Review
MOTÖRHEAD
“Inferno”
[CD – Steamhammer/SPV/Edel]
Se algum nome pudesse servir para descrever o verdadeiro espírito rock’ n’ roll, este seria Motörhead. Se alguma cabeça tem funcionado como autêntico “motor” a 16 válvulas nos últimos 27 anos, esta é, com certeza, a de Lemmy Kilmister. Todos já bem sabemos da influência que este senhor britânico representa para a maioria dos músicos e bandas que surgiram após o seu aparecimento em 1977. Todos bem sabemos que o valor de obras como “Ace Of Spades”, “Iron Fist” ou “Overkill” são autênticas heranças "multi-milionárias", isto falando em termos musicais, claro. Acrescentando a tudo isto o facto de que a banda sempre se manteve ao mesmo nível [não obstante um ou outro momento menos brilhante, o que para Motörhead significa um álbum bom numa escala média de excelente], nem nunca se deixou levar por modas que, entretanto, vieram e já se foram – sinal de um carácter muito vincado e de uma honestidade enorme perante aquilo que se cria. Podemos então dizer que estamos face a uma autêntica instituição no universo do "peso".
A prosseguir esta tradição está então este “Inferno” a colocar-se, certamente, entre os melhores álbuns de Motörhead. Toda a força e energia de Lemmy Kilmister estão contidas neste novo conjunto de 12 temas, onde o vocalista/baixista parece como que inalterado após tantos anos, como se estes não passassem por ele e não lhe retirassem qualquer fibra e irreverência. Lemmy encontra-se como um autêntico jovem de 20 anos.
Entre tão espantosa colecção de malhas, destacam-se as soberbas “Terminal Show”, “In The Name Of Tragedy”, “Fight” e “Down On Me”, pela potência abrasiva dos seus riffs. No cômputo geral, nenhuma faixa destoa, pela negativa, neste conjunto de temas, daí que seja difícil fazer, sem ser injusto, uma qualquer selecção de temas mais valiosos neste álbum. Trata-se, acima de tudo, de um álbum muito maduro, homogéneo e a transpirar coesão por todos os poros. No meio de tanta energia rock’n’roll, destoa apenas, não num sentido pejorativo mas meramente estilístico, a final “Whorehouse Blues – um exercício bluesy executado só com harmónica, guitarra acústica e voz mais limpa. A banda sonora perfeita para um qualquer filme western, repleto de cowboys sentados à mesa de um bar, a jogar às cartas e a regarem-se em whiskey.
De resto, surpresa ainda para a aparição de Steve Vai no tema de abertura, “Terminal Show”, onde executa um solo bem ao seu jeito. Apenas uma das cerejas em cima de um bolo confeccionado pelas chamas mais carbonizantes de um inferno chamado Motörhead.
[9/10] N.C.
“Inferno”
[CD – Steamhammer/SPV/Edel]
Se algum nome pudesse servir para descrever o verdadeiro espírito rock’ n’ roll, este seria Motörhead. Se alguma cabeça tem funcionado como autêntico “motor” a 16 válvulas nos últimos 27 anos, esta é, com certeza, a de Lemmy Kilmister. Todos já bem sabemos da influência que este senhor britânico representa para a maioria dos músicos e bandas que surgiram após o seu aparecimento em 1977. Todos bem sabemos que o valor de obras como “Ace Of Spades”, “Iron Fist” ou “Overkill” são autênticas heranças "multi-milionárias", isto falando em termos musicais, claro. Acrescentando a tudo isto o facto de que a banda sempre se manteve ao mesmo nível [não obstante um ou outro momento menos brilhante, o que para Motörhead significa um álbum bom numa escala média de excelente], nem nunca se deixou levar por modas que, entretanto, vieram e já se foram – sinal de um carácter muito vincado e de uma honestidade enorme perante aquilo que se cria. Podemos então dizer que estamos face a uma autêntica instituição no universo do "peso".
A prosseguir esta tradição está então este “Inferno” a colocar-se, certamente, entre os melhores álbuns de Motörhead. Toda a força e energia de Lemmy Kilmister estão contidas neste novo conjunto de 12 temas, onde o vocalista/baixista parece como que inalterado após tantos anos, como se estes não passassem por ele e não lhe retirassem qualquer fibra e irreverência. Lemmy encontra-se como um autêntico jovem de 20 anos.
Entre tão espantosa colecção de malhas, destacam-se as soberbas “Terminal Show”, “In The Name Of Tragedy”, “Fight” e “Down On Me”, pela potência abrasiva dos seus riffs. No cômputo geral, nenhuma faixa destoa, pela negativa, neste conjunto de temas, daí que seja difícil fazer, sem ser injusto, uma qualquer selecção de temas mais valiosos neste álbum. Trata-se, acima de tudo, de um álbum muito maduro, homogéneo e a transpirar coesão por todos os poros. No meio de tanta energia rock’n’roll, destoa apenas, não num sentido pejorativo mas meramente estilístico, a final “Whorehouse Blues – um exercício bluesy executado só com harmónica, guitarra acústica e voz mais limpa. A banda sonora perfeita para um qualquer filme western, repleto de cowboys sentados à mesa de um bar, a jogar às cartas e a regarem-se em whiskey.
De resto, surpresa ainda para a aparição de Steve Vai no tema de abertura, “Terminal Show”, onde executa um solo bem ao seu jeito. Apenas uma das cerejas em cima de um bolo confeccionado pelas chamas mais carbonizantes de um inferno chamado Motörhead.
[9/10] N.C.