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Entrevista Morbid Death

DOURADO RAIAR

Quando se fala em metal nos Açores, é aos Morbid Death que nos temos de referir em primeiro lugar. Um dos maiores ícones de sempre da música alternativa nos Açores veio de novo provar porque anda nisto há tanto tempo e conseguiu sobreviver às dificuldades que estas ilhas vulcânicas sempre lhes impuseram. A fórmula principal, diria eu, é o talento e o esforço com que encaram e olham o futuro. Esta atitude torna-se obrigatoriamente na chave do seu sucesso e também numa fórmula duradoira. Resultado disso são os 14 anos que culminam agora num terceiro trabalho muito maduro e em que mostra uns Morbid Death algo diferentes, mais adaptados aos novos tempos. “Unlocked” de seu nome, promete levar os Morbid Death a um novo nível de reconhecimento. Para compreendermos como foi chegar a esta fase e gravar este novo álbum, a SounD(/)ZonE falou com o vocalista, baixista e fundador Ricardo Santos.

Antes de mais parabéns por mais um álbum. Um autêntico exemplo de perseverança, talento e sacrifício nas nossas difíceis ilhas... Sabe bem?
Sabe sempre bem editar mais um álbum. Mas os principais responsáveis são todas as pessoas que nos têm apoiado ao longo destes anos e, por isso, tivemos que retribuir com mais este trabalho de estúdio. O nosso obrigado a todos.

Os últimos tempos não foram, de facto, nada fáceis para os Morbid Death. Desde o assalto à sala de ensaios até ao álbum que teimava em não sair vai um longo calvário. Queres contar-nos o que se passou?
Sim, de facto muitas coisas estranhas nos têm acontecido. Primeiro foi o assalto à nossa sala de ensaio que prefiro não adiantar, visto que se encontra em tribunal, e de seguida foi o master de “Unlocked” que se extraviou. Mas o mais importante é que as coisas estão a normalizar.

Agora que o álbum está finalmente cá fora, mais uma vez pela Recital, parece estar tudo a correr bem. A Recital parece estar a apostar bastante em vocês...
A Recital tem um plano elaborado, em relação aos Morbid Death. Passa por uma maior divulgação do álbum através de concertos que num futuro próximo irão acontecer no continente e também uma divulgação através dos media. É de salientar que a Angra Music Agency e a Sea Spirit Productions estão envolvidos neste plano. Existe uma parceria entre estas três entidades, com o objectivo de divulgar “Unlocked”.

E o público como tem reagido?
Tem-se notado uma maior afluência de público nos nossos últimos dois concertos com idades compreendidas entre os 12/15 anos. É interessante saber que quando nós começamos estas mesmas pessoas ainda davam os seus primeiros passos! Julgo que as pessoas estão aderir ao nosso som, mas não se pode agradar a “gregos e troianos’.

Já ouvi muitas opiniões díspares e repartidas em relação ao vosso novo álbum “Unlocked”. De facto, os Morbid Death mudaram um bocado neste novo trabalho. Como classificas essas mudanças?
Existe algumas mudanças mas não as considero propositadas. É sempre bom mudar desde que seja para melhor!

Creio que são notórias algumas diferenças entre os temas compostos com o Rui e os outros compostos com o Ruben. No álbum estes estão indicadas e quando reparamos sentimos que o Rui dava aquele ar mais pesado às músicas e também a nível de compassos um toque progressivo. Com o Ruben as coisas tornaram-se um pouco mais melódicas. Concordas?
Obviamente que ambos têm estilos diferentes e nota-se nos temas. Com o Rui e o Bett., havia um misto de agressividade e melodia. Neste momento, está mais melódico, dado que a dupla Bett/Ruben são influenciados por aí, não esquecendo também um pouco de agressividade.

