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Entrevista Oratory

ALMA LUSITANA

Oriundos de Barcelos, os Oratory poderão afirmar-se hoje, sem margens para dúvidas, como o nome mais expressivo do power metal português. Com dois excelentes discos na bagagem, os quais lhes valeram uma presença na edição deste ano do Wacken Open Air, na Alemanha, as expectativas em relação ao futuro da banda e ao seu terceiro longa duração, já em fase de preparação, são enormes. Por essas e outras razões entramos em contacto com o baterista e líder do grupo, João Rodrigues.

Como têm sido os últimos meses dos Oratory?
Devo começar por dizer que estes devem ser, até agora, os melhores tempos na nossa carreira de modo que os últimos meses dos Oratory têm sido de muito trabalho e expectativa. Estamos já a compor novos temas para o próximo álbum que deverá estar delineado ainda este ano, ao mesmo tempo que a promoção do Beyond Earth tem corrido da melhor maneira possível tanto ao nível dos concertos (contamos ter novidades para breve) como promoção nos media a nível mundial.

Sei que começaste a tocar numa banda punk aos 16 anos. O que é que aconteceu para depois vires a ingressar numa banda com um estilo tão diferente como é o power metal melódico que os Oratory praticam?
Eu comecei a tocar bateria aos 16 anos numa banda de punk porque foi a banda que consegui arranjar na altura. Não se tratava de um estilo que me fosse particularmente querido mas também nunca fui de rejeitar á partida “nenhuma ciência que não conhecesse”. Não era um projecto particularmente sério e foi uma fase transitória, muito inicial no meu percurso dado que estava a dar literalmente os primeiros passos na bateria. Foi com esta banda, em 1994 que conheci a Ana onde mais tarde em 1997 nos juntaríamos nos Oratory. Nessa altura, quando entrei nos Oratory a banda não fazia power metal melódico como se vê agora. Éramos todos mais novos, inexperientes e a onda musical era melódica mas muito mais gótica. Apenas com o evoluir e consolidar da banda enquanto um todo, é que se chegou ao que se é hoje.

Após a saída do Marco Alves e da Ana Lara ter tomado o controlo das vocalizações sozinha, como está a resultar o novo funcionamento da banda? Achas que a banda ficou a ganhar com isso?
Eu penso que a banda funciona melhor. Hoje toda a gente corre para o mesmo lado sem qualquer dúvida dos objectivos que se definem. O Marco é uma pessoa de muito valor e que trazia para a banda um ambiente que se perdeu aquando da sua saída, mas com isso também vieram outras coisas que no meu entender são uma evolução para melhor. Julgo que se o Marco ainda estivesse na banda, esta seria outra banda. Nem melhor nem pior, seria diferente. De qualquer modo sentimos que evoluímos na direcção correcta e vamos mantendo contacto com o Marco. É uma pessoa muito querida para nós.

Como surgiu a ideia de vocês escreverem um disco baseado em “Os Lusíadas” de Luís de Camões?
A questão das letras era um ponto que desde o “Illusion Dimensions” nós pretendíamos melhorar. Sabíamos que tinha sido um aspecto algo negligenciado na altura. Por isso, quando começamos a compor para o “Beyond Earth” optamos por dar um tema base ao disco para que este soasse mais coeso e contivesse ao mesmo tempo uma mensagem mais concreta. A escolha do tema recaiu sobre “Os Lusíadas” porque entendemos que se tratava de uma obra séria e fundamental da nossa cultura que ao mesmo tempo tratava factos que nos eram possíveis extrapolar para o presente e futuro. Tratamos a obra em si e as suas relações connosco enquanto sociedade ou povo.

É intenção vossa continuar a fazer alusão a feitos e acontecimentos portugueses nos vossos próximos trabalhos?
Sinceramente, não sei. É um pouco prematuro estar a falar disso porque essa questão ainda não se pôs no interior da banda e tudo o que eu possa dizer neste momento ainda não está devidamente discutido.

