Entrevista Twentyinchburial
A LEI DO HARDCORE
Dinâmica, surpreendente, talentosa poderão ser os adjectivos mais correctos para descrever a carreira dos Twentyinchburial. Esta banda portuguesa de hardcore editou nos últimos 3 anos um álbum de originais que foi reeditado recentemente –“ The Void We Carry”- e ainda um mini-tributo aos Iron Maiden e Thin Lizzy na forma do EP “Heavy Metal Is The Law”. Agora que a banda se prepara para lançar o seu novo álbum de originais, gravado em Espanha nos estúdios Ultramarinos com o produtor espanhol Santi Garcia (Kidsgofree, Moksha), a SounD(/)ZonE aproveitou para conversar com o guitarrista Ricardo Correia sobre o projecto do agora quinteto.
Primeiro gostaria de dizer como acho impressionante em apenas três anos uma banda do vosso estilo e sendo portuguesa conseguir ter já um currículo tão grande tanto a nível de material editado como a nível de concertos no estrangeiro e junto com nomes tão influentes. Onde reside a chave de toda essa dinâmica?
Nós realmente temos uma grande vontade de crescer, e para ter esse mesmo crescimento tem que se investir no nosso trabalho, e é o que nós procuramos fazer. Só lançando material nosso é que podemos esperar feedback do público em Portugal que, felizmente, parece que cada vez esta a ser mais aderente ao tipo de música que nós e outras bandas na nossa linha vem produzindo. Quanto aos concertos que temos dado, penso que também é fruto do nosso empenho e dedicação, porque realmente fazemos com que as coisas possam acontecer.
Depois de todos esses ingressos pelo estrangeiro ao lado de nomes como The Haunted, Mastodon, entre outros, como é que vocês se sentem? Há algum desses momentos, para além de outros relacionados com a vossa carreira nos últimos três anos, que gostarias de destacar?
Foi muito positivo para nós termos tocado com os The Haunted ou com os Mastodon, como com outras grandes bandas com quem já tivemos a felicidade de tocar. Penso que o momento que destaco foi quando conseguimos acabar a gravação do nosso último álbum, no qual estamos a depositar uma grande esperança. Foi uma sensação espectacular ao recebermos o master vindo de Barcelona e vermos que todo o nosso empenho e toda a nossa dedicação tinham dado frutos, pois ficamos muito contentes com o resultado final.
Tocar ao vivo tem sido realmente muito importante para vocês...
Sim. Penso que num estilo de música como o nosso, é muito importante a componente de tocar ao vivo. E felizmente, as reacções aos nossos concertos são sempre bastante positivas e parece que também pelos nossos “shows” ao vivo temos chegado a muita gente que não conhecia os Twentyinchburial, o que é muito gratificante para nós.
E por falar em novo álbum, não sabia que já estava gravado! Para quando o novo trabalho no mercado?
A gravação do disco já ocorreu neste Verão e também em Outubro, porque faltava limar algumas arestas. Estamos agora à espera de propostas de editoras. Data ainda não existe mas podem esperar o novo trabalho dos Twentyinchburial lá para meados da Primavera de 2004.
O que podemos esperar do vosso novo registo de originais?
Podem esperar músicas com muita energia e melodia quanto baste! Penso que em termos qualitativos evoluímos bastante. Por isso podem esperar um grande álbum!
Já agora, porquê o título “How Much Will We Laugh And Smile”?
Escolhemos esse título porque vem na linha das letras que o nosso novo álbum tem. Fazemos em algumas delas uma crítica à nossa sociedade. E este título simboliza isso mesmo, “Até quando nós vamos continuar a rir e a sorrir” quando se continuam a passar coisas gravíssimas à nossa volta. Para melhor compreensão do título, nada melhor do que dar uma vista de olhos nas letras do nosso álbum quando ele estiver disponível.
Para além disso, será também lançado em 2004 um split-CD com os americanos With Resistance e prevê-se uma digressão nacional com os brasileiros Ratos de Porão. Tempos áureos se avizinham!
Sim é verdade. O split é uma oportunidade muito boa para nós, para nos divulgarmos um pouco mais pelo continente americano. Nós tocámos com os With Resistance numa tour que fizemos nos EUA em Novembro de 2002. E eles convidaram-nos agora para este split porque, e são palavras deles, causámos muito boa impressão no concerto que demos com eles em New Jersey. Muito boa onda a deles terem nos convidado para este split que sairá pela State Of Mind Recs.
Como vês o nosso panorama hardcore actual?
Em relação ao hardcore, penso que cada vez há mais gente a ir a concertos o que é muito bom, as bandas cada vez procuram mais a qualidade, e penso que o hardcore nacional já está num nível bastante aceitável, especialmente se formos analisar a sua evolução.
Acho interessante a vontade de vocês quererem mostrar, logo desde cedo, o vosso tributo e homenagem às bandas que mais vos marcaram dentro do metal com a edição do EP “Heavy Metal Is The Law”. Como surgiu a ideia de uma edição deste tipo? Sentem-se mais “aliviados” agora depois de consumado o tributo?
A ideia penso que surgiu com naturalidade, pois sendo estas bandas, bandas que nos influenciaram muito no nosso crescimento, era natural que gostássemos de poder tocar músicas delas. Mal a ideia de gravarmos um tributo foi lançada para o ar, não hesitámos e começamos logo a trabalhar as músicas para gravar! Aliviados penso que não, mas orgulhosos sim!
Quem são os músicos que aparecem como convidados em “Heavy Metal Is The Law”?
Apenas um. O nosso grande convidado que nos acompanhou em vários concertos tocando connosco a nossa versão da “Wicker Man” de Iron Maiden, o grande Beto, que gravou guitarras juntamente comigo no EP.
Os Twentyinchburial são agora um quinteto. Como surgiu a ideia de recrutar mais um guitarrista? Como achas que vai ser trabalhar agora com mais um elemento e de que forma isso poderá contribuir para o som dos Twentyinchburial?
Sim. Já quase há um ano que somos um quinteto! A ideia surgiu mais pelo facto de acharmos que ao vivo não estávamos com a potência suficiente. Convidamos então o JP. A integração foi fácil, pois ele adaptou-se rapidamente à nossa forma de trabalhar. Libertando-se até para se integrar de corpo e alma no nosso ultimo álbum, dando uma grande participação para ele a nível de composição das musicas. Penso que com o JP estamos muito mais compactos tanto ao vivo como em álbum.
Nuno Costa