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Entrevista Jesus On Fire

SANGUE E CHAMAS

Em jeito de presságio, os Jesus On Fire decidiram formar-se para participar num concurso de música na sua cidade natal, Almeirim, no ano de 1998. Com cerca de três ensaios na bagagem a banda arriscou-se a subir ao palco e logo neste primeiro concurso arrecadou o segundo lugar, deixando muita gente perplexa perante a sua energia. A visão descontraída que tinham em relação a este projecto começou, por isso, a tomar contornos mais sérios. Atravessaram uma fase profunda de reconhecimento musical e pessoal e no novo “Blood Print” vêm revelar uma banda mais convicta e apostada em enveredar por caminhos sonoros mais agrestes e pesados. O baterista Gonçalo falou-nos do sucessor de “Mind Swicth” e do percurso dos Jesus On Fire.

Os Jesus On Fire formaram-se em 1998 em circunstâncias pouco convencionais, não é assim?
Quando começámos não havia ninguém em Almeirim a fazer este tipo de som, para além dos Ciborium que sempre tocaram um metal mais clássico e extremo. Nessa altura, tocava-se mais grunge e rock, e alguns de nós estavam ou tinham estado envolvidos em projectos desse estilo há já alguns anos. No 12º ano eu e o Gaspar estávamos na mesma turma e, numa normal manhã de escola, soubemos pelo Tó (que foi nosso guitarrista no início) que ia haver um concurso de bandas. Claro que queríamos participar, mas nenhum dos projectos que tínhamos na altura dispunha de temas em condições para tocar ao vivo. Então começámos a imaginar fazer uma banda de metal no género de Sepultura ou Korn. Basicamente, as coisas que ouvíamos na altura e que nunca tínhamos tentado tocar. Fomos à rádio de Almeirim e fizemos a inscrição, sem falar com o vocalista e o baixista. O nome foi inventado na altura e surgiu por causa de um jogo de basket. Na verdade, já causou alguma polémica, mas deixamos cada um ter a sua própria interpretação e temos que respeitá-la. Entretanto, tínhamos dez dias para preparar três músicas, em plena época de exames. Resultado: só tivemos um ou dois ensaios à pressa, três dias antes do concurso... e o vocalista nunca ensaiou! Enfim, fomos para o concurso no espírito de participar para nos divertirmos. Acabou por correr tão bem que ficámos com o 2º lugar, seguidos dos vencedores Ciborium, e, com isso, ficou uma vontade muito grande de continuar com este projecto.

Foi, portanto, a partir daí que começaram a acreditar mesmo que podiam levar a banda a sério...
Sim. A banda tinha sido uma coisa criada só para participar naquele concurso, mas só depois de vermos do que éramos capazes de fazer juntos é que decidimos continuar com o projecto.

Referem que o público ficou muito surpreendido! Descreve-me como foram essas reacções?
Foi fantástico! Foi uma surpresa para muita gente, pois ninguém esperava ver algo com a energia que conseguimos transmitir. Havia bandas a participar com anos de ensaios, as pessoas sabiam que nos tínhamos juntado na brincadeira para ir ali. Se calhar ninguém julgava possível fazer o que fizemos em três dias.

A dada altura atravessaram um período algo crítico, tanto a nível de formação como de orientação musical, certo?
Sim, as coisas não correram sempre da melhor maneira, as pessoas não tinham disponibilidade e ao longo do tempo a formação sofreu várias alterações. A última das quais o vocalista, que é sempre um elemento que muda bastante o funcionamento de uma banda. Quanto ao estilo de som, houve uma altura em que as nossas referências começaram a deixar de fazer muito sentido. Refiro-me, por exemplo, a Korn ou mesmo Slipknot, apesar de naqueles primeiros tempos termos sido grandes fãs deles. Mas actualmente não nos dizem muito, nem em termos de som nem de postura. Por isso, a partir de dada altura tentámos afastar-nos o mais possível de influências comerciais à medida que compúnhamos e isto também nos levou a deixar para trás a maior parte do antigo reportório.

Então será por isso que referem frequentemente na vossa biografia que a satisfação para com as vossas gravações e música sempre foi efémera...
Sim, íamos fazendo malhas novas e as antigas deixavam de ter a mesma força quando as púnhamos lado a lado. Já não se tratava, efectivamente, do som que queríamos mostrar ao público. Costumávamos brincar com isso, do tipo: "agora temos esta nova, qual é a que vamos deixar de tocar?” (risos)

Sendo assim, que bandas vos servem de inspiração hoje em dia?
É difícil dizer porque cada elemento da banda ouve coisas bastante diferentes. Pessoalmente, ouço de tudo um pouco, desde (e principalmente) drum'n'bass, downtempo, funk ou techno. Em casa raramente ouço metal. Mas posso sempre referir Sepultura, Pantera, Faith No More, Alice In Chains, Helmet, Fear Factory, Tool como algumas das bandas que nos marcaram mais em geral.

Estão desta vez satisfeitos com “Blood Print”?
Sim, sem dúvida. As músicas que gravámos neste EP já são da fase em que o Kamy estava na banda. De facto, precisávamos de ter uma gravação com o som que tocamos hoje em dia, porque as pessoas só conheciam os Jesus On Fire de há três anos atrás. Ainda há muita gente que não percebeu muito bem o que estamos agora a fazer (e outros que nunca ouviram) e a gravação está já a servir para apostar em força na divulgação.

Quais os maiores progressos ou mudanças que apontas neste novo trabalho?
Principalmente a direcção em termos de estilo. Acho que o EP está bastante coeso no que diz respeito ao conceito que se pretende transmitir. Tem energia, velocidade, é aquilo que queríamos fazer e representa bem a banda.

Este EP foi gravado onde e com quem?
Foi gravado no The Fog Studios com o Hugo dos Switchtense.

As reacções já têm surgido?
Sim, bastante. Na nossa página no Myspace as visitas dispararam desde que pusemos online duas malhas novas. Muita gente tem deixado comentários bastante positivos também.

A nível de promoção, o que planeiam?
A nível de promoção temos agora uma mini-tour pelo país para fazer o máximo de divulgação ao EP. Planeamos tocar o máximo possível, vamos tentar arranjar uma editora que aposte em nós e temos andado pela net a tentar dar-nos a conhecer, nomeadamente através do Myspace (www.myspace.com/jesusonfire).

Para quando um álbum?
Não te posso adiantar datas, mas este será, de facto, o nosso próximo passo.

www.jesusonfire.web.pt

Nuno Costa
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