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Entrevista Icon & The Black Roses

NEGRAS FRAGRÂNCIAS

Os Icon & The Black Roses são o que se pode chamar um autêntico tesouro guardado a sete chaves. Até há bem pouco tempo ninguém conhecia esta banda, até que os primeiros concertos em Lisboa e, logo de seguida, a edição do seu primeiro trabalho homónimo, deixou toda a gente com um “espinho” cravado no ouvido. Os atributos dessa banda são inegáveis e mais impressionante é o dark/goth rock tipicamente escandinavo que tão bem recriam. A explicar o percurso peculiar desta banda portuguesa esteve o mentor e vocalista Johnny Icon.

Bem, acho que é inevitável dar-vos primeiro os parabéns pelo vosso trabalho. Uma banda que ninguém sabia que existia e que surge agora de rompante, com um álbum excelente gravado no estrangeiro e com uma coesão de fazer inveja a muitas bandas mais velhas! Como funcionaram as coisas para chegarem primeiro a um contracto e a uma gravação no estrangeiro em vez de começarem por cá? Achas que foi mais fácil seguir o caminho “contrário”?
Quando terminei a gravação de uma demo com a minha banda “Blue Obsession”, enviámos o CD para todo o lado que nos lembramos na Europa, excluindo Portugal. Esta exclusão deve-se ao facto de que tenho visto inúmeras bandas começar e a terminar aqui em Portugal, principalmente as que cantam em inglês como é o nosso caso. A carreira dos Moonspell é o exemplo mais próximo que nos deu a entender que tentar lá fora seria a melhor possibilidade para nós (até pelo estilo de música). Não digo que tenha sido mais fácil, foi mais moroso sem dúvida mas os resultados são muito melhores. Nenhuma editora em Portugal tem o poder de uma editora na Alemanha dentro do Metal ou Rock, e acho que isto diz tudo.

Acredito que as coisas estão a correr muito bem! Já não há ninguém indiferente ao vosso trabalho, principalmente no nosso país a surpresa deve estar a ser enorme...
Sinceramente, sei que se tem falado acerca da nossa banda. Existem reacções de todos os tipos. Por um lado somos odiados e parece haver mesmo um movimento “anti-Icon” o que, de certa forma, nos surpreendeu positivamente. Agora sei ser normal. A imprensa tem seguido um caminho contrário (infelizmente uma ou outra excepção de jornalistas que pensam que fazer jornalismo é fazer sensacionalismo tirando frases do contexto e esquecem-se que a sua função é informar os leitores) e temos tido muito boas reacções no geral. Existe um grupo de pessoas que realmente gosta da nossa música e é para essas pessoas que continuamos a trabalhar e tentamos ser sempre melhores.

Vocês andaram a fazer algumas showcases ultimamente... E agora o que se segue? Já existe uma grande rota de concertos traçada ou ainda não?
Não. Na verdade não sabemos o que se segue. Somos uma banda jovem o que significa que lá fora não temos estruturas para uma tournée sozinhos. A nossa editora está a tentar encontrar uma tournée de suporte. Temos sido convidados para tocar lá fora mas isso só será possível depois de reunir uma sequência de datas. Vamos esperar para ver. Em relação a Portugal, nós vamos tocando consoante marcamos datas.

O facto de a banda ter o teu nome como primeiro desígnio significa que tu és o principal mentor e compositor do projecto? Como funcionam as coisas no vosso interior?
Eu sou o principal mentor do projecto que é uma banda, por isso, o nome não é de forma alguma conotado com o facto de ser eu e mais quatro. Na realidade somos uma equipa que trabalha o máximo para conseguir os melhores resultados. Ultimamente, o Mike tem assumido controlo de grande parte das responsabilidades da banda. Geralmente, consulto os meus colegas para qualquer decisão e tenho plena confiança neles até porque, felizmente, são tudo pessoas inteligentes. Houve uma altura em que me senti mais só neste projecto, até porque a banda toda mudou. O elemento mais antigo na banda além de mim é o Sean, estamos juntos na banda há 3 anos. Para dar uma perspectiva, o Mike é, sem dúvida, o elemento mais forte da banda, neste momento é um impulsionador. O Sean tem funções muito semelhantes (deve ser uma coisa de secções rítmicas). O Sebastian, o Adam e eu tratamos de coisas mais relacionadas com trabalhos de gravação (temos um estúdio próprio).

