Entrevista Miss Lava
PEDRADA INCANDESCENTE
"Cada um de nós, sem Miss Lava, não era o mesmo"
Uma eruptiva provocação rock tomou de assalto o panorama nacional no final do ano passado na forma de “Blues For The Dangerous Miles”, o álbum de estreia dos lisboetas Miss Lava. Influenciados por bandas como Kyuss, Monster Magnet ou os seminais Black Sabbath e Led Zeppelin, carregam uma atitude e convicção quase perversas e assim o seu som ganha outro impacto. Com temas como “Black Rainbow” ou “Don’t Tell A Soul”, ambos com videoclips editados, pode tornar-se aditivo consumir este “lamaçal fumegante”, especialmente ao vivo. Fomos perceber junto da banda, que até contém ex-elementos dos Dawnrider e Etherial Grief, como se concebe uma estreia tão coesa e de forma tão descontraída.
Passados quase quatros meses do lançamento de “Blues For The Dangerous Miles” que balanço fazem do seu impacto junto do público e crítica?
Até agora tudo está a ser maravilhoso! A sério! Quando tocamos ao vivo, há uma sintonia muito especial com o público, que levanta voo connosco! Depois das actuações o pessoal aborda-nos, deixa mensagens no myspace, no youtube, etc... Relativamente aos media, desde o 9/10 no JN ao 4/5 no Blitz, passando pela Loud!, que incluiu o disco no Top 5 nacional de 2009, a verdade é que não nos lembramos de uma crítica negativa. Todos têm aceitado muito bem o disco, como o demonstra o airplay do single em rádios e TV.
Os Miss Lava até já têm um clube de fãs! Como se sentem em relação a isso?
O sentimento é de muito orgulho. O que há para dizer? Quando o nosso trabalho toca alguém ao ponto dessa pessoa usar grande parte do seu tempo para dinamizar a promoção da banda e criar maior envolvimento com quem gosta do nosso som... ficamos sem palavras. É um clube de fãs impulsionado por uma pessoa muito especial, o Mário, que nos tem acompanhado desde o primeiro concerto quase. A ele o nosso mais sincero obrigado.
Tiveram cuidados especiais na composição desta estreia ou, sendo uma banda de rock, deixaram com que tudo fluísse da forma mais natural possível?
Este disco é o acumular de alguns anos de aperfeiçoamento de química entre os músicos, de avaliações feitas ao vivo, na estrada e de apuramento da nossa consciência enquanto banda. Apesar do palavreado da frase anterior, isto é um processo natural. E está na natureza de cada banda ter mais ou menos cuidado na composição. Para nós, temos cada vez mais interiorizado o que é Miss Lava e, dentro desse espectro, cada música acaba por ter um processo de composição diferente do da anterior. Tentamos, claro, com que todos contribuam com o seu toque pessoal, porque é essa soma, ou o equilíbrio dessa soma, que faz os Miss Lava.
Sendo que até ao lançamento de um primeiro álbum não há grandes expectativas em torno de uma banda, de um modo geral, como é que acham que vai ser o processo de composição para um segundo álbum? Mais tenso?
Vai ser “no strings attached”! [risos] Já temos umas 5/6 músicas estruturadas e está a ser igual ao anterior. Provavelmente teremos menos tempo de maturação, uma vez que os concertos e os compromissos promocionais não param. Quanto à tensão, os americanos têm uma expressão que resume o nosso pensamento: “no pain, no gain”!
Pode dizer-se que chegaram até aqui por mérito próprio. Actuaram muito, gravaram o vosso próprio disco e agora tratam de grande parte dos compromissos promocionais da banda. É uma atitude rock’n’roll que todos deviam seguir, particularmente em Portugal?
Achamos que cada um faz o que acha que deve fazer. Nós gostamos disto e esta cultura “do it yourself” vem dessa paixão, de querer fazer acontecer, de querer sempre mais e mais e mais. Hoje em dia, com a explosão das redes sociais, quase que não precisas de ninguém para divulgares o teu trabalho e pores o “train a rollin’”! Quase todos os nossos concertos vêm de amizades e parcerias feitas online.
Como é que passa pela cabeça de alguém agendar três concertos para o mesmo dia? Fale-nos um pouco dessa experiência.
