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Entrevista Revolution Within

MARCHA DE CHOQUE

Se já não bastava as felizes estreias dos Switchtense, Echidna ou The Spiteful, quer na Rastilho Records quer num panorama nacional cada vez mais fértil, surgem agora os Revolution Within também com expressão e postura de conquistadores. Uma composição muito coesa faz as honras do seu trabalho de estreia, “Collision”, que sem cerimónias está apenas para destilar thrash numa veia moderna e opressiva sem cuidar a inovações. Nestes casos a atitude é fulcral e isso não falta a esse quinteto baseado em S. João da Madeira. Há motivos para se ter a consciência tranquila e confiança no futuro, como expressa o vocalista Raça nas próximas linhas.

Não estiveram com meias medidas e lançaram de primeira um álbum. A estratégia mais acertada?
Não tenho dúvidas que sim! Não nos preocupa que haja pessoas a dizer que é muito prematuro a banda apresentar um álbum sem ter mostrado serviço antes. Toda e qualquer decisão relativa à banda cabe-nos a nós; após pesarmos os prós e os contras, e acreditem que matutamos muito sobre o assunto, entendemos que o mais lógico seria lançar directamente um álbum. Não fomos a primeira banda a fazer isso e, certamente, não seremos a última. O nosso álbum “Collision” é o resultado de quatro anos de banda em que nos aconteceu de tudo um pouco, com imensos momentos memoráveis e alguns menos bons. Houve muitos obstáculos a ultrapassar e este disco é, para nós, o final feliz de um início que acabou por ser bastante atribulado. Podíamos ter lançado um trabalho mais cedo, é um facto, e chegámos, inclusive, a ter material pronto a sair, mas abençoada a hora em que não o fizemos, pois as gravações estavam mesmo muito fracas. [risos] Neste momento, o que posso garantir é que soubemos esperar e que estamos plenamente satisfeitos com o “Collision”. O álbum retrata fielmente aquilo que somos. Presentemente sou da opinião de que quem tiver a oportunidade de adquirir o álbum ou se deslocar a um concerto nosso, certamente, vai ficar agrado com o que vai ouvir...

Financiar um álbum em Portugal continua a ser muito complicado já que as bandas nem sempre recebem cashet pelas actuações e quando recebem raramente dá para as despesas, não é assim?
Sem sombra de dúvidas! E chega a haver situações em que as bandas gastam mais do que aquilo que recebem. [risos] Isso já aconteceu connosco algumas vezes. Nesses casos a decisão de “perder” dinheiro é nossa, pois, por vezes, achamos que pode haver retorno doutra forma, ou seja, podemos não receber dinheiro mas se houver um bom cartaz ou acharmos que vai haver uma boa adesão de público podemos angariar mais pessoas que passem a gostar do nosso som. Acaba por ser um investimento...

Até que ponto acharão suportável esse investimento? Há quem pague muito dinheiro apenas para estar em digressão com um grande nome, não havendo qualquer outro retorno senão o promocional. Imaginam-se nessa situação?
Não sei… [risos] Depende! Se já houve alturas em que perdemos dinheiro para dar concertos não vou dizer que recusaria perder algum para fazer uma digressão com um grande nome. Dependeria de uma série de factores... Como temos na banda um gestor e um economista teríamos de fazer um estudo económico aprofundado! [risos]

No vosso caso, como se dividiram as despesas para a concretização de “Collision”? Ficaram encarregues do estúdio e a Rastilho da edição e promoção?
Quando decidimos gravar o “Collision” não tínhamos planos definidos no que diz respeito à edição e promoção. Nessa altura tudo era possível. Entretanto, e por entendermos que tínhamos um bom trabalho em mãos, decidimos arriscar e apresentar o álbum a editoras. Curiosamente, somente consultámos duas editoras e ambas mostraram interesse em editar o trabalho. Acabamos por escolher a Rastilho, pois pareceu-nos ser a editora que nos apresentou melhores condições.

Estar actualmente na Rastilho é um distintivo já que esta tem apresentado um catálogo muito apetecível nos últimos tempos. Sentem-se particularmente satisfeitos?
A entrada em cena da Rastilho é a prova de que todo o nosso trabalho não foi em vão. O facto de termos uma editora com a dimensão da Rastilho a mostrar interesse é para nós motivo de orgulho e satisfação. Assim sendo, é óbvio que estamos satisfeitos com a Rastilho, pois esta é uma editora bastante competente e séria.

