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Entrevista Insision

BRUTALIDADE CIRÚRGICA

Numa altura em que o death metal extremo e brutal começa a registar de novo um acréscimo de popularidade, especialmente na Suécia, os Insision são uma das bandas nórdicas a quem mais se deve essa mudança de atitude. Com apenas dois álbuns editados, “Beneath The Folds Of Flesh” de 2002 e o novíssimo e arrasador “Revealed & Worshipped” de 2004, este quinteto sueco promete, com todo o seu potencial, trazer de novo à mó de cima aquele típico death metal brutal e técnico que tanto furor causou no início da década de 90, sobretudo na América. O guitarrista Roger Johansson e o actual vocalista Carl Birath falaram para a SounD(/)ZonE.


A carnificina dos Insision está de volta com um tremendo álbum de death metal. Como se sentem em relação a ele?
Roger Johansson: Sentimo-nos bem, estamos satisfeitos com o resultado final. Claro que há sempre coisas que podem ser melhoradas mas é um bom segundo álbum.
Carl Birath: Sabe muito bem. É melhor do que apenas um “bom” segundo álbum, é um álbum verdadeiramente bom! Trabalhámos arduamente para isto e agora cá estamos nós. Esplêndido!

É suposto isso ser um “murro na face” dos fãs de death metal melódico?
RJ:
Nós apenas tocamos aquilo de que gostamos e, claro, gostávamos de devolver esse “murro” não só aos que gostam de death metal melódico mas para todos os indivíduos que ouvirem o álbum. Nós não estamos em guerra contra o death metal melódico, embora preferimos tocar e ouvir o estilo de música que criamos.
CB: Agora temos este velho “fantasma” a assombrar-nos. Esta coisa de “lutar contra o metal melódico” era algo novo e interessante em 2000-2002 porque realmente tem havido muita treta melódica a sair da Suécia, e isso faz toda a gente pensar que se és da Suécia então tens forçosamente que tocar metal melódico, e isto irritava-nos bastante, estás a ver... Mas nos dias de hoje, o mundo já percebe que existem verdadeiros actos brutais a sair da Suécia. Mas concordo com o que o Roger disse. É mais um “murro na face” de qualquer indivíduo que ouvir o disco.

De facto, confesso-vos que já não ouvia um disco de death metal como este há algum tempo. Embora extremo e brutal as canções têm o poder de nos prender facilmente com os seus riffs e refrões... Fica no ouvido! Para aqueles que ainda nunca ouviram falar nos Insision podes fazer-nos um breve resumo da vossa carreira?
RJ:
Nós começamos em 1997 através de duas bandas, os Ildor e Embalmer. Lançámos uma demo no mesmo ano intitulada “Ment To Suffer”. Depois tivemos algumas mudanças de formação e registámos o nosso MCD “The Dead Live On”, em 1999, nos Heathenddom Rec, aqui na Suécia. Mais tarde, o nosso primeiro vocalista saiu e trouxemos para a banda o Carl e um novo baixista com os quais gravámos a nossa segunda demo “Promo 2000”. Depois disso, assinámos contracto com a Earache/Wicked World. Embora tivéssemos gravado uma terceira demo intitulada “Revelation Of The SadoGod” logo após termos assinado contracto, gravámos logo o nosso primeiro longa-duração, “Beneath The Folds Of Flesh”, nos Berno Studios, aqui na Suécia. E agora, três anos mais tarde, gravamos o nosso segundo longa duração, “Revealed & Worshipped”, nos Soundlab Studios.

Embora sejam todos suecos, a vossa música tem um toque bem americano. Concordas?
RJ:
Pessoalmente, eu neste momento ando a ouvir o novo de Monstrosity “Raise To Power”, o qual soa muito fixe. E claro, Suffocation, e muitas outras coisas como Danzig, Sodom, Metallica antigo, Pantera, Morbid Angel, Deicide, Atheist e a lista é longa... Sempre tentando ter o máximo de música na cabeça para podermos chegar mais à frente. Gosto muito de jazz, por exemplo, Miles Davis, Mike Stern, Chick Corea...

