Entrevista Sacred Tears
NUM BERÇO DE MELANCOLIA

Como é que surgiu a ideia de formar os Sacred Tears?
A ideia surgiu a partir de vários projectos que não deram em nada devido a várias discussões entre elementos. Daí surgiu a minha ideia de tentar reunir esses elementos para iniciar um projecto dessa vez mais levado a sério. Pelo tempo que a banda toca em conjunto acho que foi uma boa aposta visto que passado um ano e pouco ainda continuamos a tocar.
Que percurso vocês já tinham como músicos antes de formarem os Sacred Tears?
Alguns elementos já tinham participado em alguns projectos, que por diversas razões tiveram sempre o seu termo sem nunca se terem mostrado ao público. Para outros elementos os Sacred Tears foram a sua primeira banda.
Creio que vocês se distanciam um pouco das bandas normais de Doom e Gothic essencialmente pelo uso da percussão nos vossos temas. De onde surgiu a ideia de acrescentar esse pormenor?
A ideia surgiu do guitarrista Ruben Ferreira que, para dar outra dinâmica à banda e também para fugir um pouco ao Heavy Metal tradicional já praticado por outras bandas, decidiu, também em conjunto com os outros elementos da banda, integrar um percussionista.
Dá-nos uma visão geral do conteúdo das vossas letras.
Acho que nada melhor que transcrever as palavras de Paulo Pacheco certa vez proferidas ao teclas Bruno Santos: “As minhas letras sempre lidaram principalmente com o meu espaço interior...Como se fosse uma espécie de introspecção à minha alma revelada ao exterior nas palavras através de metáforas, mitos ou pelo ocultismo. É como se eu escondesse pedaços das minhas dúvidas, dos meus medos e das minhas crenças entre as linhas de um qualquer verso. Portanto, as letras tanto podiam falar da tentativa de encontrar um significado para a minha existência - ou o nosso início - como a “Cradle Song”, em que as teorias de Zecharia Sitchin me inspiraram como também para sentimentos de perda que estão patentes na “Sacred Tears” ou na “Amadeo”. No entanto, o oculto sempre me fascinou e uma letra como a Lamiae antes de falar duma linhagem de vampiros, fala sobre afastamento, isolamento. Sempre gostei de escrever muito subjectivamente, talvez como uma grande influência minha, Maynard J. Keenan, vocalista dos Tool e deixar que as palavras tomem o seu próprio significado – deixar que elas se escrevam por si, quase, e sejam uma interpretação minha da música em si.”