Em Portugal tem-se gerado vários nomes sólidos na vossa toada. No estrangeiro a situação é, de longe, “agravante”. Preocupa-vos a questão de ser bastante complicado destacarem-se no vosso estilo?
Não nos preocupa minimamente, pois acho que há lugar para todos, uns com maior e outros com menor destaque. Logicamente, queremos obter o maior reconhecimento possível mas para isso temos que trabalhar bem, ou seja, fazer boas músicas. Por outro lado, sabemos de antemão que o metal em Portugal é um estilo menosprezado, logo, sentimos que podemos fazer algo para mudar a mentalidade das pessoas e, sinceramente, acho que estamos a contribuir em parte para essa mudança.

Acha que hoje em dia há mais e bons motivos para se apostar no produto nacional?
Claro que sim! Muitas pessoas não devem saber mas o metal em Portugal tem apresentado excelentes bandas com excelentes trabalhos! Actualmente, as condições para as bandas melhoraram imenso, desde a existência de bons espaços para tocar à existência de bons estúdios, o que acaba por influenciar positivamente o rendimento das bandas.

Este é um álbum de “choque”, de “colisão” nalgum sentido mais do que o musical?
O disco retrata a nossa personalidade pelo que fala, essencialmente, de situações por nós vividas e estados de espírito. No disco também abordamos situações reais, como, por exemplo, a guerra que não leva a lado nenhum, a inveja e o egoísmo que fazem parte do nosso dia-a-dia, as relações mal sucedidas, as frustrações e confrontos pessoais, entre outras. Julgo que quem se debruçar sobre o conteúdo lírico, certamente, vai-se rever na maior parte do que é dito. O mundo é precisamente isso: uma constante colisão...

São uma banda muito jovem de músicos também jovens nessas andanças?
Nós já temos quase cinco anos de banda pelo que ainda podemos ser considerada uma banda jovem. Contudo, qualquer um de nós já tinha tido experiências anteriores noutras bandas. Por isso, acho que já não somos novatos nisto. Quanto às idades, apenas eu tenho mais de 30 anos e mais não digo… De resto é tudo juventude! [risos]

Há alguns episódios memoráveis na vida da banda que possa revelar?
Tivemos muitos momentos inesquecíveis mas assim, de repente, lembro-me de destacar três momentos: o Concurso de Bandas que vencemos e que nos permitiu arranjar dinheiro para pagar a gravação do álbum, o concerto em que tivemos o privilégio de partilhar o palco com uma das minhas bandas preferidas, os alemães Dew-Scented, e, por último, o concerto de apresentação do álbum em que o bar, que tem capacidade para cerca de 100 pessoas, tinha lá à volta de 170 pessoas. Também não podemos ficar indiferentes às amizades que fizemos ao longo da nossa existência enquanto banda. Considero-me um felizardo, pois já partilhamos o palco e somos amigos das bandas nacionais que mais gostámos.

“Collision” foi a vossa primeira experiência de estúdio?
Sim e, curiosamente, foi logo a dobrar, pois gravámos o álbum em dois estúdios.

Como correu? Aprenderam muito?
No primeiro estúdio deparámo-nos com alguns problemas. Preferia até nem falar do assunto... Já no segundo estúdio, o SoundVision, as coisas correram muito bem! Demorámos muito tempo a gravar o álbum [cerca de um ano e meio], mas mesmo assim o balanço final é, claramente, positivo. Acho que aprendemos imenso. Por outro lado, houve erros que cometemos e que, certamente, não serão repetidos no futuro.

Os temas chegaram a estúdio já perfeitamente escalonados ou foram feitos na hora muitos arranjos e acertos na composição?
Quando entrámos no estúdio as músicas estavam preparadas. Contudo, acabámos por fazer pequenas alterações, pois, na altura, pareceu-nos ser a melhor opção. Como ainda tínhamos a possibilidade de alterar as coisas assim o fizemos.