[risos] Simplesmente aconteceu. O Rafa, da ICANCU, uma das melhores promotoras de eventos ao vivo nacionais, marcou-nos uma FNAC à tarde e um concerto num clube por volta da meia-noite. A uma ou duas semanas dos concertos ligou-nos com uma possibilidade de opening slot, às 22h, para Devil in Me num festival que ficava perto dos outros locais. É claro que não podíamos recusar. Mais: foi lindo, nunca nos vamos esquecer desse dia… e do dia seguinte! Não porque estávamos cansados, mas porque queríamos mais! [risos]
O vosso recente concerto com os Fu Manchu tem razões para figurar numa das melhores recordações da banda até hoje?
Sim, por várias razões; porque adoramos Fu Manchu, sendo uma referência musical para nós; porque fomos para cima do palco completamente desinibidos e com vontade de nos divertimos… e demos um grande show, ao que parece! [risos] Depois, a casa encheu a meio do espectáculo e o Santiago Alquimista tem aquelas varandas que fazem com que para onde quer que olhes vejas público. E neste caso, público a curtir! Por último, porque os media deram maior expressão à actuação e fizeram excelentes críticas!
Até certo ponto já se torna complicado conciliar as vossas vidas “musicais” com as profissionais? Nem que seja quando têm que actuar durante a semana ou estenderem-se noite dentro para gravar um álbum?
Mais ou menos. Sabes, quem corre por gosto não cansa e a gente vai levando a coisa. É claro que também temos compreensão do lado profissional e do lado familiar, mas acho que todas as pessoas à nossa volta percebem que cada um de nós, sem Miss Lava, não será o mesmo.
Apesar de tocarem um som directo e sujo, as vossas letras e conceito indiciam uma certa sensibilidade. Muito têm falado da “Miss Lava” que passou pela vida de cada um! São rapazes que ligam muito a essa parte afectuosa?
Claro que sim! Somos uns rapazes muito muito ligados a afectos! [risos] Agora a sério, parece-nos que o conceito de Miss Lava é mesmo esse, o de conjugar a dureza e calor do rock [Lava] com o groove e sensibilidade de uma Miss [naughty, claro]. A partir daqui, tentamos criar um universo narrativo aberto o suficiente para que cada pessoa se consiga rever ou identificar com as histórias que contamos de uma forma muito pessoal.
Neste momento, com o apoio de uma editora e de um management sentem que o vosso trabalho tem sido mais eficaz?
Sim, claro, porque dão-nos uma credibilidade importante e abrem-nos “portas” difíceis de abrir. Nesse sentido, a Avantegarde Management tem sido imparável, tal como a Raging Planet, claro.
Até que ponto é preciso cuidar da imagem e som de uma banda para que ela funcione, porque não dizê-lo objectivamente, em termos mediáticos?
Cada caso é um caso. As bandas têm é que ser fiéis a si próprias, ao seu som e às pessoas que compõem a banda. Para que a imagem funcione, há que ser autêntico. Com mais ou menos cuidado. Fake é que não. Vai logo tudo por água abaixo e não interessa a ninguém.
Concretamente, o que é que os Miss Lava têm que os outros projectos em que estiveram envolvidos não vos deixaram exprimir?
União e integração. Sintonia entre os vários elementos. E isto contagia. Alimenta ainda a vontade incrível de fazer música e de fazer acontecer. Aqui, somos mais felizes. Aqui, amamos de morte o que fazemos. [risos] Meio trágico mas é verdade!
Têm neste disco várias colaborações: com o Ricardo Espinha, Jens Bogren, Vanity Sessions, entre muitas outras figuras no campo da produção e arranjo de temas. Falem-nos um pouco de como foi estruturar o plano para a concepção de “Blues For The Dangerous Miles”.
O plano foi “acontecendo” à medida que a nossa consciência sobre o que queríamos ficava mais clara. Sabíamos que tínhamos que dar um salto em termos de mistura e masterização e o Filipe Marta da Avantegarde Management sugeriu o Jens que é um tipo com uma mente muito aberta. Depois, preferíamos controlar e fazer todo o processo de gravação em Portugal, levando o tempo que fosse necessário. Por isso, chamámos o Ricardo Espinha, com quem já tínhamos trabalhado no EP, para ajudar-nos nas captações. Todo o processo tinha que ser coordenado por um co-produtor central, o nosso baixista Samuel Rebelo, que contagiava com a nossa visão para o disco. Relativamente às Vanity, elas entraram numa outra parte do processo, emprestando-nos o seu enorme talento para a música “Birth, Copulation & Death”. Aqui, tudo teve a ver com feeling de composição. A certa altura, pensámos que a música ganharia outro power com vozes femininas, e daí até nos lembrarmos delas, que já tinham feito um DJ act a seguir a um concerto nosso, foi um pequeno passo. O mesmo aconteceu com o Emílio Salas dos Elektrik Experiment, um amigo de longa data que toca percussão na parte psicadélica do “Scorpio”, e com o Shela, dos Paus/If Lucy Fell/Riding Pânico, que toca teclas no “Black Rainbow”, no “The Wait” e no “Scorpio”.