Uma vez que vocês já experimentaram uma produção mais profissional com Uwe Lulis na gravação do vosso último trabalho, o que é que vocês programam para o novo disco? Há algum aspecto que vocês desejam melhorar?
Em relação a um novo disco, é difícil avançar pormenores. Os temas ainda estão a ser compostos e a banda ainda não tem uma noção clara e definitiva de como vão soar e que temas abordarão nas letras. Quanto a pormenores técnicos, é ainda mais difícil (a esta data) avançar com informação porque ainda nada está decidido ou aprovado. Espero num futuro não muito distante que possamos voltar a este assunto pois teria imenso prazer em poder dizer-te mais.

Agora que o vosso último disco - “Beyond Earth” - já está distribuído pelos mercados mais importantes do mundo, que balanço geral fazes das reacções ao vosso álbum?
Na sua generalidade, as críticas têm sido unanimemente positivas senão excelentes. Estamos de facto muito satisfeitos com as reacções (sobretudo internacionais) a este disco. Isso marca uma forte evolução para nós e para a nossa afirmação enquanto banda no contexto internacional.

Na tua opinião, onde é que reside a chave do vosso sucesso?

O sucesso que temos conseguido atingir até agora é resultado de muito esforço tanto por parte da banda enquanto grupo, dos músicos enquanto pessoas e de toda a gente que nos rodeia e apoia nesta constante luta para conseguir levar a nossa música o mais longe possível. Temos tido a felicidade de trabalhar com gente boa e honesta ao mesmo tempo que enquanto banda temos tido a felicidade de sermos justos uns com os outros. Este é um aspecto fundamental nos Oratory, ou seja, a questão da individualidade não se coloca. Tudo o que é relativo á banda é sempre pensada relativamente ao bem comum e nunca ao benefício próprio deste ou daquele membro. O que conta e há sempre de contar é a banda. Só assim é possível pensar em manter um grupo coeso durante muitos anos. De resto, foi tentar aproveitar ao máximo as oportunidades que foram sendo oferecidas.

Durante os cerca de cinco anos em que te encontras nos Oratory, quais foram as maiores dificuldades impostas ao vosso percurso?
As maiores dificuldades que sentimos tiveram a ver com a aprendizagem musical e o nível a que nos obrigamos a estar. Era importante para nós fazer as coisas bem e isso nem sempre foi possível. Ainda hoje por vezes não o é! Contudo, foi necessária muita perseverança e muito trabalho para que se conseguissem atingir algumas metas. Claro que após a assinatura de contracto com a Recital Records e com a Limb Music Products, tudo se tornou mais fácil ao nível das oportunidades mas convém não esquecer que o que se espera de nós hoje implica muita responsabilidade e trabalho árduo.

Actualmente, qual achas que é o estado do power metal em Portugal?
O estado do power/metal em Portugal deve dividir-se em dois aspectos: o mercado do público e o mercado das bandas. O primeiro é pequeno e disperso contudo é muito fiel e extremamente caloroso com as bandas que aprecia. O segundo é extremamente rico mas se subsistir apenas do primeiro, está condenado a existir numa escala demasiado pequena que dificulta excessivamente a vida às bandas.

Para além dos Morbid Death, há mais algum projecto açoriano de que tenhas conhecimento e te chame a atenção?
Infelizmente não estou muito em contacto com os Açores de modo que além dos Morbid Death não conheço efectivamente qualquer outro projecto açoriano. Recordo-me que há uns tempos existiu uma ténue hipótese de um espectáculo de Oratory nos Açores e essa teria sido uma excelente oportunidade para conhecermos melhor o vosso contexto. Infelizmente não se veio a confirmar mas por parte da banda existe a intenção de um dia, se depender de nós, deslocarmo-nos até aos Açores para um concerto.

E para terminar, já têm alguma data prevista para o início da produção e gravação de um próximo trabalho?

Em relação a novos trabalhos, posso adiantar que já temos pré-produção marcada para os meses que agora se avizinham mas ainda não existem prazos concretos para gravação de temas novos com vista a edição. Contamos ainda este ano ter novidades para o público mas em concreto e com segurança ainda não me é possível revelar mais.

Nuno Costa
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