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Review

SPOILED FICTION
“Way To Live”

[EP – Edição de autor]

Grande foi a surpresa e o sentimento de conforto quando constatámos que Tiago Câmara e Isidro Paixão, ambos ex-Hemptylogic [uma banda que marcou a primeira metade da presente década nos Açores], continuavam à procura de novas experiências musicais juntos, após finda a actividade com a sua banda mais significativa até à data. Ainda maior foi a surpresa quando notámos que fecharam o line-up dos Spoiled Fiction com outro açoriano na guitarra – André Tavares [ex-Nableena, First Commandment] – e não menos surpreendente foi ver estes rapazes aliarem-se a outras duas pessoas bem conhecidas do panorama metálico nacional – “Pica” e “Bixo” dos Seven Stitches.

Esta formação de músicos experientes e promissores não deixavam grande lugar a dúvidas de que algo de minimamente consistente haveria de brotar de futuras manobras musicais. O EP “Way To Live” é então o primeiro fruto desta união, lançado no Verão deste ano, e que sumariamente prova bem isso. À primeira vista evidencia-se como um trabalho de uma banda que não é, claramente, debutante, logo afastando-se de alguns erros básicos, nem que seja pela óptima gravação a cargo do próprio André Tavares.

O universo musical aqui presente acaba também por não se afastar muito daquilo que fazem os Seven Stitches, embora a técnica, o peso e a inspiração ao nível dos riffs esteja uns furos acima da banda já citada. Esta comparação também encontra limites se entendermos que esta pode ser também perfeitamente uma versão melhorada dos Hemptylogic cuja personalidade aqui dificilmente se disfarça na totalidade, por razões óbvias. Tiago e André executam um trabalho muito interessante nas guitarras [piscando o olho a bandas como Machine Head, Lamb Of God ou mesmo Carcass], Isidro oferece uma bateria adequadamente forte, directa e técnica, “Bixo” dá, pelo baixo, a firmeza necessária as estes temas, faltando apenas a “Pica” um pouco mais de dinâmica nas suas vocalizações.

No que toca à sonoridade os Spoiled Fiction poder-se-ão incluir numa faixa estética onde o thrash ou hardcore se sobrepõem em convergência com uma empenhada postura moderna. Para além disso, absorve-se o seu som como algo manifestamente descomprometido. Não se registam inovações, nem preocupações com isso. Isso tanto tem pontos positivos como negativos, caso a banda aspire a feitos mais altos. Contudo, há sim espaço ao seu som já que a forma como é directo acaba por saber muito bem em certas circunstâncias, nomeadamente ao vivo.

Num prospecto final, fica a nota de que os seis temas e uma intro de “Way To Live” são a rampa perfeita para esta banda se lançar firmemente no nosso underground o que, aliás, tem vindo a acontecer com um número interessante de presenças ao vivo nos últimos meses. Contudo, sente-se ainda a máquina em início de actividade e à procura da melhor forma, já que temas como “Celebrate The Moment” não encontram paralelo no resto do trabalho. Será uma questão de tempo até encontrarem a homogeneidade ideal.
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