O vosso primeiro videoclip foi captado fora do país e com um produtor externo. Um novo já está em preparação não é assim?
O primeiro vídeo, da “Black Rainbow”, foi gravado em Portugal com um realizador português, o Bruno Simões, que está em Londres. Ele faz pré-produção para blockbusters como “Harry Potter” e “As Crónicas de Nárnia”. É muito criativo e é um amigo há longos anos. Estamos muito contentes com o seu trabalho e a prova da sua qualidade é o airplay que estamos a conseguir ter. Quanto ao segundo vídeo, esse sim foi totalmente rodado em Berlim e realizado pelo Joerg Steineck, um artista muito ligado ao movimento stoner. É ele que assina, por exemplo, os documentários “Lo Sound Desert”, com ex-membros dos Kyuss, Unida e Queens Of The Stone Age. O vídeo terá uma abordagem conceptual à música “Don’t Tell a Soul”. Vai ser diferente, isso pode prometer!
Já vos ouvi várias vezes manifestar o sonho de actuar num festival como o Optimus Alive. Há desenvolvimentos nesse assunto?
Infelizmente, nos festivais patrocinados por “major brands”, não. Mas felizmente, temos aí umas datas marcadas em palcos nacionais históricos! Assim que pudermos divulgar, fá-lo-emos!
Acham que tem havido alguma parcialidade na forma como as produtoras dos maiores eventos nacionais lidam com as nossas bandas?
Sinceramente, não fazemos ideia se há parcialidade ou não. O que achamos é que os decisores muitas vezes não conhecem a realidade e o potencial do movimento musical em Portugal. Isto em qualquer estilo.
Sei que planeiam correr outros países a partir de Abril. Já há alguma data que possam adiantar?
Sim, vamos tentar desgraçar-nos ao máximo nuns pubs ingleses a sul de Londres. Para a semana, divulgamos as datas no myspace. É o que está combinado com o pessoal de lá.
"Cada um de nós, sem Miss Lava, não era o mesmo"
Uma eruptiva provocação rock tomou de assalto o panorama nacional no final do ano passado na forma de “Blues For The Dangerous Miles”, o álbum de estreia dos lisboetas Miss Lava. Influenciados por bandas como Kyuss, Monster Magnet ou os seminais Black Sabbath e Led Zeppelin, carregam uma atitude e convicção quase perversas e assim o seu som ganha outro impacto. Com temas como “Black Rainbow” ou “Don’t Tell A Soul”, ambos com videoclips editados, pode tornar-se aditivo consumir este “lamaçal fumegante”, especialmente ao vivo. Fomos perceber junto da banda, que até contém ex-elementos dos Dawnrider e Etherial Grief, como se concebe uma estreia tão coesa e de forma tão descontraída.
Passados quase quatros meses do lançamento de “Blues For The Dangerous Miles” que balanço fazem do seu impacto junto do público e crítica?
Até agora tudo está a ser maravilhoso! A sério! Quando tocamos ao vivo, há uma sintonia muito especial com o público, que levanta voo connosco! Depois das actuações o pessoal aborda-nos, deixa mensagens no myspace, no youtube, etc... Relativamente aos media, desde o 9/10 no JN ao 4/5 no Blitz, passando pela Loud!, que incluiu o disco no Top 5 nacional de 2009, a verdade é que não nos lembramos de uma crítica negativa. Todos têm aceitado muito bem o disco, como o demonstra o airplay do single em rádios e TV.
Os Miss Lava até já têm um clube de fãs! Como se sentem em relação a isso?
O sentimento é de muito orgulho. O que há para dizer? Quando o nosso trabalho toca alguém ao ponto dessa pessoa usar grande parte do seu tempo para dinamizar a promoção da banda e criar maior envolvimento com quem gosta do nosso som... ficamos sem palavras. É um clube de fãs impulsionado por uma pessoa muito especial, o Mário, que nos tem acompanhado desde o primeiro concerto quase. A ele o nosso mais sincero obrigado.
Tiveram cuidados especiais na composição desta estreia ou, sendo uma banda de rock, deixaram com que tudo fluísse da forma mais natural possível?
