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Entrevista Order Of Ennead

A ORDEM DOS SÁBIOS

Parar, reformular, avançar, podem ser as três palavras mais correctas para descrever o processo que levou à criação dos Order Of Ennead. Como que uma segunda vida dos Council Of The Fallen, o líder Kevin Quirion decidiu encerrar o capítulo com o seu antigo projecto uma vez já não encontrar sentido para continuar com um projecto que tinha entrado em mutação estética e já não guardava na sua formação mais nenhum elemento original. E é neste espectro que surge o primeiro disco dos Order Of Ennead. Uma descarga poderosa de death/black metal salpicado de alguma melodia de que são exemplo os ocasionais e impressionantes devaneios de Steve Asheim [Deicide] ao piano. Foi precisamente com este veterano baterista que fomos descobrir esta nova ordem.

Acredito que ande a ser bombardeado por esta pergunta ultimamente, mas a ocasião assim o exige. Porque sentiram a necessidade de mudar o nome de Council Of The Fallen para Order Of Ennead?
Existem algumas razões. Uma tem a ver com querermos distanciar-nos do antigo nome para nos estabelecermos como um acto à parte e porque, simultaneamente, começaram a vincar-se diferenças musicais. Portanto, foi por múltiplas razões.

É da opinião de que qualquer banda devia extinguir-se após perder os seus membros basilares?
Não sei bem, mas acho que as pessoas têm que trabalhar quando investem muito tempo numa banda. Elas ganharam o direito de fazer a vida com isso. Quanto ao público, sempre pode escolher comprar bilhetes ou não para os seus espectáculos. Ao menos têm essa opção.

O teor lírico dos Order Of Ennead é substancialmente diferente daquilo que é o padrão neste tipo de banda. Não se sente minimamente inspirado em escrever sobre sangue ou sobre a situação política e social dos Estados Unidos, portanto…
Não, não sinto atracção por esse tipo de coisa nem nunca me inspirou musicalmente. Sou guiado apenas pela música e pelo poder da sua criação.

Os Order Of Ennead transportam uma carga positiva pelas suas letras e até pelas suas passagens de piano. Isto explica-se pelo facto de quererem construir algo menos óbvio e ao mesmo tempo descansar de alguma brutalidade?
Não, as coisas tomaram estes contornos porque foi assim que sentimos que as coisas deviam ser feitas. Queríamos dar uma hipótese a este material e ver o que as pessoas achavam.

Como tem sido conciliar a actividade intensa de uma banda como os Deicide com os Order Of Ennead?
Na realidade, a actividade dos Deicide não é assim tão intensa. Até me deixam muito espaço para os Order Of Ennead e mais algum projecto que queira ter.

Tem ideia se o Quirion guarda algum desgosto por ter que acabar a sua anterior banda por uma presumível falta de partilha de convicções entre os seus colegas? Talvez funcionasse tudo como um hobby para os restantes membros…
Não, penso que ele apenas não sentiu o “click” com os restantes membros. O Kevin pode sentir-se mal por ter que deitar abaixo o velho nome do projecto, mas penso que andar em digressão e lançar álbuns sob o nome Order Of Ennead vai fazê-lo sentir-se muito bem.

Li-o comentar que não haveria qualquer problema em relação a tocar duas vezes numa noite [algo que aconteceu recentemente]. Portanto, confirma que foi uma tarefa muito fácil?
Sim, foi fácil. O alinhamento dos Order Of Ennead é mais como que um aquecimento, é apenas cerca de meia-hora. Portanto, toco-o, faço um intervalo de meia-hora e depois toco o alinhamento dos Deicide. Qual é o problema? [risos]

Deduzo então que pelo avançar da sua idade não sinta fadiga acrescida por ter que tocar rápido?
Posso dizer-te que sinto-me sortudo até agora. Ouve-se falar sobre o “Sindroma do Túnel Carpal” [compressão do nervo mediano no punho que leva a dormência, “formigueiro” e falta de força na mão] mas mantenho-me ainda isento destes problemas. De vez em quando sinto algumas dores na mão, mas a erva ajuda-me a suportá-las! [risos]

Será que os Deicide vão tirar uns dias de folga antes de compor um novo álbum ou será tudo feito enquanto estão em digressão quer com os Deicide, quer com os Order Of Ennead?
Nós temos a pré-produção do novo álbum dos Deicide pronta e, como já tinha dito, arranjo sempre tempo para tudo. Tenho apenas que manter tudo devidamente agendado. Já nasci “preparado”, um homem de barba rija! Estou no gozo… [risos]

Não sabia que tocava piano tão bem!
Obrigado. Toco piano desde 1997, sensivelmente. O que me despertou para este instrumento foi a vontade de adquirir maior conhecimento musical e de me tornar um melhor compositor. Eventualmente, comecei a apreciá-lo pelo que verdadeiramente é – o melhor instrumento para composição, aprendizagem e solos.

Quem assina as letras dos Order Of Ennead?
O Kevin assina as letras e penso que ele apenas quer expressar a sua busca interna e externa pela sabedoria.

“Ennead” refere-se à mitologia egípcia. Quem é o afeiçoado pela matéria na banda?
Todos sentimos algum interesse pelo esotérico. “Ennead” pertencia a um mito egípcio, mas o conceito da banda não tem a ver com o Egipto. Dizia-se que “Ennead” tinha morrido para controlar o universo dando ao Homem a sabedoria para ter uma vida próspera. Portanto, o título da banda refere-se mais a esta infinita sabedoria e a busca dela, bem como a sua adaptação para as vidas e trabalhos do Homem.

Que outros interesses tem para além da música… e das armas?
Trabalhar, fazer algum exercício físico, gozar os pequenos prazeres da vida… Enfim, nada de muito maluco. Nada de pára-quedismos e coisas parecidas! [risos]

26 anos dedicados à bateria e mais uns tantos dedicados à carreira de uma banda. Qual a principal coisa que guarda depois desses anos todos?
Olhando para trás e fazendo um grande “quadro”, não tenho a registar grandes queixas. Considerando todas as circunstâncias que enfrentei, penso que dei o meu máximo com aquilo que estava a lidar. Sinto-me muito bem em relação a tudo!

www.myspace.com/orderofennead

Nuno Costa
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