Entrevista ThanatoSchizO
SOB UM DENSO MANTO NEGRO
Formados em 1998 sob a designação Thanatos, hoje transformados em ThanatoSchizO, este sexteto de Sta. Marta de Penaguião vem com o seu último trabalho –“InsomniousNightLift”- confirmar e superar em larga escala todo o valor e potencial já mostrado com o anterior “Schizo Level”. Algumas mudanças de line-up aliadas a um crescimento natural como músicos e pessoas, bem como o importante contracto assinado para este novo álbum com a independente britânica Rage Of Achiles, serviram para que neste momento a banda se apresente mais coesa que nunca, mostrando com uma enorme subtileza como se mistura Doom, Death e Black Metal. Para nos ajudar a levantar o manto negro que cobre as almas que compõem este colectivo, a SounD(/)ZonE falou com o vocalista Eduardo Paulo e com o guitarrista Guilhermino Martins.
Os ThanatoSchizO já passaram por uma grande remodelação no seu line-up desde a sua formação em 1998. Vocês inclusive já mudaram de nome. Queres contar-nos o que esteve na origem dessas mudanças?
Eduardo: À partida, o line-up e o nome da banda seriam definitivos e coesos o suficiente para que o que se sucedeu fosse impensável Porém, com o desenrolar dos acontecimentos, das constatações acerca de bandas com o mesmo nome (algo inconveniente) e com o passar dos tempos, tornou-se uma prioridade mudar o curso das coisas e fortalecer o futuro que os elementos fixos da banda (na altura) previam. O baixista, que havia também composto músicas para o Schizo Level, abandonara o colectivo por motivos pessoais e o vocalista que gravou e rodou com Melégnia acabou por se mostrar pouco interessado em continuar, pelo que também se foi. Isto deu uma grande dor de cabeça, sem, no entanto, desmoralizar as gravações que estavam quase a decorrer. Fui surpreendido com o convite e vocalizei logo no álbum de estreia. O Miguel juntou-se a nós passado dois ou três meses e entretanto cá estamos: coesos e com um nome bem mais apropriado, sem fugir à origem. A Patrícia é, desde o Schizo Level, membro permanente e fiel ao que faz. Não há muito mais que deva ser dito.
Agora que o vosso último disco foi lançado mundialmente pela independente britânica Rage of Achiles, qual a principal meta que vocês esperam alcançar?
Eduardo: Tudo ao que tivermos direito e acordado, principalmente. No entanto, como há muito que é incerto e sonho também, esperamos chegar o mais longe possível: discos gravados no estrangeiro, tours internacionais, etc., etc. Acima de tudo e principalmente continuar a fazer o que gostamos, sem que sejam feitas imposições demasiado incoerentes, o que com o Duncan e a Rage of Achilles nunca acontecerá! Alcançar o máximo de público possível. Compradores também... Tudo o que músicos ambiciosos pretendem.
Já é possível efectuar um balanço mais preciso sobre os resultados alcançados pelo vosso novo disco agora que ele está a ser absorvido em pleno?
Eduardo: Bem, não te posso garantir que já toda a gente ouviu o nosso som. Espero que sim, mas posso sem dúvida alguma garantir, como podes constatar no nosso site, que 80-90% das criticas que temos recebido são realmente muito boas, surpreendentes mesmo! Desde a segunda melhor nota, na segunda melhor revista de metal do mundo até palavras de crédito noutras tantas importantes como a Metal Hammer e afins, têm sido uma constante os incentivos, além do entusiasmo dissecante do editor. O melhor cenário possível. Por vezes melhor de o que poderíamos imaginar.
Como foi que vocês reagiram quando começaram a ver o vosso nome tão espalhado pelo mundo e a serem constantemente considerados pela imprensa especializada como uma das bandas mais refrescantes dos últimos anos? Estavam à espera de um reconhecimento tão grande e súbito?
Eduardo: Não muito. Sabíamos que seria diferente no panorama geral, incluindo o internacional, mesmo com tantas bandas mais do que boas. Porém fomos muitas vezes assaltados por um optimismo extenuante. Sabemos viver com isso e muito mais. Talvez só agora é que as coisas se tornem realmente sérias e fortes, no que toca ao que fazemos e ao que de certo modo nos ultrapassa! Sentimo-nos mais valorizados e especiais enquanto artistas e Homens.
Como caracterizas o estado actual da banda?
Eduardo: O melhor que possas imaginar. Estamos muitíssimo entusiasmados com o nosso trabalho e com o decorrer dos acontecimentos. Estamos a compor novos temas e sentimos cenas muito mais poderosas no seio da banda. Estamos mesmo muito empenhados e estimulados.
Uma das características que tem marcado a vossa sonoridade e que vos faz ser apontados como uma banda inovadora é o facto de vocês conseguirem explorar com bastante subtileza várias vertentes do metal, misturando-as de forma a conseguirem uma teia sonora extremamente complexa e original. No entanto, podemos encontrar no vosso novo disco alguns temas mais acessíveis e directos. Que interpretação pode ter este novo elemento no vosso som?
Eduardo: Além de algo que é uma realidade em nós, é também e principalmente um marco de uma fase muito intensa das nossas vidas. Significa que nos situamos numa parte de nós que se entrega à intensidade, além da variação de velocidade e violência do sentimento. No final significa que foi assim que quisemos mostrar este capítulo da nossa História e da nossa Mente.
Que aspecto te agrada particularmente no “InsomniousNightLift”?
Eduardo: Existem muitos e variados aspectos que nos agradam e que inclusive amamos no álbum. Desde a qualidade dos temas e da produção conseguida, desde o sentimento intrínseco a tudo o que é evidenciado no mesmo, desde a realização pessoal até ao reconhecimento nacional e internacional, existem os mais variadíssimos aspectos, para seis pessoas diferentes, mas iguais, que são muito importantes.
Segundo vocês, o “InsomniousNight-Lift” é o disco que já queriam gravar há cinco ou seis anos. Suponho que este trabalho vos tenha satisfeito em pleno. Agora qual é o objectivo a atingir com os próximos trabalhos?
Guilhermino: Supões bem. O principal objectivo a atingir num futuro próximo é conseguir permanecer unidos e, juntos, chegarmos a um nível de maturidade musical só ao alcance de poucos. Isso passa, naturalmente, pela gravação de um terceiro álbum de originais (processo que se iniciará em Novembro próximo) que, no fundo, acaba por ser o nosso maior incentivo de momento.
Como serão os próximos meses dos ThanatoSchizO?
Guilhermino: Bastante ocupados, intercalados entre os vários concertos de promoção do mais recente álbum “InsomniousNightLift” e a preparação em laboratório (leia-se: estúdio de ensaio) do material a figurar no próximo álbum.
Para terminar, conheces alguma coisa do panorama musical açoriano?
Guilhermino: Quer-me parecer que detenho algum conhecimento em relação ao metal açoreano. Posso destacar – daquelas que me vêm de momento à ideia - Morbid Death (bastante interessante), Prophecy of Death (RIP? Há muito que não sei nada deles), Obscenus (Rip! Excelente banda), God’s Sin (muito, muito boa banda) Invernum (novo grupo a ter em conta, quer-me parecer), In Peccatvm (interessante também), entre outras. Enfim, tudo bandas com capacidade para singrar no panorama mundial e que, muitas vezes, sofrem da insularidade que afecta a região.
Nuno Costa