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Review

BLAKE
“Starbringer”

[CD – Ranch Music/ Recital]

Ora vejam se isto não é interessante, curioso, não menos pretensioso e até cómico: Blake é o nome de um estranho que a dada altura interpelou os membros da banda em questão num bar e lhes indicou devidamente todos os passos a seguir para se tornarem na maior banda rock que o universo alguma vez tenha conhecido! Ora, qual cordeirinho atrás do seu pastor, a verdade é que os membros da banda acabaram por se inspirar nesta enigmática personagem e decidiram mesmo baptizar a banda com o seu nome. Sendo assim, e porque não somos dados a ser levados nessas cantigas, é obvio que pegamos neste disco sem acreditar muito que isto fosse possível. Não que sejamos descrentes ou pessimistas, senão já não estávamos aqui, e até porque é na esperança que as bandas se superem de dia para dia que vivemos o nosso amor pela música, sem obsessões nem fanatismos, como é óbvio.

É por isso mesmo que, perante tanto “aparato” e pretensiosismo, só me apetece dizer: give me a break! Era, portanto, de esperar que as nossas expectativas saíssem goradas, facilmente – uma situação demasiado previsível perante tamanha fasquia que eles, ou melhor, o próprio Blake lhes impôs. E a verdade é mesmo essa. Os Blake não são a melhor banda rock do mundo [muito longe disso] mas, atenção, conseguem demonstrar apontamentos suficientemente interessantes para nos manterem atentos durante algumas audições. Um stoner rock bem construído, com uma composição musical bastante apelativa e riffs de guitarra, alguns extremamente bem conseguidos e de um peso que faz lembrar uns Kyuss ou Black Sabbath.

A voz de Aaro é que acaba por tombar a balança para o pior lado, já que nos parece uma mescla tão grande de tons vocais que acaba por soar a toda a gente, menos a ele próprio. E isto, obviamente, não é bom, pelo menos neste caso. Ora imaginem um Glen Danzig menos imponente, com o tom gótico de Peter Steele e a abordagem etílica de Jim Morrison e Ian Astbury. Pois é, a mistura até parece ser explosiva, mas o crédito não pode ser dado a alguém que se limitou apenas a pegar naquilo que existiu e misturá-lo sem se preocupar muito em empregar o seu cunho pessoal.

De resto, temas como “Starbringer”, “Evil Remains Evil” e “Junkie Is Coming” são verdadeiras malhas com riffs e solos soberbos de ficar no ouvido como uma óptima recordação. Verdadeiro feeling rock’n’roll, sem dúvida.

Igualmente interessante está “Walk In”, numa toada mid-tempo, onde se mistura o travo árido do rock com o charme do blues e a suavidade da música country. Um mimo! O problema é que, para além destas quatro faixas, todas as outras destoam muito do quadro principal, como se todas as outras “imagens” estivessem lá só para preencher o fundo, em tons pálidos, diga-se.

Serve-nos de conforto que a guitarra, esta, mostra-se sempre em bom plano e isto é, realmente, de louvar. Um bom disco apesar de tudo, mas fique o Sr. Blake convencido que ainda não foi desta que os seus conselhos serviram de receita mágica para tornar alguma banda de rock na maior do mundo.

[7/10] N.C.
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