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HEMPTYLOGIC: entrevista com Steven Medeiros

BRUTALIDADE MACIÇA

Muita energia e também bastante talento é o que nos têm mostrado os HEMPTYLOGIC na sua ainda curta carreira. Com poucos concertos no currículo mas já com muitos pontos marcados a seu favor, a banda tem mostrado capacidades que a fazem estar hoje no conjunto das bandas mais promissoras do espectro metaleiro açoriano. Por esse e outros motivos, a SounD(/)ZonE esteve à conversa com o vocalista Steven Medeiros.

Há quanto tempo existem?
Há quase dois anos.

Uma vez sabido que a realidade açoriana não oferece as estruturas necessárias a quem pretende optar por uma vida de músico, e atendendo ao lugar de fundo que a música local ocupa no mercado, qual é o grande motivo que vos move a seguir este caminho?
O gosto pela música! Fazemos o que gostamos, não estamos a fazer isto por obrigação. Fazemo-lo com todo o prazer e é uma forma de nos deixar bem. Como sabem, quem corre por gosto não cansa, por isso, independentemente desses aspectos, continuaremos até poder.

Qual a sua opinião sobre o estado da música açoriana e em que sentido acha que caminha?
Actualmente, a música nos Açores está a evoluir, mas muito lentamente. Cada vez aparecem mais bandas e de estilos muito variados, o que é muito bom. No entanto, algumas dessas bandas acabam por desistir pelo facto de não haver apoio da região. Há muito poucos eventos que motivem as jovens bandas. É muito desanimador só existir eventos no Verão quando as bandas trabalham dia-a-dia para depois se mostrarem só dois ou três meses no ano.

Na verdade, as críticas sucedem-se sobre a fraca aposta na música, mas não deveriam também as bandas tentar ser um pouco mais independentes e criarem as suas próprias iniciativas? O Ghettoway terá sido um exemplo feliz disso...
Mesmo sendo nós a criar os eventos e trabalhando muito por isso, não nos é possível, porque não há apoios suficientes para se poder organizar um festival com nível. Não queremos fazer um festival à "pressão" para não deixar o público desagradado.

Hoje em dia verifica-se uma interessante base de seguidores dos MORBID DEATH, KAOS e HANGOVER, que os apoiam assiduamente e com bastante entrega. Acha que se começam a criar cultos à volta dessas bandas e que isso é o prenúncio de que estamos, finalmente, a começar a dar o devido valor aos músicos açorianos, despindo-nos assim do preconceito de que só o que é estrangeiro é que é bom?
Há já algum tempo que essas bandas têm alguns fãs sempre a segui-las. Ultimamente as coisas têm melhorado muito nesse aspecto e pessoalmente acho que isso deve-se à evolução que é fruto do trabalho dos músicos. Temos nos Açores músicos com muita qualidade, mas continua a não haver condições suficientes para seguirem para um mercado mais amplo. Talvez daqui a uns anos vejamos músicos açorianos a vingar pelo mundo fora. Falta saber é daqui a quantos...

Adicionaram recentemente um novo vocalista à banda. Estava descontente com a sua voz ou a ideia é arranjar um suporte que dê uma nova textura e complexidade ao trabalho vocal do grupo?Sim, integrámos um novo elemento na banda, mas não se trata de estar descontente com a minha voz. Quando formámos a banda, tínhamos dois vocalistas - eu e o João Melo -, mas depois acabámos por ficar só com um, porque o João desistiu. Mais tarde tivemos mais dois à experiência, mas estes acabaram por não despertar o nosso interesse. Porém, desde o princípio queríamos a banda com dois vocalistas para assim darmos maior preenchimento e acrescentar tons à secção vocal. Finalmente, encontrámos um vocalista que, quanto a mim, tem qualidade e muita vontade, o que para nós é muito importante. Este vocalista é o André Viveiros que faz o preenchimento que a banda, a nível geral, quer. Não só eu como toda a banda está satisfeita com o seu trabalho.

Até agora como estão a nível composições?
Neste momento temos nove temas.

Para que as pessoas tenham uma ideia mais precisa da essência dos HEMPTYLOGIC, esclareça-nos a temática das vossas músicas.
Basicamente, é o resultado das nossas influências musicais e o reflexo de tudo aquilo que sentimos.

Em termos de experiências ao vivo, que nota daria aos espectáculos já realizados, no seu todo - desde a reacção do público ao som, performance da banda, entre outros aspectos?
Ao vivo tivemos ainda poucas experiências pelo facto de sermos ainda uma banda recente, mas até temos tido uma afluência de público acima das nossas expectativas. É verdade que ainda nunca actuámos como banda principal, o que não nos permite concluir qual a parte do público estava lá só para nos ver. Ainda assim, um dos nossos desafios é precisamente conseguir trazer esse público para nos ver. Notamos que causamos algum impacto. Quanto à performance da banda, estamos satisfeitos, mas sabemos que temos que trabalhar para evoluir cada vez mais.

Fala-se muito de que o metal atravessa uma crise de inspiração e que cada vez mais se assiste a uma reciclagem de fórmulas que nada traz de verdadeiramente refrescante. Também partilha desta opinião? Por exemplo, o nu-metal não terá aquela "pureza" e "honestidade" que supostamente caracteriza o metal tradicional?
Não acho que o nu-metal não tenha essa pureza e honestidade... mas há casos e casos.

Que planos têm para os próximos tempos?
Procurar evoluir ao máximo, trabalhando mais e tentando melhorar o nosso equipamento de som.

Por fim, que mensagem deixa aos jovens que também pretendem ingressar no mundo da música? Igualmente para os que ainda não conhecem os HEMPTYLOGIC, dê-lhes uma boa razão para se atreverem a desvendar-vos.
Às pessoas que pensam seguir o caminho da música, digo-lhes que é preciso ter força de vontade e aconselho-os a não fazerem nada por obrigação. Para além disso, devem trabalhar e não ter nenhuma espécie de medo nem intimidação em mostrar o seu valor ao público. Acima de tudo, façam música por prazer e não se preocupem com o que as outras pessoas dizem ou pensam. Força! Quanto aos que não conhecem os HEMPTYLOGIC... azar, mas o dia vai chegar.

Nuno Costa
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