No caso específico do Bruno Aguiar houve um período de tempo em que teve alguns problemas de ordem pessoal que acabou por afectar a banda. Todos juntos tomamos a decisão que achamos melhor para a banda, embora tenha sido uma decisão muito complicada. Mais complicado foi ainda comunicar a nossa decisão ao Bruno Aguiar. No caso do Paulo Pacheco foram também por motivos pessoais que originaram a sua saída, mas nesse caso contra a vontade de toda a banda. No entanto, todos somos livres de fazer opções. Foi a opção dele e há que respeitá-la.
Após um período difícil em que estiveram à procura de vocalista, eis que encontraram Filipe Raposo para ocupar o lugar vago. Como tem sido o resultado dessa experiência? Ele tem se adaptado bem?
Até ao momento tem sido uma experiência diferente e trabalhosa. Contudo, com esforço de toda a banda, conseguiu-se preparar o vocalista para cantar 5 temas, ainda que com o apoio do teclas Bruno Santos em algumas músicas. De momento estamos a trabalhar com o vocalista em outros temas nossos, incluindo temas novos ainda sem letra. A sua adaptação tem sido razoavelmente fácil.
Durante o período de audições para arranjar vocalista vocês estavam a admitir vozes femininas. Acabaram por desistir da ideia ou ainda continuam à procura de uma voz feminina para aquilo que gostavam de construir na vossa sonoridade?
Sim, de facto ainda continuamos à procura de uma voz feminina para então podermos solidificar e definir melhor o nosso som.
Uma das boas características que a vossa banda tem vindo a demonstrar é a postura dinâmica com que se move no nosso difícil meio musical. Já por duas vezes o vosso nome aparece associado a organizações de festivais o que é de realçar. Tem sido muito difícil organizar estas iniciativas?
Digamos que não é muito difícil se houver o esforço de todos, como tem vindo a ser o caso, mas a maior barreira de todas tem sido a falta de apoios para esse tipo de eventos.
Na tua opinião, como correu o Sacred Fest?
Foi razoável. Apesar das condições adversas, como sejam o tempo, o palco que nos disponibilizaram e a nossa inexperiência, acho que correu bem. Houve uma aderência de publico significativa, embora pudesse ter tido mais publico se as condições tivessem sido outras.
Após a realização do festival vocês foram convidados pelo Toni Pimentel para gravarem uma demo song. Para além disso a banda tem partilhado muitos espectáculos com os Passos Pesados. Como é que surgiu essa relação tão próxima com eles e com o Toni?
Foi através do Sacred Fest que tivemos a sorte de conhecer o Toni Pimentel, pois foi ele quem contratamos para por som no festival. A relação foi-se desenvolvendo naturalmente desde o início do Sacred Fest, o Toni gostou da forma como estávamos a dirigir as coisas e achou por bem dar apoio à nossa banda. No final do festival comunicou-nos que ofereceria a gravação de uma música a nós. A relação cresceu ainda mais devido ao tempo que a banda passou junto com ele durante a gravação da música “A Cradle Song”.
Ainda falando de festivais, sei que haviam planos vossos de organizar um Sacred Fest maior. Falava-se em ThanatoSchizO, Oratory, Holocausto Canibal entre outros. Como ficou a ideia?
Sim, é verdade, adiámos essa ideia devido à saída do vocalista Paulo Pacheco e a alguma falta de apoios que estávamos a ter no momento. Em termos das bandas, facilitaram as coisas ao máximo. Contudo abandonámos a ideia de trazer Oratory, devido a terem um cachet mais elevado que o resto das bandas. Pensamos então em Dogma, banda de estilo gótico do panorama undergound nacional. Esperamos ainda poder concretizar esse festival.
Que opinião tens sobre o que se passa actualmente no panorama heavy açoriano? Há quem se queixe que estamos rodeados de bandas de nu-metal. Que pensas desse assunto?
Infelizmente é verdade, existe muitas bandas a tocar nu-metal o que acho que não traz muitos benefícios para as bandas, é um estilo muito comercial, algumas vezes com pouca qualidade. De certo modo sempre que ouço uma banda de nu-metal dá-me a sensação de serem cópias umas das outras, principalmente nas vozes onde muitas das bandas de cá se colam à voz do vocalista dos Slipknot. Mas claro que são também gostos que dependem de cada um, e como tal há que respeitar. Para além do tão falado nu-metal, tem surgido bandas com muita qualidade em diversas variantes do metal, Gothic, Doom e Black. O panorama metal Açoriano já teve dias melhores. Quem não se lembra de bandas como Luciferian Dementia, Prophecy of Death, Obscenus, Gods Sin entre muitas outras. Hoje em dia o panorama metal Açoriano conta com poucas bandas com nome, activas na região, estou-me a lembrar dos Morbid Death, In Peccatvm e dos Dark Emotions.
Para terminar, até onde vocês estão dispostos a ir com a banda?
Até ao fim…
Nuno Costa

Infelizmente é verdade, existe muitas bandas a tocar nu-metal o que acho que não traz muitos benefícios para as bandas, é um estilo muito comercial, algumas vezes com pouca qualidade. De certo modo sempre que ouço uma banda de nu-metal dá-me a sensação de serem cópias umas das outras, principalmente nas vozes onde muitas das bandas de cá se colam à voz do vocalista dos Slipknot. Mas claro que são também gostos que dependem de cada um, e como tal há que respeitar. Para além do tão falado nu-metal, tem surgido bandas com muita qualidade em diversas variantes do metal, Gothic, Doom e Black. O panorama metal Açoriano já teve dias melhores. Quem não se lembra de bandas como Luciferian Dementia, Prophecy of Death, Obscenus, Gods Sin entre muitas outras. Hoje em dia o panorama metal Açoriano conta com poucas bandas com nome, activas na região, estou-me a lembrar dos Morbid Death, In Peccatvm e dos Dark Emotions.
Para terminar, até onde vocês estão dispostos a ir com a banda?
Até ao fim…
Nuno Costa