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Entrevista Pitch Black

A ERA DA MÁQUINA

Será preciso remontarmos a metade da década passada para percebermos as várias etapas que o colectivo portuense teve que atravessar até chegar aos actuais Pitch Black. Primeiramente denominados Threat - banda de hardcore - passando depois para Withering, atravessaram muitas mudanças de line-up e lançaram várias maquetas, criando um culto à sua volta e fazendo história no thrash metal português. Hoje são uns verdadeiros ícones do género no nosso território e, finalmente, chegam à sua estreia em álbum com a edição de "Thrash Killing Machine", um disco que reflecte bem a atitude demolidora da banda. Foi com o guitarrista Álvaro Fernandes - único membro original da banda - que a SounD(/)ZonE falou sobre o novo disco e a história dos Pitch Black.

Álvaro, tu és o único membro dos Pitch Black presente desde o início da banda, ainda da altura em que se denominavam Threat. Como te sentes ao fim deste longo e atribulado percurso?
Como o aço! (risos) É um longo percurso que está quase a fazer 10 anos. Só agora conseguimos editar o nosso primeiro álbum. Em Portugal é assim que as coisas acontecem a maior parte das vezes. Uma banda demora muito tempo a chegar ao topo! Principalmente por as pessoas, de uma maneira geral, hoje gostarem de uma coisa e amanhã já gostarem de outra completamente diferente. Desde o princípio que tivemos pessoal a seguir e a apoiar a banda. Dez anos depois contam-se numa mão aqueles que ainda nos ouvem e apoiam. Mas o caminho ainda é longo e nós não desistimos, pelo menos tão cedo. Vão sempre ouvir falar de nós e nós vamos sempre tentar provocar “estragos” onde quer que passemos!

É quase exaustivo lermos a vossa biografia e verificarmos a série de mudanças de line-up que atravessaram ao longo destes anos todos… Consegues arranjar uma explicação para isso?
É um bocado como disse na pergunta anterior. As pessoas são inconstantes. Mudam de gostos de um dia para o outro. Ás vezes as prioridades na vida pessoal de cada a um são diferentes de outros elementos da banda. Mas temos de respeitar isso. No meu caso, é isto que eu gosto e é isto que eu quero fazer até morrer. Se me for possível podes crer que o farei! Com um bocado de sorte, fomos sempre conseguindo arranjar músicos para substituir os que abandonavam. Mas passamos por bocados bastante difíceis. Tão difíceis que chegamos a estar dois anos e meio sem dar um único concerto, precisamente por não termos um line-up estável. Mas felizmente conseguimos e estamos por cá ainda!

Já mais recentemente o Sérgio Vilas Boas também abandonou o colectivo! Que foi que se passou?
O Sérgio tinha outro projecto musical. Para além disso, tinha a sua vida pessoal e dois filhos. Ter uma banda gasta-se muito dinheiro do nosso bolso, pois é um grande investimento. E raramente se tem um lucro bom e significativo. Ele teve de escolher e optou por abandonar a banda.

Foi fácil arranjar substituto? O Ricardo Martins [ex-Under Fetid Corpses, ex-Grinder] foi uma aposta ganha?
Por acaso foi um processo bastante rápido. Tivemos sorte! Foi uma aposta ganha, sim. O Sérgio é um músico excelente e aprendemos muito com ele. O Ricardo é um dos que (como mencionei em cima, se contam pelos dedos de uma mão) acompanhou a banda desde o início. Ele conhecia a sonoridade da banda, o estilo, é amigo de longa data e tem o mesmo espírito. Já foi músico noutros projectos, mas nunca neste estilo porque em Portugal praticamente ninguém se interessa em tocar Thrash Metal.

