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Entrevista Witchbreed

O FEITIÇO DA SEDUÇÃO

Em 2006, como que com ideias de sair da “reforma antecipada”, Ares [ex-Moonspell] e Dikk [ex-Deepskin] decidiram entregar as suas almas a um novo projecto chamado Witchbreed. Os experientes músicos dedicaram-se com enorme afinco na criação da sonoridade dark/gothic/progressive metal que caracteriza os Witchbreed e, sobretudo, a elevá-la a um exigente patamar de maturidade, quer técnico quer de composição. Podendo contar com o portento vocal que é a madeirense Ruby e com a irrepreensível produção de Waldemar Sorychta [Moosnpell, Lacuna Coil, Samael], os Wicthbreed parecem confinados a um reconhecimento fácil e além-fronteiras, para o que já tem ajudado o contrato com a britânica Ascendance Records. A frontwoman e símbolo mais visível da banda, Ruby Roque, não se coibiu de comentar as boas reacções que “Heretic Rapture”, o seu álbum de estreia editado no final do mês passado, tem granjeado.

A Ruby é natural da Madeira. Depois de Alberto João Jardim e Cristiano Ronaldo, é a grande marca a sair do arquipélago. Concorda? [risos]
Claro que não concordo! [risos] Temos o Vinho da Madeira e o Bolo de Mel! Eu simplesmente percorri o que tinha a percorrer na ilha e era altura para outros voos...

Qual é a receita para ter umas cordas vocais tão… dotadas? Muitas aulas, herança genética?
[risos] Quero pensar que é genético. A minha familia é muito “musical”, adoro a voz do meu pai que também toca guitarra e é a minha grande inspiração; os meus tios e primos tambem cantam. Obviamente também tive aulas de canto desde muito pequena, que odiei, mas agora sei ver e admito que me ajudou imenso a nível técnico.

Segundo consta não estava muito confiante em relação a conseguir um lugar nos Witchbreed quando lhe foi feito o convite para fazer uma audição. Foi um caso particular ou normalmente não é muito confiante da sua voz?
É mesmo um caso de não gostar de audições. Eu era uma miudinha de aparelho nos dentes, tímida, num estúdio com dois músicos experientes e com um ar suspeito. [risos] Só fui à audição porque a minha amiga Vanessa fez pressão para eu aceitar o convite. Eu gravei a “Descending Fires” de aparelho nos dentes, por isso, não é falta de confiança na minha voz.

Neste momento os Extreme Attitude, a sua antiga banda, estão extintos?
Sim, estão. Foram uma grande e boa parte do meu crescimento como músico e eram, acima de tudo, meus amigos de infância. Foi muito bom e ainda mantemos contacto.

O facto de se ter mudado para Lisboa teve a ver com a sua entrada para a banda e o processo de composição de “Heretic Rapture”? Naturalmente, não me estou a querer meter na sua vida pessoal [risos], mas deduzo que o compromisso com os Witchbreed se tenha vindo a intensificar e a exigir bastante de todos…
Não. Eu já residia em Lisboa quando me convidaram para fazer a audição para os Witchbreed que na altura não tinham nome! Obviamente que exigiu muito de todos, mas nada teve a ver com a minha deslocação para Lisboa. Já cá residia há quase um ano.

Era ainda uma pessoa bastante inexperiente quando se juntou aos Witchbreed? Que papel teve o Dikk e o Ares na sua integração?
Não, não era assim tão inexperiente. Eu com 15 anos já cantava em casinos com musicos com idade de serem meus pais. Actuava em galas, gravava “jingles” para Rádios e TV. Tinha uma vida musical muito activa. Depois fui-me tornando amiga do actual chefe da Antena 3 da Madeira e fiz programas e muitas entrevistas. Foi muito bom. O Ares e o Dikk, foram muito importantes sim no mundo do Metal; o Ares já fez tours e sabe a loucura que é estar na estrada, como negociar com editoras, etc. O Dikk é o meu produtor preferido; é o meu director musical. Ele conduz-me quando estou a gravar e tudo soa melhor. Eles aí foram essenciais.

