se esqueçam do vosso jogo contra a Holanda! Foi deveras maluco e fiquei contente por terem ganho! [risos]
www.fearmythoughts.com
www.myspace.com/fearmythoughts
Ao quinto álbum de originais bem podem dizer que atingiram o seu auge. "Vulcanus", o novo álbum dos germânicos Fear My Thoughts é um portento de peso e melodia, com uma roupagem progressiva de fina casta que lhes confere uma personalidade distinta em relação às vulgares bandas de metalcore. Agora na poderosa Century Media os Fear My Thoughts têm ainda mais possibilidades de ascender na sua popularidade e quebrar algum preconceito que, segundo o vocalista Mathias Ockl, existe, pelo menos na Alemanha.
Para vocês e para a própria comunidade metaleira, não podia haver melhor início de ano do que com a edição de "Vulcanus". Deixa-me confessar-te que fiquei muito surpreendido com o vosso novo trabalho!
Muito obrigado! Para ser sincero, estamos, na verdade, um bocado reticentes em relação à forma como o público vai reagir ao disco. Consideramos os temas deste novo álbum muito bons [pelo contrário, não os tínhamos gravado], mas depois começamos a pensar que a mistura sonora podia ser muito "extrema". Na Alemanha, parece que as bandas que tocam música mais acessível são muito mais bem sucedidas do que outras que tocam música mais complexa. De qualquer forma, estamos muito contentes por constatar que, até agora, as críticas ao disco têm sido todas muito boas.
Na minha opinião, o vosso novo disco é, de certa forma, um bocado diferente de qualquer outro que já tenham composto. Concordas?
Concordo. Para te ser sincero, este sempre foi o nosso objectivo – escrever álbuns que difiram uns dos outros. Quero com isto dizer que subsistem sempre influências diferentes na altura de compor um novo álbum e quando ele já está gravado, automaticamente, ouvimo-lo muitas vezes e averiguamos o que deve ser mudado para o próximo disco ou não.
Deixa-me que te dê a minha opinião: uma das coisas que mais me agrada em vocês e que vos distingue de muitas bandas de metalcore, é que vocês incutem um toque progressivo delicioso à vossa música. Isto, naturalmente, eleva-vos a outro patamar. Também considerarias esta uma característica de marca vossa?
Eu também penso que esta é uma das características porque os Fear My Thoughts são conhecidos. Mas, ao mesmo tempo, isto torna a nossa existência mais complicada! Toda esta aura progressiva torna mais difícil para as pessoas terem acesso à nossa música. Por isso, levamos, normalmente, um período de dois concertos numa cidade até que as pessoas tomem consciência do que temos para oferecer. De qualquer maneira, nós é que decidimos ir por este caminho e realmente gostamos do que fazemos. Por isso, vamos continuar!
Que opinião tens das bandas que, aparentemente, se limitam a copiar um estilo ou seguir uma tendência? Isto é, de facto, uma realidade?
Infelizmente é, mas é compreensível. Se algo tem notoriedade, é muito mais fácil copiá-lo, seguir a tendência e tentar ficar com um bocado da fatia deste sucesso. Por outro lado, temos que referir que certas bandas têm sucesso porque têm realmente muito potencial e poder de influenciar outra bandas. Por isso, não é de estranhar que certas bandas soem a cópia descarada de outras. De qualquer maneira, o problema maior é que, assim que começa a surgir uma imensidão de bandas dentro de um estilo, a banda que originou o movimento e que tem o verdadeiro potencial começa a ter dificuldades em se notabilizar. Mas penso que esta é a maneira, inevitável, como as coisas têm que acontecer...
Que dirias a estas bandas?
Eu diria que o caminho mais fácil nem sempre é o correcto. É preferível encontrarem o seu estilo e ter uma certa personalidade. De outra forma, as bandas acabam por aparecer e desaparecer à mesma velocidade.
"Vulcanus" está quase a ser lançado [*entrevista realizada antes do dia 15 de Janeiro], devem estar ansiosos por apresentá-lo ao vivo. Imagino, porque creio que têm consciência de que este é o vosso melhor álbum de sempre!
Obrigado mais uma vez. Na verdade, já estamos em digressão e temos tocado, em média, quatro temas do "Vulcanus" por noite. Nós gravámos o novo álbum para apresentá-lo ao vivo, por isso não devemos ter medo para tal. De facto, estávamos ansiosos por tocá-lo ao vivo para ver a reacção das pessoas mas, até agora, a maior parte tem gostado.
