Entrevista Venomous Concept
CONCEITOS DE "RELAXAMENTO"
Numa indústria onde tudo tende a ser o mais polido possível e sério, as coisas podem ganhar especial “graça” quando o objectivo é unicamente criar algo no calor do convívio com os amigos e reacendendo as memórias daquilo que nos marcou na nossa adolescência. Os elementos em questão poderiam até se dar ao luxo de não perder tempo com mais um projecto, enquanto gerem as activas carreiras dos grupos por que se popularizaram, mas enquanto fiéis companheiros e apaixonados pela música extrema, eis que Kevin Sharp [voz, Brutal Truth], Danny Lilker [baixo, Nuclear Assault, Brutal Truth], Shane Embury [guitarra, Napalm Death] e Danny Herrera [bateria, Napalm Death] geram um novo projecto onde cospem veneno punk/grind/crust segundo matrizes que bem conhecem. Neste momento dão à luz o segundo disco desta aventura musical simples mas de uma atitude cheia de encantos. Kevin Sharp falou-nos de “Poisoned Apple”, do seu regresso com os seminais Brutal Truth e de como se deve preservar o espírito metaleiro de outrora.
Algo que marcou negativamente o lançamento do vosso primeiro álbum – “Retroactive Abortion” – foi o facto de só terem actuado uma vez. Desta vez as coisas estão a ser preparadas para serem diferentes?
O que se passa é que todos nós temos uma série de coisas a acontecer ao mesmo tempo nas nossas outras bandas e vidas pessoais. O Shane e eu, por exemplo, casámo-nos e eu tenho uma filha; os Brutal Truth têm dado alguns concertos e gravado algum material; os Napalm Death também têm seguido o mesmo rumo… É difícil organizarmos o nosso tempo mantendo as coisas divertidas. Porém, em Agosto próximo devemos dar alguns concertos ainda antes dos Brutal Truth passarem pelo festival Hole In The Sky, na Noruega. Vou decidir esses pormenores quando o Shane acabar a tournée de promoção a “Smear Campaign”.
Possivelmente está cansado desta pergunta, mas será que as pessoas devem começar a encarar os Venomous Concept como algo mais do que um projecto paralelo?
Venomous Concept é, acima de tudo, uma amizade, quer estejamos com o Buzz [guitarrista original, entretanto, ausente por compromissos com os The Melvins] ou o Danny [Lilker] ou seja com quem for que eu, o Shane e o Danny [Herrera] decidirmos gravar ou tocar. Baseia-se tudo num grupo de velhos amigos que se juntam, bebem umas cervejas e ouvem cassetes. A única diferença é que compomos discos. Daí, chamem-nos banda, projecto… não nos importamos na verdade. Para nós, Venomous Concept é como sair e ter uma grande noite, só que sem ressaca! [risos]
O título do vosso novo disco – “Poisoned Apple” – pode significar uma confissão muito directa da vossa admiração pelos Poison Idea? Podemos também entender os Venomous Concept como um projecto retro onde os seus intervenientes satisfazem os seus desejos de infância?
A questão com os Venomous Concept é que existem sempre ligações a tudo: riffs, letras, arte... Encontramos neles vários significados, várias piadas privadas. Com o título deste álbum há ligações à arte. Parte dele surgiu por ter reparado que tudo o que tinha lido durante o processo de gravação do álbum foram livros para crianças! Do género, uma mistura entre “Snow White Holocaust” com “Doctor Seuss”. Então a minha escrita tornou-se rimas de difícil soletração. Mas o significado oposto reflecte os aspectos do trabalho de equipa deste disco; o trabalhador de colarinho azul a ir para o trabalho apenas para provar a “maçã”, o sonho… Matas-te a trabalhar para quê?
Na sua opinião, o actual mundo musical e seus fãs continuam receptivos à vossa brutalidade? As bandas clássicas do género tiveram o seu auge nos anos 80 até meados de 90. Sente a falta desses tempos?
Bem, eu penso que as gravações digitais e a indústria discográfica destruíram a alma da música. Com a gravação digital tudo se tornou demasiado cristalino e limpo. Não detectamos caos, coração… Soa bem na rádio, mas aquilo não é verdadeiro, é tudo gerado por uma máquina. As bandas também são culpadas por deixarem outras pessoas tomarem este tipo de decisões nas suas gravações. Na minha opinião, os subtis erros criam o caos!