Sendo eles os mais experientes, são também quem assume a maior parte da composição ou você, o Filipe e o Tiago também surpreendem os veteranos com as suas ideias?
Obviamente que o grosso do trabalho recai nos ombros do Dikk e do Ares, mas em “Heretic Rapture” encontramos toques de todos os elementos da banda. E sim, muitas vezes eles ficam surpreendidos com as ideias de que os meninos novitos lá se vão lembrando! [risos]

Portanto, não há nenhum regime absolutista dentro da banda?
Hmmm… Só quando o Ares veste a farda do Hitler e o Dikk a do Mussolini! [risos] Existe o regime dos mosqueteiros!

E como se dá a oportunidade de se lançarem de forma tão profissional? Foi a experiência e contactos do Ares ou mera estratégia e uma ponta de sorte? Digo isso também porque, por exemplo, o Ares já trabalhou com o Waldemar Sorychta…
Digo-te que foi uma noite em que fiz pressão ao Dikk para ele acabar a masterização de duas faixas que iríamos lançar no Myspace, juntamente com uma imagem nova, e passado algumas horas dos temas estarem online recebemos algumas propostas, sendo a mais interessante a da Ascendance. O facto do Ares ter trabalhado no passado com o Waldemar, penso que ajudou, mas estávamos todos reticentes, pois eles já não se falavam há mais de dez anos. Mesmo assim, tudo correu bem, o Waldemar gostou do que ouviu e foi isso que o fez vir a Portugal.

O Waldemar espantou-se pelo Ares estar agora noutras andanças, a tocar um som mais pesado e tal… [risos]
Estás-te a rir, mas acredita que Moonspell tem malhas muito mais melódicas do que nós e o Ares toca peças muito mais complexas e dark do que em Moonspell. Retiras o gutural de Moonspell e tens uma banda gótica muito melódica. Retiras a minha voz de Witchbreed e tens uma banda extremamente pesada. Vá lá que ao menos dou uns toques a cantar! [risos]

Registou-se alguma história curiosa em estúdio?
Sim, aconteceram várias até. Estavam sempre a tentar raptar o nosso produtor do estúdio, ao ponto em que o Ares teve de desligar o telemóvel. Eu entendo que um produtor daqueles em Portugal chame a atenção a muitas bandas, mas é uma grande falta de respeito interromper o trabalho dos outros. Digamos que agora rimos da situação, mas na altura ficámos muito irritados, porque estávamos a meio da pre-produção.

Até que ponto acha que cresceram com o Waldemar, alguns num primeiro contacto e outros já num terceiro ou quarto como é o caso do Ares?
O Waldemar foi uma pessoa super humilde, extremamente cómica e super talentosa. O melhor é que existiu uma simbiose entre a banda e o Waldemar o que tornou tudo mais fácil e acabámos os trabalhos três dias mais cedo do que o previsto. Crescemos a nível profissional, subimos um patamar. O Waldemar deu-nos uns bons conselhos para o futuro e nós vamos segui-los à risca. Eu até podia dizer-te mas depois tinha de matar-te! [risos]

Bom, se é para valer informação preciosa... [risos]
Os segredos do Waldemar vão para a cova com a banda, desculpa! [risos] Os melhores "chefes" não dão os ingredientes das suas melhores receitas!

Vocês estudaram e pré-produziram sozinhos “Heretic Rapture” até à exaustão até requisitarem os préstimos do Waldemar. Estamos a falar de um período de um ano. O que vos absorveu mais esforço nesta etapa? Almejavam a perfeição?
O Waldemar pré-produziu também connosco. Acho que o pior foi mesmo os problemas técnicos; avariaram computadores e demoraram semanas a arranjar e a passar dados. Foi um stress. Quanto às composições até fluiram bem. Claro que fizemos várias versões da mesma música, sem saber o que soava melhor. Sim temos um grande defeito, todos nós somos demasiado perfeccionistas. E chegámos a ficar dia e noite em estúdio só para corrigir pequenas coisas. Mas no final vale a pena.