"Culture Of Fear" é um tema com um início muito inspirado em Opeth. Mesmo assim, não deixa de ser um tema magnífico e acabei por ficar "viciado" nele! Creio que, com este tema, demonstram que são fãs de metal muito ecléticos…
Sim, é muito inspirado em Opeth, eles são uma banda soberba! Mas eu não me atreveria a ir tão longe e a comparar-nos a Opeth! [risos] Fico contente por teres gostado, porque este é também um dos temas preferidos de toda a banda! Apenas esforçámo-nos por escrever um tema que fosse atmosférico e, ao mesmo tempo, brutal.
"Vulcanus" é também um dos meus temas preferidos do álbum. Um tema autenticamente progressivo em que apreciei bastante o trabalho do Norman [baterista]. Dá-lhe os meus parabéns!
Darei…
Ele, certamente, é fã de jazz ou de metal progressivo…
Estás mais que certo! Ele é um verdadeiro jazz man! Neste aspecto, encontras uma das grandes diferenças entre este álbum e o "Hell Sweet Hell". Quando ele se juntou a nós, os temas deste álbum já estavam todos compostos, por isso, ele não pude dar o seu contributo aos temas. Nestes novos temas ele esteve muito envolvido. Desta forma, os temas ficaram com este toque jazz.
Este é o vosso primeiro disco pela Century Media. Porque deixaram a Lifeforce?
Lançámos dois álbuns pela Lifeforce e completámos assim o contracto. Posteriormente, quando a Century Media veio ter connosco e perguntou se queríamos trabalhar com eles, não tivemos nenhuma hesitação em aceitar. Consideramo-la uma grande editora e que encaixa perfeitamente com a nossa música. Estamos muito satisfeitos com eles. As pessoas lá preocupam-se muito connosco e tomam conta de todos os nossos problemas. São muito fixes!
Prevê-se alguma data dos Fear My Thoughts para Portugal?
Infelizmente, não posso prever isso. Eu gostaria imenso de visitar o vosso país de novo. Eu tenho alguns conhecidos a viver perto de Tomar. O Pat, o Markus e eu fomos uma vez a Portugal visitá-los e realmente tenho que confessar que é um dos países da Europa de que gosto mais. O vosso povo é muito simpático, aberto e amigável. As paisagens também são lindas e eu gosto muito do oceano Atlântico… Bom, temos mesmo que tocar aí brevemente! [risos]
Brevemente, vão estar em digressão com os Kataklysm e Neaera. Quais são as expectativas?
Esperamos com isso ter acesso a outro tipo de público, tocar em sítios onde nunca tocámos e passar uns bons tempos com os nossos amigos Neaera.
Já agora, como está a cena metaleira na Alemanha?
Está realmente grande, mas como que dividida entre metalcore e metal tradicional. Isto é, por vezes, algo estranho, porque existem realmente boas bandas que não são levadas a sério pela facção oposta. Isto deixa-me triste… Mas que posso eu fazer? Apesar tudo, continuo a sentir-me bem por fazer parte do lado mais "maluco" do metal na Alemanha! [risos]
Nove anos de Fear My Thoughts… Acredito que exista muita coisa para contar!
Realmente, há coisas demais para contar! Se isto não fosse uma entrevista impressa, tinha todo o gosto de me sentar contigo, beber um copo de vinho tinto português e contar-te tudo. No entanto, vou deixar-te com alguns que considero ser os momentos mais especiais [embora, todos o tenham sido até agora]. O nosso primeiro concerto foi um deles! Eu estava muito nervoso porque era na nossa terra natal. Ainda me lembro muito bem dele… A seguir, o momento mais especial foi a gravação do nosso primeiro disco a sério. Estávamos tão orgulhosos de lançá-lo, embora se o ouvir hoje em dia fique envergonhado! [risos] Depois, a nossa primeira digressão com os nossos amigos dos Blindspot A.D.. Foram duas semanas em cheio! Conto-te mais quando nos conhecermos em Portugal! [risos]
Alguma mensagem final para os portugueses, já agora?
Espero ver-vos em breve! Entretanto, oiçam o nosso novo álbum. Espero que gostem tanto dele como nós e… nunca se esqueçam do vosso jogo contra a Holanda! Foi deveras maluco e fiquei contente por terem ganho! [risos]
www.fearmythoughts.com
www.myspace.com/fearmythoughts
Nuno Costa