Este disco é o acumular de alguns anos de aperfeiçoamento de química entre os músicos, de avaliações feitas ao vivo, na estrada e de apuramento da nossa consciência enquanto banda. Apesar do palavreado da frase anterior, isto é um processo natural. E está na natureza de cada banda ter mais ou menos cuidado na composição. Para nós, temos cada vez mais interiorizado o que é Miss Lava e, dentro desse espectro, cada música acaba por ter um processo de composição diferente do da anterior. Tentamos, claro, com que todos contribuam com o seu toque pessoal, porque é essa soma, ou o equilíbrio dessa soma, que faz os Miss Lava.
Sendo que até ao lançamento de um primeiro álbum não há grandes expectativas em torno de uma banda, de um modo geral, como é que acham que vai ser o processo de composição para um segundo álbum? Mais tenso?
Vai ser “no strings attached”! [risos] Já temos umas 5/6 músicas estruturadas e está a ser igual ao anterior. Provavelmente teremos menos tempo de maturação, uma vez que os concertos e os compromissos promocionais não param. Quanto à tensão, os americanos têm uma expressão que resume o nosso pensamento: “no pain, no gain”!
Pode dizer-se que chegaram até aqui por mérito próprio. Actuaram muito, gravaram o vosso próprio disco e agora tratam de grande parte dos compromissos promocionais da banda. É uma atitude rock’n’roll que todos deviam seguir, particularmente em Portugal?
Achamos que cada um faz o que acha que deve fazer. Nós gostamos disto e esta cultura “do it yourself” vem dessa paixão, de querer fazer acontecer, de querer sempre mais e mais e mais. Hoje em dia, com a explosão das redes sociais, quase que não precisas de ninguém para divulgares o teu trabalho e pores o “train a rollin’”! Quase todos os nossos concertos vêm de amizades e parcerias feitas online.
Como é que passa pela cabeça de alguém agendar três concertos para o mesmo dia? Fale-nos um pouco dessa experiência.
[risos] Simplesmente aconteceu. O Rafa, da ICANCU, uma das melhores promotoras de eventos ao vivo nacionais, marcou-nos uma FNAC à tarde e um concerto num clube por volta da meia-noite. A uma ou duas semanas dos concertos ligou-nos com uma possibilidade de opening slot, às 22h, para Devil in Me num festival que ficava perto dos outros locais. É claro que não podíamos recusar. Mais: foi lindo, nunca nos vamos esquecer desse dia… e do dia seguinte! Não porque estávamos cansados, mas porque queríamos mais! [risos]
O vosso recente concerto com os Fu Manchu tem razões para figurar numa das melhores recordações da banda até hoje?
Sim, por várias razões; porque adoramos Fu Manchu, sendo uma referência musical para nós; porque fomos para cima do palco completamente desinibidos e com vontade de nos divertimos… e demos um grande show, ao que parece! [risos] Depois, a casa encheu a meio do espectáculo e o Santiago Alquimista tem aquelas varandas que fazem com que para onde quer que olhes vejas público. E neste caso, público a curtir! Por último, porque os media deram maior expressão à actuação e fizeram excelentes críticas!
Até certo ponto já se torna complicado conciliar as vossas vidas “musicais” com as profissionais? Nem que seja quando têm que actuar durante a semana ou estenderem-se noite dentro para gravar um álbum?
Mais ou menos. Sabes, quem corre por gosto não cansa e a gente vai levando a coisa. É claro que também temos compreensão do lado profissional e do lado familiar, mas acho que todas as pessoas à nossa volta percebem que cada um de nós, sem Miss Lava, não será o mesmo.
Apesar de tocarem um som directo e sujo, as vossas letras e conceito indiciam uma certa sensibilidade. Muito têm falado da “Miss Lava” que passou pela vida de cada um! São rapazes que ligam muito a essa parte afectuosa?
Claro que sim! Somos uns rapazes muito muito ligados a afectos! [risos] Agora a sério, parece-nos que o conceito de Miss Lava é mesmo esse, o de conjugar a dureza e calor do rock [Lava] com o groove e sensibilidade de uma Miss [naughty, claro]. A partir daqui, tentamos criar um universo narrativo aberto o suficiente para que cada pessoa se consiga rever ou identificar com as histórias que contamos de uma forma muito pessoal.
Neste momento, com o apoio de uma editora e de um management sentem que o vosso trabalho tem sido mais eficaz?
Sim, claro, porque dão-nos uma credibilidade importante e abrem-nos “portas” difíceis de abrir. Nesse sentido, a Avantegarde Management tem sido imparável, tal como a Raging Planet, claro.