Perfeito é o refrão de “Rebel Blood”, provavelmente dos ganchos mais pegadiços que ouvi nos últimos tempos… É “culpa” de quem?
O culpado será o Dikk. Ele fez a linha de voz e eu enterpretei-a à minha maneira fazendo um pequeno ralentando na “…follow me…”.

Cantar em português foi uma ideia tida com que intuito?
Obviamente que ao lançar um álbum a nível internacional por uma editora britânica, teriamos que deixar o nosso cunho português! A “Heretica” é uma música triste como o nosso fado e quando o Ares mostrou-me a letra que tinha escrito eu identifiquei-me logo com ela. Cheguei a emocionar-me ao cantá-la quando digo “…sou Diva… da solidão…”.

Tem alguma cantora portuguesa como referência?
Não, não tenho.

Uma estreia por uma editora estrangeira é algo sempre de realce. Não me lembro de muitos casos nacionais em que isso tenha acontecido… Que se fiquem pelo exemplo dos Moonspell e não dos Icon & The Black Roses, por exemplo… [risos] Como se sentem com isso tudo?
Nós vivemos um dia de cada vez e nós não queremos ser como os Moonspell ou como os Icon, mas sim os Witchbreed e marcar uma nova página na música portuguesa. É ambicioso, eu sei, mas o sonho comanda a vida!

Foram muito exigentes convosco? Estão obrigados a vender metade do que o “Thriller” pelo menos? [risos]
O objectivo deste álbum é dar a conhecer os Witchbreed ao mundo. Chegar ao sítio mais remoto do mundo, é esse o objectivo de “Heretic Rapture”.

Outro motivo por que se devem sentir bastante orgulhosos, é o facto de terem tido airplay no programa do Bruce Dickinson na BBC. Como é que isso se proporcionou?
Ele descobriu a banda provavelmente pela nossa editora que tambem é inglesa e gostou, pois ninguem obriga o Bruce a passar nada no seu programa. Ele gostou da "Rebel Blood", rodou-a e comentou a banda. Podem ouvir isso no nosso Myspace.

Neste momento a banda está disponível para se entregar em força aos seus compromissos, entrar em digressão pela Europa, por exemplo, ou isso ainda não possível devido às vossas vidas pessoais?
Estamos 100% disponíveis para entrar em digressão se tal oportunidade acontecer. Quando fizemos os Witchbreed esclarecemos: ou estamos a 100% ou não estamos.

De momento, só têm três datas confirmadas, certo?
Sim, temos três datas em Portugal. Temos recebido outras propostas mas sem condições nenhumas. Já agora alerto às organizações que pretendem fazer eventos com bandas para que pensem bem antes, porque exige muita coisa. Já está na altura de as bandas portuguesas serem tratadas com respeito.

O Ares continua a ter contacto com o Fernando Ribeiro, correcto? Quer revelar-nos, ainda que possa sempre ser suspeito [risos], se ele já expressou a sua opinião sobre vocês?
Isso são assuntos deles. Eu não conheço pessoalmente o Fernando Ribeiro, não que eu saiba. Presumo que o Fernando Ribeiro tenha mais que fazer [como tentar cantar Amália?] do que estar a comentar o trabalho dos Witchbreed.

Não tarda leva-vos em digressão… [risos]
Não tarda nada o Elvis e o Michael Jackson vêm jantar à minha casa!

Num cenário tão coeso e promissor como o vosso, creio que só vos falta, para já, a gravação de um videoclip? Isto está a ser pensado?
Sim, mas sinceramente não é o aspecto mais importante. Nós queremos tocar e mostrar o nosso trabalho ao vivo, isso sim, é o mais importante.

www.myspace.com/witchbreed

Nuno Costa

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