No vosso caso, a vontade de tocar é primordial. Basta ver que consumaram este projecto apenas 14 anos depois de conhecer o Shane…
Encontrávamo-nos, na altura, numa longa viagem e tivemos tempo para falar do passado. Foi aí que as coisas pareceram uma boa ideia. E como disse antes, o mais importante é: cerveja, trocar cassetes, vinis e passar um bom bocado.
Imagino o quão divertido seja então manter uma banda como os Venomous Concept – algo muito descomprometido…
Fazemos música extrema há muitos anos. É tão importante para nós como respirar. Portanto, as coisas não demoram muito tempo até ficarem prontas.
Podemos falar numa química especial entre si e o Shane? Afinal de contas preservaram uma ideia durante tantos anos, mesmo estando afastados um do outro…
Viciados em bandas não têm o que as pessoas costumam chamar “vidas normais”. Os nossos melhores amigos também não, por isso, cultivamos as nossas amizades na estrada. Estas experiências são comuns entre nós. Tendo a ter amigos em tudo o que é lado, menos onde vivo! [risos]
Que ambiente se viveu durante a concepção do “Poisoned Apple”?
Antes de mais, fazemos tudo para nos mantermos envolvidos com a música; aceitamos empregos malucos, temos estilos de vida malucos… Fazemos também tudo para tratar das nossas famílias. Trabalhar e interagir com o público pode dar-te cabo do cérebro. Trabalhei num restaurante durante os últimos cinco anos e quase me custava a sanidade mental e o casamento, por isso… Mas a “maçã envenenada” não me matará! [risos]
Na verdade, sentia-me curioso por saber como sobreviviam, ainda mais por ocuparam um nicho “extremo” do mercado musical que, na realidade, gera muito pouco dinheiro. Ao mesmo tempo admiro muito a vossa fidelidade para com as vossas raízes…
Podemos tocar qualquer tipo de música e ter sucesso, mas este é o que adoramos. Espero que as pessoas apreciem o que fazemos, mas para nós é tudo uma questão de amor pelo extremismo, pois este faz rolar muito pouco dinheiro. Penso que seja por isso que a nossa música soa mais honesta do que as fotocópias todas bem cozinhadas do mainstream.
“Poisoned Apple” é um disco mais directo e agressivo do que “Retroactive Abortion” e que evita alguma da sua técnica. Também é dessa opinião?
Bem, com o “Poisoned Apple” tomámos um rumo diferente. Metade do disco foi escrito e gravado em nove horas. Nada foi sobre-analisado. Este novo disco revela-se mais reaccionário, um músculo em movimento… Tudo foi gravado em um ou dois takes. Sim, nele existem erros, mas nós aceitámo-los. Faz parte do caos. Este disco é um “murro” de honestidade! Como o Shane costuma dizer: “Querem perfeição? Vão-se lixar”!
Vêem-se capazes de manter todos os vossos projectos a rolar ao mesmo tempo ainda mais numa altura em que os Brutal Truth estão de volta ao activo?
Os Brutal Truth acabaram de compor para o seu novo álbum e vão gravá-lo no final do ano. Prometo que vai “magoar-vos”! [risos] Trata-se de um animal diferente quando todo junto! Um “ruído” muito técnico e melodioso que soa a nada que ande por aí. Vai ser completamente bizarro e os fãs vão receber exactamente o que merecem. Os Venomous Concept significam uma abordagem mais directa. Encontro diferente satisfação em ambas as bandas.
Como podemos interpretar que tenha estado tantos anos afastado dos Brutal Truth? Será que começou a sentir o “bichinho” a roer cá dentro novamente?
Não propriamente. Continuo a mesma pessoa que sempre fui. Ando nessas andanças desde 1984 e esta paragem permitiu-nos evoluir e viver um bocado, sentir as coisas simples da vida. Neste momento, sinto-me mais completo e feliz do que nunca. Encontrei um equilíbrio – este é a chave para qualquer pessoa, em qualquer lugar. Descobre quem és, aceita-te e goza a tua vida. Não é o que fazes que te define, mas sim quem és e como vives com isso.
Recentemente, estiveram em Corroios e consta que a assistência não fez jus à importância do momento. Sentiu muita diferença entre este espectáculo e o vosso primeiro em Portugal, em 1994?
Bom, nessa altura tocámos no coração de Lisboa, desta vez foi nos arredores. Contudo, passei um bom bocado em ambas as alturas, penso até que um pouco diferente do que a maioria dos músicos. Defino um bom espectáculo quando te envolves e curtes o set. “Ruído” periférico, promotores, salas de espectáculos, dramas, não se compadecem comigo. Tem tudo muito mais a ver com: eu curti? As pessoas curtiram? Passei um bom bocado em ambos os concertos.