Até que ponto é preciso cuidar da imagem e som de uma banda para que ela funcione, porque não dizê-lo objectivamente, em termos mediáticos?
Cada caso é um caso. As bandas têm é que ser fiéis a si próprias, ao seu som e às pessoas que compõem a banda. Para que a imagem funcione, há que ser autêntico. Com mais ou menos cuidado. Fake é que não. Vai logo tudo por água abaixo e não interessa a ninguém.
Concretamente, o que é que os Miss Lava têm que os outros projectos em que estiveram envolvidos não vos deixaram exprimir?
União e integração. Sintonia entre os vários elementos. E isto contagia. Alimenta ainda a vontade incrível de fazer música e de fazer acontecer. Aqui, somos mais felizes. Aqui, amamos de morte o que fazemos. [risos] Meio trágico mas é verdade!
Têm neste disco várias colaborações: com o Ricardo Espinha, Jens Bogren, Vanity Sessions, entre muitas outras figuras no campo da produção e arranjo de temas. Falem-nos um pouco de como foi estruturar o plano para a concepção de “Blues For The Dangerous Miles”.
O plano foi “acontecendo” à medida que a nossa consciência sobre o que queríamos ficava mais clara. Sabíamos que tínhamos que dar um salto em termos de mistura e masterização e o Filipe Marta da Avantegarde Management sugeriu o Jens que é um tipo com uma mente muito aberta. Depois, preferíamos controlar e fazer todo o processo de gravação em Portugal, levando o tempo que fosse necessário. Por isso, chamámos o Ricardo Espinha, com quem já tínhamos trabalhado no EP, para ajudar-nos nas captações. Todo o processo tinha que ser coordenado por um co-produtor central, o nosso baixista Samuel Rebelo, que contagiava com a nossa visão para o disco. Relativamente às Vanity, elas entraram numa outra parte do processo, emprestando-nos o seu enorme talento para a música “Birth, Copulation & Death”. Aqui, tudo teve a ver com feeling de composição. A certa altura, pensámos que a música ganharia outro power com vozes femininas, e daí até nos lembrarmos delas, que já tinham feito um DJ act a seguir a um concerto nosso, foi um pequeno passo. O mesmo aconteceu com o Emílio Salas dos Elektrik Experiment, um amigo de longa data que toca percussão na parte psicadélica do “Scorpio”, e com o Shela, dos Paus/If Lucy Fell/Riding Pânico, que toca teclas no “Black Rainbow”, no “The Wait” e no “Scorpio”.
O vosso primeiro videoclip foi captado fora do país e com um produtor externo. Um novo já está em preparação não é assim?
O primeiro vídeo, da “Black Rainbow”, foi gravado em Portugal com um realizador português, o Bruno Simões, que está em Londres. Ele faz pré-produção para blockbusters como “Harry Potter” e “As Crónicas de Nárnia”. É muito criativo e é um amigo há longos anos. Estamos muito contentes com o seu trabalho e a prova da sua qualidade é o airplay que estamos a conseguir ter. Quanto ao segundo vídeo, esse sim foi totalmente rodado em Berlim e realizado pelo Joerg Steineck, um artista muito ligado ao movimento stoner. É ele que assina, por exemplo, os documentários “Lo Sound Desert”, com ex-membros dos Kyuss, Unida e Queens Of The Stone Age. O vídeo terá uma abordagem conceptual à música “Don’t Tell a Soul”. Vai ser diferente, isso pode prometer!
Já vos ouvi várias vezes manifestar o sonho de actuar num festival como o Optimus Alive. Há desenvolvimentos nesse assunto?
Infelizmente, nos festivais patrocinados por “major brands”, não. Mas felizmente, temos aí umas datas marcadas em palcos nacionais históricos! Assim que pudermos divulgar, fá-lo-emos!
Acham que tem havido alguma parcialidade na forma como as produtoras dos maiores eventos nacionais lidam com as nossas bandas?
Sinceramente, não fazemos ideia se há parcialidade ou não. O que achamos é que os decisores muitas vezes não conhecem a realidade e o potencial do movimento musical em Portugal. Isto em qualquer estilo.
Sei que planeiam correr outros países a partir de Abril. Já há alguma data que possam adiantar?
Sim, vamos tentar desgraçar-nos ao máximo nuns pubs ingleses a sul de Londres. Para a semana, divulgamos as datas no myspace. É o que está combinado com o pessoal de lá.
Nuno Costa