Tanto quanto percebi, o vosso disco vai ser distribuído no estrangeiro pela Cargo Records. Quais são as vossas expectativas em termos internacionais com “Collision”?
Sabemos que o disco vai ser distribuído pela Cargo Records na Alemanha e na Holanda. Haverá ainda a possibilidade de o disco chegar a outros países, estamos a trabalhar nesse sentido. Estamos confiantes que o disco seja bem recebido lá fora pois, para além de ter qualidade, se for vendido a um preço idêntico ao praticado em Portugal, vai ser bastante barato… [risos] O poder de compra lá fora é muito diferente e existe a cultura de adquirir discos originais, coisa que em Portugal não acontece tanto. Além disso, acho que o disco está bem apresentado, com muita pinta! [risos]

Neste momento, quais são os destaques da vossa agenda?
Xiii... A entrevista estava a correr bem e agora colocas uma questão muito difícil de responder… [risos] Temos alguns concertos que vão ser muito bons, nos quais se incluem bandas estrangeiras de renome, e que aguardamos com alguma expectativa. Porém, como ainda não fomos confirmados nos cartazes não os podemos anunciar, até porque corremos o risco de sermos afastados desses concertos. Espero que compreendam. De qualquer forma, acreditem ou não, todos os concertos próximos são aguardados com enorme expectativa, pois o que nós queremos é subir aos palcos e demonstrar a nossa força e que o público fique satisfeito!

Já labutam numa incursão por palcos estrangeiros?
Estamos com ideias de dar um ou outro concerto lá fora, mas ainda não há nada agendado. Teremos de ponderar muito bem os prós e os contras. Acho que se efectuarmos bons contactos é possível realizar mini-tours sem se perder dinheiro, e ao mesmo tempo promovermos devidamente a banda. Mais um estudo económico... [risos]

Ou muito me engano ou os Revolution Within são a primeira banda de metal de S. João da Madeira a atingir uma relevante notoriedade?
Curiosamente, a nossa banda é de Santa Maria da Feira e de São João da Madeira, sendo que um dos nossos elementos é de Oliveira de Azeméis. Em qualquer uma destas cidades existem boas bandas de metal pelo que não somos os únicos nesta luta. [risos] Quanto à notoriedade, cada banda, à sua maneira, tem vindo a ser reconhecida pelo trabalho desenvolvido.

Sentem que os locais estão orgulhosos por vós?
Acho que sim, pelo menos é essa a sensação que tenho...

Há um movimento digno desse nome na vossa cidade?
Não nos podemos queixar do público de Santa Maria da Feira e de São João da Madeira, pois têm sido excepcionais connosco. Todavia, movimento propriamente dito talvez haja apenas em São João da Madeira... Existe lá um bar onde quase todos os fins-de-semana são realizados concertos de metal e a adesão, por norma, é sempre razoável. Foi lá que demos o nosso concerto de apresentação.

No geral, em Portugal as audiências nos concertos de Metal têm deixado a desejar. É algo que vos preocupa?
É claro que sempre que damos um concerto queremos que esteja o maior número possível de pessoas, o que dá logo um melhor ambiente e nos facilita imenso a actuação. Contudo, temos de compreender que há muitos concertos de metal no país e poucos “metaleiros”. Logicamente que não se pode ir a tudo... Por outro lado, não nos podemos queixar, pois temos tido a felicidade de participar em concertos em que o número de pessoas é razoável se comparado com outros concertos em que as bandas se queixam da muito fraca adesão de público.

E o vosso futuro próximo passa por quê? Gravar um videoclip, por exemplo, ou até fazer algo tresloucado em termos de promoção que vos torne ímpares?
Curiosamente, a ideia de fazermos um videoclip está em cima da mesa, mas ainda não foi definida em que moldes e em que altura. Neste momento, a nossa prioridade passa por promover o máximo possível a banda e o nosso álbum de estreia “Collision”. A hipótese de darmos um concerto nos Açores agrada-nos mas não sabemos bem como. Se souberem de alguma coisa... [risos] Em resumo, vamos deixar que as coisas ocorram com naturalidade. Depois disto tudo vamos entrar em estúdio para gravar o sucessor de “Collision”.

www.myspace.com/revolutionwithinpt

Nuno Costa

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