Como surgiu a ideia de convidar o Bruno Fernandes dos The Firstborn para cantar num dos vossos temas? Já se conheciam ou foi tudo fruto de um bom ambiente no backstage?
Não o conhecíamos. Acontece que, entretanto, tu conheces pessoas, passas um bom bocado com elas e a partir daí… O nosso palco é para toda a gente! [risos]
Mencionei há pouco a importância e características dos fãs actualmente. Relativamente à indústria discográfica pensa que se torna cada vez mais difícil encontrar uma editora capaz de se deixar seduzir por nomes tão extremos? Os Napalm Death parecem ter tido este problema a partir de certa altura…
Os Napalm Death e os Brutal Truth já partilharam este problema com editoras. Todas as editoras têm as suas questões, não só com a música extrema. É um negócio que está em causa e vão haver sempre diferenças de opiniões e ideais. A Ipecac é uma editora espantosa, mas queríamos fazer algo diferente. A Century Media tem sido fantástica e parece seguir os procedimentos correctos. Nós fazemos os discos e eles vendem-nos. Não nos metemos nos seus negócios e eles não se metem nos nossos. A forma como devia ser!
Embora toquem música extrema sempre conseguiram ter “luz verde” de um grande selo. Porque acha que acreditaram em vós?
Terias que lhes perguntar. Estou bastante contente com eles. Como disse, eles fazem o seu trabalho e nós o nosso.
Eventualmente, incomoda-vos supor que muita gente pode acorrer-vos por serem músicos com estatuto histórico?
Neste momento, nós escolhemos com quem queremos trabalhar…
O que diria aos músicos que têm demasiadas preocupações com dinheiro enquanto gerem as suas carreiras? Talvez dizer-lhes para se sentarem relaxadamente e beberem uma cerveja gelada?
Diria para pararem de se queixar. Não sabem nada durante os primeiros anos das suas carreiras. É às custas de trabalho árduo que se ergue uma carreira. Por isso, não sejam ingratos!
Tempo para uma mensagem de despedida…
Bebam e sejam alguém! [risos]
www.myspace.com/venomousconcept
Numa indústria onde tudo tende a ser o mais polido possível e sério, as coisas podem ganhar especial “graça” quando o objectivo é unicamente criar algo no calor do convívio com os amigos e reacendendo as memórias daquilo que nos marcou na nossa adolescência. Os elementos em questão poderiam até se dar ao luxo de não perder tempo com mais um projecto, enquanto gerem as activas carreiras dos grupos por que se popularizaram, mas enquanto fiéis companheiros e apaixonados pela música extrema, eis que Kevin Sharp [voz, Brutal Truth], Danny Lilker [baixo, Nuclear Assault, Brutal Truth], Shane Embury [guitarra, Napalm Death] e Danny Herrera [bateria, Napalm Death] geram um novo projecto onde cospem veneno punk/grind/crust segundo matrizes que bem conhecem. Neste momento dão à luz o segundo disco desta aventura musical simples mas de uma atitude cheia de encantos. Kevin Sharp falou-nos de “Poisoned Apple”, do seu regresso com os seminais Brutal Truth e de como se deve preservar o espírito metaleiro de outrora.
Algo que marcou negativamente o lançamento do vosso primeiro álbum – “Retroactive Abortion” – foi o facto de só terem actuado uma vez. Desta vez as coisas estão a ser preparadas para serem diferentes?
O que se passa é que todos nós temos uma série de coisas a acontecer ao mesmo tempo nas nossas outras bandas e vidas pessoais. O Shane e eu, por exemplo, casámo-nos e eu tenho uma filha; os Brutal Truth têm dado alguns concertos e gravado algum material; os Napalm Death também têm seguido o mesmo rumo… É difícil organizarmos o nosso tempo mantendo as coisas divertidas. Porém, em Agosto próximo devemos dar alguns concertos ainda antes dos Brutal Truth passarem pelo festival Hole In The Sky, na Noruega. Vou decidir esses pormenores quando o Shane acabar a tournée de promoção a “Smear Campaign”.
Possivelmente está cansado desta pergunta, mas será que as pessoas devem começar a encarar os Venomous Concept como algo mais do que um projecto paralelo?