Como é que o público americano está a reagir a vocês?
RJ:
Na realidade, ainda não tivemos nos Estados Unidos mas as respostas foram muito boas em relação ao nosso primeiro disco na altura em que o lançámos. Mas neste momento não temos tocado muito fora da Suécia, por isso as pessoas ainda não sabem bem quem somos. Seria com certeza muito bom irmos até lá para ganharmos alguma atenção do público americano. Tu tens que tocar para captares a atenção das pessoas.

E o público sueco? Ainda mantém-se atento ao vosso estilo de música brutal ou anda definitivamente à procura de algo mais melódico?
RJ:
Bem, eu penso que anda algures no meio. Eu penso que a maioria ouve o típico estilo aborrecido “radio friendly” e por aí fora. Mas se olharmos por cá para a cena death metal nos dias de hoje, esta tem crescido muito mais do que há alguns anos atrás, se nos referirmos ao death brutal. Olhemos só para as bandas que têm surgido cá como os Spawn Of Possession, Visceral Bleeding, Kaamos, GodHAte, Immersed In Blood, Strangulation e por aí fora, tudo boas bandas. E a coisa boa disto tudo é que não há nenhum tipo de competição como aquela que costumava a haver entre as bandas, bem como aqueles comentários “honestos” ordinários.

Vocês desta vez experimentaram um novo estúdio e um novo produtor. Foi bom trabalhar com uma pessoa tão experiente como o Miezko nos Soundlab Studios? Quais são as maiores diferenças que encontras entre este disco e o anterior “Beneath The Folds Of Flesh”?
RJ:
Como disseste anteriormente, nós concentrámo-nos em fazer as músicas mais bem estruturadas sem perder os riffs de Insision e as partes groovy. E também tentámos algumas coisas novas fazendo um tema mais directo como “The Unrest”. Não sei como as pessoas vão reagir em relação a ele mas nós gostámos dele. Penso que se destaca um pouco no disco. Assim que chegámos aos Soundlab Studios sentimo-nos muito bem. Trabalhar com o Miezko foi muito agradável e ainda por cima tivemos mais tempo para trabalhar em estúdio do que no primeiro álbum. Tenho a certeza que vamos parar lá de novo se tivermos hipótese para isso. No primeiro álbum usámos o Berno que é também um bom estúdio, o qual usava um som mais analógico, que eu pessoalmente prefiro, em vez daquele som clínico e digital que algumas bandas usam hoje. Estou a pensar em triggar todo o kit de bateria. Não está a soar muito bem...

Vocês também convidaram o vosso antigo vocalista, o Johan Thornberg, para cantar convosco em algumas partes...
RJ:
Sim, ele é um grande amigo nosso e um grande vocalista também. Porque não convidá-lo?! CB: Eu decidi trazê-lo a participar no álbum como grande amigo meu que é, e de todos nós, e porque tem uma boa voz forte. Claro que também era uma coisa divertida de fazermos, trazê-lo para o álbum como o nosso antigo vocalista de há cinco anos atrás... Mas já vínhamos falando na ideia há algum tempo. Foi só divertimento.

As pessoas costumam dizer que o death metal não é mais do que um punhado de rapazes a fazer barulho e a gritar sobre carnificina, sangue e tripas! O que respondes a essas pessoas?
RJ:
Eles ainda não desenvolveram os seus ouvidos desde que nasceram...
CB: Ah, nunca ouçam essas pessoas... Se não conseguem entender a complexidade desta música (não têm que gostar, apenas percebam como é criada), é porque não têm ouvido nem consciência musical e devem, assim, voltar-se para as suas estações de rádio locais e ouvirem a comum música mainstream. Ponto final.