Satisfaz-me a curiosidade: o Sean Rose é mesmo um antigo elemento dos Moonspell? E já agora, onde foste recrutar todos esses músicos que parecem já tão experientes?
Quem disse isso? [risos] Não, o Sean nunca tocou com os Moonspell! Aliás nós já trabalhámos com o Ares num projecto que ele tinha no nosso estúdio. Eles são todos já experientes sem dúvida. Olha, aconteceu de uma forma natural, a banda mudou tanto de formação que acabaram por ficar os músicos mais adequados tanto intelectualmente como tecnicamente. Para dar uma perspectiva, eu tinha a demo nas mãos e todos os elementos que estavam comigo na altura foram saindo por diversas razões. E depois quando tens uma banda que sabe tocar, qualquer músico que venha para uma audição fica impressionado e torna-se muito mais fácil. Também o facto de ter uma demo muito bem gravada (cortesia do meu grande amigo e colega Espinha que é o produtor de bandas como More Than A Thousand) ajuda muito porque quem vem já sabe que tipo de música é. Aliás, o Mike confessou-me que não me curtia nada quando me conheceu [risos], mas que o som das guitarras na demo fê-lo ficar.

Há ainda a participação de uma voz feminina no álbum que diga-se, resulta maravilhosamente, e ainda uma versão de Kate Bush. Fala-nos desses elementos no álbum.
De facto existem duas participações, a primeira e, quanto a mim uma jóia, é a Ana Luísa. Ela esteve na banda mas acabou por sair por questões estruturais da banda. Ela canta na “Remember” e na “Black Cage” e tem uma voz incrível! Infelizmente, ela não se mostrou disponível para gravar o álbum e utilizámos gravações dela da pré-produção. Nas restantes músicas a cantora é a Natalie, mais experiente e também com uma muito boa voz. A versão da Kate Bush resulta de nós termos tido a ideia de fazer uma cover de uma banda dos anos 80. Experimentámos várias covers e só ficamos satisfeitos quando eu, num ensaio, mostrei-lhes a música com uma viola de caixa. Tocámos a música logo de seguida e resultou como se fosse nossa.

A vossa sonoridade anda muito perto daquilo que é a actual vaga do metal gótico finlandês embora, obviamente, os Icon tenham suas próprias características. Vá, deixo-te agora defender daqueles que dizem que vocês são uma mera cópia dos HIM!
Sinceramente nem vejo porque nos tenhamos de nos defender. Comparar-nos com uma banda do nível de HIM é um elogio. Considero que reunimos demasiadas influências para poderem catalogar-nos como uma cópia de HIM. De qualquer das formas ser comparado com uma banda com uma carreira como a dos HIM e cinco álbuns no mercado quando nós só temos um e surgimos cá fora há meses, é no mínimo elogiante. Há muita gente que se esquece que este é o nosso primeiro álbum.

Fiquei surpreendido quando li que vocês já estão a compor e a gravar temas para um próximo álbum! Vocês não estão mesmo para grandes paragens... O que podemos esperar desse novo material?
Neste momento é complicado dizer ao que vai soar no final, mas talvez mais pesado e com uma veia mais lusitana. A minha voz está um pouco diferente e a própria banda tem uma maturidade completamente diferente. Ultimamente, talvez pela febre do Euro, o meu sentido nacionalista veio muito ao de cima e acho que isso nota-se nas novas músicas... [risos]

Creio que vocês são já um exemplo de profissionalismo e qualidade no nosso panorama. O facto de vocês se terem lançado primeiro lá fora e assumido uma postura de outsiders, e atendendo aos vossos resultados, isso deverá levar a que muitas outras bandas olhem para vocês e queiram no futuro seguir as vossas pisadas, a vossa “estratégia” se assim lhe podemos chamar. O que aconselhas a essas bandas, àquelas que também estão a entrar no mundo da música?
Aconselho muito profissionalismo, optar sempre pelo que é necessário para seguir em frente em detrimento de bem-estar pessoal a curto prazo. Uma banda de amigos é sempre muito mais difícil de gerir que uma banda de colegas. Na nossa banda nos somos amigos mas tornamo-nos depois de muito tempo a tocar juntos, e neste momento já nos podemos dar ao luxo de o sermos mas no início o importante é realmente conseguir atingir objectivos básicos como conseguir um contracto. Trabalho, criar uma boa imagem e conceito! Gravar a melhor demo possível e apenas se partir para essa gravação quando se estiver realmente preparado.

Nuno Costa
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