Venomous Concept é, acima de tudo, uma amizade, quer estejamos com o Buzz [guitarrista original, entretanto, ausente por compromissos com os The Melvins] ou o Danny [Lilker] ou seja com quem for que eu, o Shane e o Danny [Herrera] decidirmos gravar ou tocar. Baseia-se tudo num grupo de velhos amigos que se juntam, bebem umas cervejas e ouvem cassetes. A única diferença é que compomos discos. Daí, chamem-nos banda, projecto… não nos importamos na verdade. Para nós, Venomous Concept é como sair e ter uma grande noite, só que sem ressaca! [risos]
O título do vosso novo disco – “Poisoned Apple” – pode significar uma confissão muito directa da vossa admiração pelos Poison Idea? Podemos também entender os Venomous Concept como um projecto retro onde os seus intervenientes satisfazem os seus desejos de infância?
A questão com os Venomous Concept é que existem sempre ligações a tudo: riffs, letras, arte... Encontramos neles vários significados, várias piadas privadas. Com o título deste álbum há ligações à arte. Parte dele surgiu por ter reparado que tudo o que tinha lido durante o processo de gravação do álbum foram livros para crianças! Do género, uma mistura entre “Snow White Holocaust” com “Doctor Seuss”. Então a minha escrita tornou-se rimas de difícil soletração. Mas o significado oposto reflecte os aspectos do trabalho de equipa deste disco; o trabalhador de colarinho azul a ir para o trabalho apenas para provar a “maçã”, o sonho… Matas-te a trabalhar para quê?
Na sua opinião, o actual mundo musical e seus fãs continuam receptivos à vossa brutalidade? As bandas clássicas do género tiveram o seu auge nos anos 80 até meados de 90. Sente a falta desses tempos?
Bem, eu penso que as gravações digitais e a indústria discográfica destruíram a alma da música. Com a gravação digital tudo se tornou demasiado cristalino e limpo. Não detectamos caos, coração… Soa bem na rádio, mas aquilo não é verdadeiro, é tudo gerado por uma máquina. As bandas também são culpadas por deixarem outras pessoas tomarem este tipo de decisões nas suas gravações. Na minha opinião, os subtis erros criam o caos!
No vosso caso, a vontade de tocar é primordial. Basta ver que consumaram este projecto apenas 14 anos depois de conhecer o Shane…
Encontrávamo-nos, na altura, numa longa viagem e tivemos tempo para falar do passado. Foi aí que as coisas pareceram uma boa ideia. E como disse antes, o mais importante é: cerveja, trocar cassetes, vinis e passar um bom bocado.
Imagino o quão divertido seja então manter uma banda como os Venomous Concept – algo muito descomprometido…
Fazemos música extrema há muitos anos. É tão importante para nós como respirar. Portanto, as coisas não demoram muito tempo até ficarem prontas.
Podemos falar numa química especial entre si e o Shane? Afinal de contas preservaram uma ideia durante tantos anos, mesmo estando afastados um do outro…
Viciados em bandas não têm o que as pessoas costumam chamar “vidas normais”. Os nossos melhores amigos também não, por isso, cultivamos as nossas amizades na estrada. Estas experiências são comuns entre nós. Tendo a ter amigos em tudo o que é lado, menos onde vivo! [risos]
Que ambiente se viveu durante a concepção do “Poisoned Apple”?
Antes de mais, fazemos tudo para nos mantermos envolvidos com a música; aceitamos empregos malucos, temos estilos de vida malucos… Fazemos também tudo para tratar das nossas famílias. Trabalhar e interagir com o público pode dar-te cabo do cérebro. Trabalhei num restaurante durante os últimos cinco anos e quase me custava a sanidade mental e o casamento, por isso… Mas a “maçã envenenada” não me matará! [risos]
Na verdade, sentia-me curioso por saber como sobreviviam, ainda mais por ocuparam um nicho “extremo” do mercado musical que, na realidade, gera muito pouco dinheiro. Ao mesmo tempo admiro muito a vossa fidelidade para com as vossas raízes…
Podemos tocar qualquer tipo de música e ter sucesso, mas este é o que adoramos. Espero que as pessoas apreciem o que fazemos, mas para nós é tudo uma questão de amor pelo extremismo, pois este faz rolar muito pouco dinheiro. Penso que seja por isso que a nossa música soa mais honesta do que as fotocópias todas bem cozinhadas do mainstream.
“Poisoned Apple” é um disco mais directo e agressivo do que “Retroactive Abortion” e que evita alguma da sua técnica. Também é dessa opinião?
