Entrevista Jag Panzer
UMA PEDRADA NO CHARCO
Fundados há já mais de duas décadas, este colectivo do Colorado foi ganhando um respeito invejável ao longo dos anos, graças a muito esforço e a uma maneira peculiar de misturar metal tradicional com o arrojo técnico de um progressivo. Em 2004 surgem com mais um [grande] trabalho – “Casting The Stones” -. A estabelecer pela primeira vez contacto com os Açores, o vocalista Harry “The Tyrant” Conklin.
Bem, perdoa-me estar a dizer-te isso, mas eu tenho que confessar. “Casting The Stones” foi o primeiro disco que ouvi de Jag Panzer, apesar de vocês já existirem acerca de 20 anos. Esperavas que alguém te dissesse isso depois desses anos todos? Penso que é um bocado “criminoso” mas, de qualquer modo, é um sinal que vocês ainda continuam a crescer!
Ouvimos isso muita vez! Parece haver sempre gente a ouvir Jag Panzer pela primeira vez. Às vezes penso que apenas uma pequena parcela dos fãs de metal é que conhecem a banda.
Já ouviste falar nos Açores? Um grupo de ilhas situadas no Atlântico pertencentes a Portugal onde a nossa fanzine é publicada… Presumo nunca teres pensado chegar a sítios tão recônditos após todos esses anos…
Tenho visto os Açores na televisão. Parece um sítio muito bonito. Esta é realmente a primeira vez que ouvimos falar de alguém de lá.
Já alguma vez actuaram em Portugal?
Tocámos num festival ao ar livre com Gamma Ray há uns anos atrás. Foi fantástico. Tocámos numa praia e os fãs eram óptimos. Para dizer a verdade, um dos meus concertos preferidos.
Relativamente ao vosso novo álbum, estão contentes com ele? O que achas que mudou mais neste novo álbum de Jag Panzer?
Estou muito satisfeito com o novo álbum. Eu penso que conseguimos introduzir alguns novos elementos mas continua a ser o clássico som dos Jag Panzer. Nós começamos a usar mais melodias não-tradicionais neste álbum. Eu penso que se trata da maior mudança.
Desde 1997 que a banda mantém a mesma formação. Após metade da carreira vivida entre inúmeras mudanças, acredito que deva saber bem trabalhar com esta estabilidade, concordas? Como encaras os actuais Jag Panzer?
A estabilidade é fantástica! Despendes sempre muito tempo quando tens que trabalhar com um elemento recém entrado. O line-up actual é o melhor que alguma vez tivemos. Toda a gente trabalha imenso e dá-se muito bem entre si.
Para as pessoas que eventualmente não conhecem o vosso som, como o descreverias? Eu penso ser realmente boa a maneira como vocês misturam o hard’n’heavy tradicional com um toque progressivo. Esta é claramente a característica que vos distancia das bandas hard’n’heavy comuns. Concordas com a descrição?
Sim, concordo de facto. Eu gosto de classificar os Jag Panzer como metal tradicional para o novo milénio. Temos todas as características de uma banda tradicional de metal, mas a nossa música já não soa como em 1983.
Bem, tenho que confessar que fiquei absolutamente maravilhado quando ouvi o Chris Broderick tocar. Eu não o conhecia! Depois fui logo pesquisar um pouco sobre ele e descobri imediatamente que ele é um reconhecido virtuoso e que até está a preparar o lançamento de um DVD instrucional! Fala-nos de como o Chris ingressou na banda e do material do seu novo DVD.
O Chris é um excelente guitarrista, o melhor que a banda alguma vez teve. Ele é igualmente muito humilde. Eu não tenho bem a certeza do que virá no DVD, mas penso que será uma excelente proposta para os guitarristas.
Como foi gravar este novo álbum? Vocês editaram um álbum conceptual em 2000, chamado “Thane Of Throne”, o qual arrecadou excelentes críticas. Neste novo existe alguma motivação especial por trás das letras e da música?
Não existe conceito neste novo álbum. Nós gostamos de manter tudo diferente de álbum para álbum, por isso, provavelmente não voltaremos a gravar um álbum conceptual durante uns bons tempos. As letras tratam de muitos assuntos diferentes neste novo álbum – temas históricos, a devastação do planeta, o nascimento de uma estrela... Montes de coisas diferentes.
Gravar como o Jim Morris pode ainda ser uma experiência refrescante?
É sempre bom trabalhar com o Jim. É como gravar com um bom amigo que é também um perito em produção. Ele consegue extrair o melhor que existe em cada músico.
E quanto a reacções da imprensa e dos fãs relativamente a este novo disco?
A reacção dos fãs tem sido excelente e isto é o mais importante para mim. Alguma da imprensa, talvez 5% dela, não gostou do disco, mas isto acontece sempre em todos os álbuns de Jag Panzer.
Existem certamente grandes planos para promover este novo álbum…
Nós actuaremos no festival “Bang Your Head”, na Alemanha, este ano. Depois disso estamos a planear fazer uma digressão à volta desse espectáculo.
Harry, depois desses anos todos, como vês o percurso dos Jag Panzer e a forma como o heavy metal evoluiu? O que pensas que mudou mais entretanto? Agora as coisas parecem muito mais fáceis do que, por exemplo, no início da vossa carreira…
Eu penso que a Internet terá sido a maior mudança. Esta permitiu que mais pessoas à volta do globo conhecessem os Jag Panzer. Mas ainda continuamos a ter um longo percurso a percorrer. Eu creio que ainda não somos minimamente conhecidos no Japão, por exemplo. Eu concordo que hoje as coisas se tenham tornado mais fáceis para a banda do que costumava ser. Temos uma boa companhia discográfica a suportar-nos, coisa que não tínhamos nos nossos primórdios.
E para terminar, alguma mensagem especial para o público açoriano que só agora vos está a conhecer?
Espero visitar os Açores um dia!
Nuno Costa