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Entrevista Zao

PRESOS PELO MEDO

Os Zao sempre foram um banda que desafiou a mente dos seus fãs. Desde meados dos anos 90 que a banda de Greensburg, na Pennsylvania, lança álbuns diferentes, alternando entre trabalhos mais rock’n’roll, hardcore e outros mais metal. Este ano regressam com “The Fear Is What Keeps Us Here” e assinalam mais um “desvio” em relação ao que tinham feito anteriormente. Este novo disco mostra-se distante da fúria metalcore de “Funeral Of God”, sendo mais técnico, hardcore, contendo alguma melodia, resumindo bem, no fundo, a mentalidade experimental que a banda sempre mostrou ao longo da sua discografia. Em plena digressão americana com os Demon Hunter e Unspoken, o baterista Jeff Gretz falou para a SounD(/)ZonE.

Antes de mais, como está a decorrer a digressão com os Demon Hunter e Unspoken?
Bastante bem! Todas as noites os nossos espectáculos têm esgotado ou lá perto. Tem comparecido muitos fãs dos Zao e acredito que pessoas novas também. Para além disso, somos amigos dos Demon Hunter... eles desenharam a capa do nosso CD, por isso, sentimo-nos como uma família em tourné.

Para os açorianos, faz-nos um resumo da vossa história.
Não existe versão resumida da nossa história! (risos) Eu dirigiria as vossas atenções para o DVD de seis horas que lançámos no final do ano passado intitulado “The Lesser Lights Of Heaven”, o qual relata muito detalhadamente o longo e turbulento caminho da banda. Este contém três horas e meia de documentário, cerca de duas horas de cenas “cortadas”, dois concertos ao vivo e treze temas aleatórios da nossa carreira e, ainda, o vídeo de “The Rising End”. São dois DVD’s com tudo o que sempre desejou conhecer da carreira dos Zao e, provavelmente, também muito que não desejaria! Mas, resumidamente, formámo-nos em meados dos anos 90 em Pakersburg, em West Virginia, sendo que depois todos deixaram a banda excepto o baterista. Posteriormente, recrutou um série de pessoas de Greensburg e da Pennsylvania e aí nasceram os Zao como os conhecemos hoje. Este baterista consultou muitas pessoas antes de abandonar a banda... Mas, entretanto, cá estamos nós.

Achas que o facto de terem gravado o vosso novo álbum com o Steve Albini (Nirvana, Neurosis, High On Fire, Pixies) tornou o vosso som mais apocalíptico? Eu achei-o ainda mais sujo, embora claro, e com alguns resquícios de Neurosis...
Sim, ele grava sempre os discos dos Neurosis e nós gostamos realmente da banda, por isso, isso talvez ressalte um bocadinho. Nós queríamos mesmo que este disco soasse “sujo” e é assim que o Steve gosta de gravar. Por isso, saiu perfeito.

Li também que foi o Steve que se convidou para gravar o vosso novo disco no seu estúdio...
A sua namorada tinha algumas filmagens dos nossos concertos... Ele viu e ficou impressionado! Ele contactou a banda e mostrou interesse em gravar. Creio que a honestidade que emana das bandas é uma das coisas que o atrai mais e nós admiramos isso nele. Por isso, foi a combinação perfeita.

Os títulos dos vossos discos e os seus conteúdos líricos têm sempre uma mensagem muito forte e surgem sempre carregados de alguma controvérsia... “Funeral Of God” é exemplo disso e neste novo disco mantém-se aquela força enigmática tanto no seu título como no seu artwork... Queres explicar-nos melhor o que significa?
Estes estão sempre abertos a muitas interpretações. Após a um título tão directo como “Funeral Of God” fazia sentido agora fazer algo um bocadinho mais abstracto. Eu penso que isto funciona a determinados níveis e esta é, supostamente, a melhor arte. O medo é uma coisa distinta para cada pessoa e, por isso, é que este título é fixe.

Musicalmente, “The Fear Is What Keeps Us Here” está mais técnico. Podemos dizer que andaram com os ouvidos em bandas como The Dillinger Escape Plan? Afinal de contas, seria uma coisa natural uma vez que estiveram em digressão com eles o ano passado...
Nós todos temos um passado ligado a bandas mais técnicas, assim como ouvimos muitas cenas do género. Isto tudo se deu neste disco porque realmente eu, o Scott e o Martyr conseguimo-lo tornar possível tecnicamente. Eu penso que as capacidades técnicas dos antigos membros da banda sempre ocultaram um bocado essas influências. Para além disso, é bom ter material mais agressivo, uma vez que o mais antigo era um bocado mais básico. Isto torna os espectáculos ao vivo mais interessantes ao haver este contraste. Nós começámos a compor novo material exactamente após termos acabado a digressão com os The Dillinger Escape Plan, por isso, estou certo que isso se reflectiu em nós de alguma maneira. Como podes estar em tourné com uma banda como aquelas e não ficar “afectado”? (risos) Embora o novo trabalho se mostre mais dinâmico e hardcore, podemos ainda encontrar nele algumas passagens mais melódicas... Sim, nós somos fãs de Pop, por isso, não interessa o quão maluco o material se torne. Apesar de tudo, os nossos temas continuam a ter uma estrutura Pop muito básica.

No geral, como têm sido as reacções a este vosso novo trabalho?
O disco saiu há apenas uma semana, mas as pessoas já estão a cantar os seus novos temas... Por aí, penso que já é uma vitória. O que temos conseguido perceber das opiniões dos nossos fãs é que há um grande consenso... positivo! Em qualquer disco dos Zao existem sempre pessoas que dizem que é o melhor disco de sempre da banda e outras que dizem que é o pior. Nós apenas fazemos o que nos compete. Nós não ficamos chateados se as pessoas não gostarem dos nossos discos. Às vezes as pessoas demoram um bocadinho a compreender aonde está a tentar chegar uma banda se mudar o seu som... e os Zao mudam muito todas as vezes, por isso... Os fãs estão sempre a tentar compreender-nos. É por isso talvez que os Zao mantêm o interesse à sua volta após dez anos de carreira.

Para já o que reservam para a banda a nível de actividades?
Por agora vamos continuar a nossa digressão. Entretanto, já estamos a pegar em algumas ideias para o nosso próximo disco. Todos nós estamos a escrever nos nossos tempos livres. Nós estamos a pensar talvez em gravar algumas covers e ver o que acontece com elas. Veremos...

Algum comentário final para os fãs portugueses?
Sim... Nós precisamos de “sair” um bocado de vez em quando... Vamos “almoçar” juntos?! (risos)

www.zaoonline.com
www.ferretstyle.com

Nuno Costa
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