Bem, com o “Poisoned Apple” tomámos um rumo diferente. Metade do disco foi escrito e gravado em nove horas. Nada foi sobre-analisado. Este novo disco revela-se mais reaccionário, um músculo em movimento… Tudo foi gravado em um ou dois takes. Sim, nele existem erros, mas nós aceitámo-los. Faz parte do caos. Este disco é um “murro” de honestidade! Como o Shane costuma dizer: “Querem perfeição? Vão-se lixar”!
Vêem-se capazes de manter todos os vossos projectos a rolar ao mesmo tempo ainda mais numa altura em que os Brutal Truth estão de volta ao activo?
Os Brutal Truth acabaram de compor para o seu novo álbum e vão gravá-lo no final do ano. Prometo que vai “magoar-vos”! [risos] Trata-se de um animal diferente quando todo junto! Um “ruído” muito técnico e melodioso que soa a nada que ande por aí. Vai ser completamente bizarro e os fãs vão receber exactamente o que merecem. Os Venomous Concept significam uma abordagem mais directa. Encontro diferente satisfação em ambas as bandas.
Como podemos interpretar que tenha estado tantos anos afastado dos Brutal Truth? Será que começou a sentir o “bichinho” a roer cá dentro novamente?
Não propriamente. Continuo a mesma pessoa que sempre fui. Ando nessas andanças desde 1984 e esta paragem permitiu-nos evoluir e viver um bocado, sentir as coisas simples da vida. Neste momento, sinto-me mais completo e feliz do que nunca. Encontrei um equilíbrio – este é a chave para qualquer pessoa, em qualquer lugar. Descobre quem és, aceita-te e goza a tua vida. Não é o que fazes que te define, mas sim quem és e como vives com isso.
Recentemente, estiveram em Corroios e consta que a assistência não fez jus à importância do momento. Sentiu muita diferença entre este espectáculo e o vosso primeiro em Portugal, em 1994?
Bom, nessa altura tocámos no coração de Lisboa, desta vez foi nos arredores. Contudo, passei um bom bocado em ambas as alturas, penso até que um pouco diferente do que a maioria dos músicos. Defino um bom espectáculo quando te envolves e curtes o set. “Ruído” periférico, promotores, salas de espectáculos, dramas, não se compadecem comigo. Tem tudo muito mais a ver com: eu curti? As pessoas curtiram? Passei um bom bocado em ambos os concertos.
Como surgiu a ideia de convidar o Bruno Fernandes dos The Firstborn para cantar num dos vossos temas? Já se conheciam ou foi tudo fruto de um bom ambiente no backstage?
Não o conhecíamos. Acontece que, entretanto, tu conheces pessoas, passas um bom bocado com elas e a partir daí… O nosso palco é para toda a gente! [risos]
Mencionei há pouco a importância e características dos fãs actualmente. Relativamente à indústria discográfica pensa que se torna cada vez mais difícil encontrar uma editora capaz de se deixar seduzir por nomes tão extremos? Os Napalm Death parecem ter tido este problema a partir de certa altura…
Os Napalm Death e os Brutal Truth já partilharam este problema com editoras. Todas as editoras têm as suas questões, não só com a música extrema. É um negócio que está em causa e vão haver sempre diferenças de opiniões e ideais. A Ipecac é uma editora espantosa, mas queríamos fazer algo diferente. A Century Media tem sido fantástica e parece seguir os procedimentos correctos. Nós fazemos os discos e eles vendem-nos. Não nos metemos nos seus negócios e eles não se metem nos nossos. A forma como devia ser!
Embora toquem música extrema sempre conseguiram ter “luz verde” de um grande selo. Porque acha que acreditaram em vós?
Terias que lhes perguntar. Estou bastante contente com eles. Como disse, eles fazem o seu trabalho e nós o nosso.
Eventualmente, incomoda-vos supor que muita gente pode acorrer-vos por serem músicos com estatuto histórico?
Neste momento, nós escolhemos com quem queremos trabalhar…
O que diria aos músicos que têm demasiadas preocupações com dinheiro enquanto gerem as suas carreiras? Talvez dizer-lhes para se sentarem relaxadamente e beberem uma cerveja gelada?
Diria para pararem de se queixar. Não sabem nada durante os primeiros anos das suas carreiras. É às custas de trabalho árduo que se ergue uma carreira. Por isso, não sejam ingratos!
Tempo para uma mensagem de despedida…
Bebam e sejam alguém! [risos]
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Nuno Costa