A verdade é que tudo está mais bem talhado. As composições estão muito mais sólidas, algumas até com um aspecto mais “comercial” do que é costume, como por exemplo em “Golden Light”. Concordas? Foi algo premeditado ou a vontade foi mesmo de experimentar coisas novas?
Ao compormos temas, nunca é premeditado. Depende muito do estado de espírito no momento e concordo contigo quando dizes que “Golden Light” é a mais comercial. Ficou desta forma e julgo que resultou bem. A nossa maior motivação é as pessoas que nos apoiam. Sem eles, se calhar Morbid Death já tinha arrumado os instrumentos. Dão-nos sempre força para continuar. Bem-hajam!

O próprio símbolo do álbum parece querer transmitir uma profunda vontade de mudança, de libertação perante o futuro. Queres falar-nos das suas motivações, dos seus temas?
A nossa mensagem é de optimismo. Todas as pessoas têm de o ser porque senão as coisas não correm bem. Por isso, é que utilizamos a chave na nossa capa que simboliza as mais diversas portas que queremos abrir. Queremos mais e melhor e para tal temos de ter um sentido positivista e optimista. Há que acreditar naquilo que se faz! Não achas?

Quantos aos temas, algum a destacar?
Gosto deles todos. Não consigo destacar nenhum, até porque não seria o mais correcto. Estamos a pensar em fazer um vídeoclip e aí vamos ter que escolher um.

Voltando um bocadinho mais atrás. O Rui teve que sair por motivos pessoais, o Ruben entretanto entrou. Como foi esse processo de angariação e integração de um novo guitarrista na banda?
Já conhecíamos o Ruben e sabíamos que ele estava a acabar o seu curso de enfermagem e que também não estava ligado a nenhum projecto musical. Convidámo-lo e ele aceitou. É uma pessoa com vontade de trabalhar e bom amigo. Julgo que a escolha foi acertada.

A nível de produção continuam contentes com o trabalho do Eduardo Botelho?
Estamos satisfeitos com o trabalho do Eddie. Ele tem acompanhado a evolução dos Morbid Death desde o início, portanto, ele melhor que ninguém conhece aquilo que pretendemos. Agora, podemos achar que poderíamos pensar numa nova experiência com outro produtor, não desprezando a amizade e trabalho do Eddie. Logo se vê!

A nível de participações fiquei muito contente de ver que recrutaram sangue novo do nosso panorama metaleiro para dar voz ao seu talento. A Filipa Silva dos Schism aparece aqui em dois temas...
A ideia partiu do Eddie e nós aceitámo-la. A Filipa estava nervosa no dia da gravação mas ela conseguiu aquilo que pretendíamos. Julgo que era a primeira experiência de estúdio dela. Queria agradecê-la em nome da banda.

Num plano mais experiente surge também o Honório Aguiar no tema “Insane”!
O Honório é uma pessoa que muito tem feito pela música nos Açores e foi uma forma de reconhecimento do seu trabalho. Ele, de facto, é um gajo muito porreiro e espero que, tanto os Schism como os Tolerance 0, tenham a maior sorte do mundo. Felicidades para eles e sempre que precisarem de alguma coisa da nossa parte, estamos aqui, desde que seja possível…

Agora uma notícia que me deixou extremamente satisfeito mas a qual queria que me confirmasses. Os Morbid Death vão abrir para uma banda internacional no continente. Trata-se mesmo dos Atrocity?
É verdade! Está previsto para Novembro no Hard Club. No entanto, ainda não temos qualquer confirmação que tal irá acontecer e ainda falta acertar alguns pormenores.

Para terminar, Ricardo tu já andas há muito tempo nisto, és mesmo o único elemento original a figurar actualmente na banda. Como é que tens visto toda a carreira dos Morbid Death até hoje e como achas que tem evoluído o metal nos Açores?
Felizmente os Morbid Death estão prestes a celebrar o seu 14º aniversário. Tem sido uma carreira de altos e baixos. Julgo que o balanço é positivo e como se costuma a dizer ‘parar é morrer’. Há que ir em frente! Em relação ao meio açoriano, acho que está a renascer porque existe muito sangue novo e um bom exemplo disso é a SounD(/)ZonE. Os meus parabéns e obrigado por essa oportunidade dada aos Morbid Death.

Nuno Costa
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