photo logopost_zps4920d857.png photo headerteste_zps0e0d15f7.png

HANGOVER: entrevista com Honório Aguiar

AGRESSIVIDADE ASCENDENTE

Os HANGOVER são hoje um dos grandes nomes do metal made in Azores. Após sete anos de muito esforço e dedicação, a banda do carismático Honório Aguiar continua a fustigar o seu público com descargas de energia cada vez mais explosivas. A SounD(/)ZonE foi tentar conhecer melhor o estado actual da banda numa conversa descontraída com o frontman do grupo.

Fiquei há pouco tempo muito surpreendido quando me chegou aos ouvidos a notícia de que estavam a considerar a hipótese de irem viver para Londres. Isso é mesmo verdade ou não passa de mera especulação?
De facto, aqui não se faz muito, mas não confirmo nada. Já pus essa hipótese, mas não passa disso.

Corre também por aí que estão a planear gravar no continente. É apenas um boato ou é mesmo desta que os HANGOVER vão ter um registo mais profissional?
Sim, gostávamos de ir gravar ao continente, mas ainda não sabemos se isso vai ser possível devido a questões financeiras.

Recentemente, a banda mudou de baixista com a saída do Pedro Furtado e entrada do Paulo Amaral. Gostarias de nos contar os pormenores dessa saída, uma vez que foi uma surpresa para muita gente por se tratar de um elemento de longa data?
O Pedro saiu porque começou a ter uma vida muito ocupada. Começou a ser complicado para ele conciliar todas as suas actividades e então optou por seguir aquelas que considera prioritárias.

Ao longo de sete anos de existência, os HANGOVER cimetaram um lugar muito sólido no universo de peso nos Açores e muito graças às tuas prestações ao vivo. Já tive várias oportunidades de vos ver actuar e fico impressionado com a forma como o público reage à tua presença. Tens noção de que já te tornaste uma figura mítica do nosso panorama musical?
Tenho noção que provoco uma certa reacção no público, mas, de resto, não noto que a minha vida tenha mudado muito devido a isso.

Não queria perder a oportunidade para vos dar os parabéns pela coragem que tiveram de organizar um festival como o Ghettoway e perguntar-te que balanço fazes do evento. Foi de encontro às tuas expectativas?
Não fomos só nós a organizar o festival. Fomos nós juntamente com os KAOS e outras pessoas que decidiram ajudar de livre vontade, a quem aproveito para agradecer. Correu bem, embora esperasse mais público.

Haverá mais alguma edição do Ghettoway?
Eu, pessoalmente, não me vou envolver mais porque quero ter tempo para me dedicar a 100% à banda. O que não impede que outras pessoas o queiram organizar.

Tu que já andas nas lides da música há algum tempo, como vês o actual estado do metal cá na região? Anteriormente, o nosso metal estava muito concentrado nas suas vertentes mais extremas mas, actualmente, surgem bandas dos mais variados géneros. Temos até uma banda na Terceira a tocar rock psicadélico. Como vês essa mudança de tendência?
Basicamente, é um reflexo daquilo que o pessoal anda a ouvir. É uma evolução natural.

Já pensaste em compor temas em português ou achas que o português, definitivamente, não resulta? O Sandro G, embora estejamos a falar de um estilo muito diferente do vosso, conseguiu, mesmo com sotaque açoriano, pôr muita gente a cantar os seus temas. Não achas que quando se canta na nossa língua, a capacidade de tanto o artista transmitir os seus sentimentos como o público absorvê-los é muito maior?
Acho que sim, mas estou pouco me f******, faço as coisas da maneira que as sinto. Eu sempre me habituei a cantar em inglês e acho que me expresso dessa forma. Para além disso, torna o meu trabalho mais abrangente e, de qualquer maneira, hoje em dia toda a gente sabe falar minimamente inglês e tem a possibilidade de poder captar a minha mensagem.

Como achas que está o relacionamento entre os músicos açorianos? Falava-se muito de que havia má fé entre as bandas. Achas que isso continua-se a sentir?
Acho que está muito melhor. Hoje há muito mais interactividade e respeito mútuo entre as bandas. Se calhar é porque hoje em dia se organizam mais festivais e menos concursos!

Como está a vossa agenda? Já têm espectáculos marcados para os próximos tempos?
Não, ainda nada.

Qual a fórmula que consideras fundamental para uma banda sobreviver num meio como o nosso, onde ainda, quanto a mim, há um certo preconceito em reconhecer o valor dos nossos músicos e onde há poucos eventos que permitam às bandas expor o seu trabalho?
Essencialmente, muita persistência e bom ambiente no seio das bandas.

No princípio, os HANGOVER tinham um som claramente mais punk. Hoje em dia estão mais brutais e com uma sonoridade dentro dos contornos da nova vaga de metal norte-americano. A que se deveu esse transformação?
Na altura, ouvia-se muito punk e, para além disso, evoluímos tecnicamente. Foi uma evolução natural. Mas também como não temos mercado não temos essa preocupação. [risos]

Para terminar, que balanço fazes dos vossos sete anos de existência e que planos tens para a banda a curto e longo prazo?
Satisfez-me muito, mas tendo em conta o esforço, por vezes foi muito ingrato porque tocamos muitas vezes de borla. São os custos da insularidade. [risos] A curto prazo continuar a ensaiar e a fazer música; a logo prazo continuar a ensaiar e a fazer música. [risos]

Nuno Costa

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...