E em relação ao conceito deste novo disco? O que revelam e veneram?
CB:
Muitas coisas inspiraram o álbum e as suas letras mas a melhor coisa disto tudo é que existe uma grande “linha vermelha” a atravessar todo o álbum. O título foi-me revelado num sonho. Eu acordei a meia de uma noite e disse para mim próprio: este é o nome que vai ter o álbum! Quase da primeira linha do texto à última do booklet, elas estão todas interligadas de alguma forma. Todas as músicas são acompanhadas de um pretexto para que o ouvinte possa por a cabeça a funcionar sobre tudo o que trata o álbum... Podemos dizer que se trata de um disco “temático” quando se repara nas letras e no seu layout mas isso seria exagerar. Mas o que devemos ficar a saber é que o verdadeiro sentimento de “Revealed & Worshipped” surge quando te sentas em casa com as letras à tua frente, seguindo o fio da história em todas as suas direcções... Ouvindo os tons... Desta forma, a música vai-se tornar ainda melhor e “maior”. Por isso, esperem até agarrarem a oportunidade de ver o “todo”.

Vocês acabaram de passar por Portugal para um espectáculo com os Suffocation no Hard Club, no passado dia 20 de Junho. Como foi que correu? Lamento não ter podido estar lá...
RJ:
O concerto do Porto foi um dos melhores concertos que já demos. Vocês são verdadeiramente “doentes” e eu era capaz de matar para voltar lá! Perdi lá a minha correia, foi a única coisa chata, por isso se alguém a encontrar pode mandar-ma (risos)! O Hard Club é uma belíssima sala quando fica cheia. Bastante grande. E andar por aí com o pessoal dos Suffocation foi uma coisa “enorme” para nós! Os Disgorge também são muito fixes!
CB: Foi um estrondo! Pontapeando e partindo a “casa” todas as noites. Lembro-me do concerto do Porto ter sido muito bom para nós. O público foi esplêndido! Fucking maniacs! (risos)

Vocês perderam o vosso baterista Thomas Daun logo após terminarem as gravações deste álbum. O que se passou?
RJ:
O Thomas deixou os Insision porque estava cansado de tocar. E também por causa da falta de inspiração na cena em geral. Ele tem outra banda onde toca algo parecido com glam com os quais parece estar a sentir-se bem. Não existe ressentimentos entre nós. Queremos desejar-lhe boa sorte no futuro com o seu novo projecto. No fim, foi muito difícil para nós sermos criativos quando sentimos que ele não estava a gostar de tocar, o que penso que ele também sentiu. Por isso, ele decidiu sair, o que foi uma decisão mútua de ambos os lados. Entretanto, ele é um grande baterista.

Quem está agora a ocupar o seu lugar?
RJ
: Aquele que fomos buscar neste momento chama-se Marcus Jonsson de 25 anos. Ele tocou durante anos com uma banda chamada Pandemoinc aqui na Suécia. Uma espécie de trash... Na verdade, ainda não começamos a trabalhar com ele em material novo mas estou certo de que não vai haver problemas pois ele fez um grande trabalho durante a digressão. Ele é muito dotado tecnicamente e vai encaixar-se no estilo dos Insision.

E para finalizar, quais são os vossos planos para o futuro? Vocês filmaram um vídeo para o último álbum. Vai haver um novo para este brevemente?
RJ:
Bem, não há planos de gravar um novo vídeo neste momento. Eu penso que neste momento vamos apenas concentrarmo-nos em praticar com o nosso novo baterista e fazer alguns espectáculos por aqui, e depois é deixar o tempo correr. Depois então, talvez em Novembro ou Dezembro, vamos tentar fazer-nos à estrada para algo em maior escala, espero eu.
CB: Obtenham os nosso vídeos através do nosso website www.insision.com e também alguns MP3’s grátis e montes de cenas para ler.

Nuno Costa
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