Entretanto, estes anos todos foram também anos de muitas vitórias e alegrias. Quais são os momentos que guardas mais intensamente na tua memória?
De todos eles, o dia do lançamento do nosso primeiro álbum. Aquele momento em que peguei no CD vindo da fábrica e pensei: “Conseguimos!”. A vitória no concurso Rock Music Metal Challenge, a eleição de melhor demo-tape de Metal de 1998 pela única cerimónia oficial realizada na altura, em que nunca mais ninguém teve a coragem de levar para a frente algo semelhante. A partilha do mesmo palco com os The Haunted, Nuclear Assault e Exodus entre muitas outras coisas!

Falando agora do vosso 1º álbum, “Thrash Killing Machine”, o álbum foi gravado há já mais de dois anos. Só agora apareceu alguém interessado em lançar o vosso trabalho. Como foi que vocês se sentiram durante este tempo? Alguma vez chegaram a esmorecer?
Foi muito frustrante mas a esmorecer, nunca! Chegamos, sim, a colocar a hipótese de o disponibilizar na íntegra no nosso site para download, ou a fazer uma edição semi-profissional, com uma tiragem mais limitada e com um layout menos completo, tudo de acordo com as nossas possibilidades financeiras. Mesmo assim, já ia sair muito caro. Mas eram esses os nossos planos se não surgisse a oportunidade que a Recital nos deu.

Entretanto, foi fácil tomar a decisão de lançar estes temas agora? Os temas já são muito antigos e, imagino eu, já não reflectem aquilo que a banda é actualmente…
Ainda reflectem o que a banda é actualmente. Se calhar, até mais do que nunca. Continuamos a tocá-los todos e temos cada vez mais pessoal que vai aos concertos apoiar-nos e que canta as músicas todas! São temas já compostos há algum tempo, como é óbvio! Mas já são dez anos de banda. Não estamos propriamente naquela fase em que nos cansamos das músicas por acharmos que não são suficientemente boas, ao fim de seis meses. Isto é Thrash Metal e ao vivo vê-se bem isso. Todas elas resultam em caos, sempre! Talvez daqui a mais dez anos podemos achar que algumas já não deveriam ser tocadas. Mas algumas, como a “Disturbing the Peace”, nem que seja pelo agrado do público vamos continuar a tocar. Temos meia dúzia delas que nunca retiramos do nosso set-list. São aquelas que já reflectem a imagem da banda e aquilo que o público gosta de ouvir. E nós também.

Como é que a Recital aparece em cena? Na altura não chegaram a mandar a maqueta do álbum para a editora?
Sim, mandamos, mas pelos vistos o timming não foi o melhor. Passado este tempo todo, contactamos a Recital para a distribuição do nosso disco e mostraram-se interessados na edição. Pensamos um pouco e aceitamos a proposta. O objectivo era ver o disco cá fora e conseguimos!

Contudo, como é que têm sido as reacções ao vosso novo álbum?
Muito boas! Para um primeiro álbum são muito boas mesmo. Temos tido algumas notas bastante altas em alguns sítios e lá fora, segundo o feedback que temos, está a ter uma aceitação muito boa!

Normalmente, vocês acompanham as vossas edições de uma série apreciável de concertos. Agora com o vosso primeiro álbum a ocasião é especial! Que há planeado?
Já está a decorrer a 4ª tour da banda. É a “Thrash Metal Dominion” Tour 2005. Com esta estamos a tentar superar o número de concertos de todas as anteriores. Convém, até porque precisamos de promover o disco e, principalmente, de vendê-lo. Por acaso, com os que já se realizaram e com os que já estão confirmados, conseguimos superar esse número. Para já vamos nos 15 concertos. Começou a 18 de Março e talvez terminemos lá para Setembro / Outubro.

Nuno Costa

PLAYLIST ÁLVARO FERNANDES [guitarrista]

- "South Of Heaven" - Slayer
- "Tempo Of The Damned" - Exodus
- "Total" - Seigmen
- "This Godless Endeavor" - Nevermore
- "Doomsday Machine" - Arch Enemy

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