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Enganando-te, engano-me a mim próprio

Realmente é difícil ficar-se preso por momentos de felicidade durante muito tempo. Este sentimento tão intenso quanto efémero pelo qual procuramos obsessivamente no nosso dia-a-dia como se de uma autêntica injecção de algo que nos provoque um clímax sensorial, físico ou espiritual, mas que rapidamente desaparece e assim reiniciamos a busca [vital] pela próxima dose.

Se o assunto me toca directamente? Não tenho dúvidas que sim. Contudo, a parte da lamúria e descontentamento que venho expressar não se prende com a SounD(/)ZonE. Corta-me, sim, é verdade, a felicidade de quem [ilusoriamente ou não, já nem interessa; com sentimento mais ou menos lúcido, também não interessa] adora este género musical e estilo de vida que lhe está aliado e, consequentemente, apoia e vive intensamente tudo o que concebe e serve de combustível para que esta grande engrenagem, mas sobretudo arte - o Heavy Metal -, funcione. Afecta-me, quer pensem que é só conversa ou não, que algo de mau aconteça a um músico, a um fã, a um/a promotor/a, a um organizador, a uma editora, distribuidora, revista, site, “and so on”…

Restarão dúvidas que em qualquer núcleo as coisas funcionam como uma cadeia, como uma sociedade onde nem se pode falar em maior ou menor preponderância/utilidade? Não se percebeu ainda que o menor que afecte o nosso próximo vai, com certeza, mais cedo ou mais tarde, afectar-nos a nós também? Ainda não se apercebeu toda essa “gentinha” que quer ter as suas bandas e alcançar sucesso [palavra esta, hoje em dia, cada vez mais podre, pois raríssimos são os casos em que revela algo sincero e de puras intenções] ou quer ouvir os discos das suas bandas preferidas e ir a todos os seus concertos, de que não conseguirão atingir os seus objectivos se algum elemento da cadeia começar a falhar? E não se interessam com isso? Será burrice ou teimosia? Dor de cotovelo ou arrogância? Tudo isto e, provavelmente, muitos outros adjectivos menos simpáticos…

Mas é a pura da verdade. Ainda me admira como é que ninguém falou nisso em fóruns [creio eu]. Sim, porque também não vou a todos. Mas pelo menos no que vou com maior frequência, por razões óbvias, ainda ninguém gastou nenhum caracter a construir um tópico sobre esse assunto. É verdade que as vidas pessoais, profissionais e económicas de cada um hoje em dia deixam-nos com muito pouco tempo e capacidade para executar certos actos, mas neste caso, nem é por aí… Mas pois, tem lógica. É precisamente por isso, por essa indiferença que venho aqui falar e invocar um assunto que merece ser falado.

É verdade que a Loud! anda a sair muito tarde, no fim do mês [nos Açores, claro] praticamente, mas digamos que apenas mudou o seu ciclo cronológico de edições. Não interessa, interessa é chegar-nos às mãos. Ora bom, quase me distraía de a comprar, certamente pelos atarefados tempos recentes passados a preparar o aniversário da SounD(/)ZonE, mas há horas lembrei-me que já tínhamos terminado Abril e já não comprava uma Loud! há bastante tempo. Fui a um quiosque perto, adquiri com enorme prazer mais um seu exemplar. Não resisto muito tempo a folheá-la mas colunas como o “Editorial” ou “Eternal Spectator” só faço questão de ler em circunstâncias e locais que me permitam realmente reunir a concentração devida para poder sorver, assimilar e digerir o seu conteúdo; opiniões de quem, quer queiram ou não, tem ideias ou experiências muito enriquecedoras para transmitir.

Desta vez a “refeição” não foi suave ou de fácil digestão… mas sim de temperos fortes que me deixaram azoado e a pedir por uma pastilha anti-acidez que ajudasse a acalmar o ardor que ia cá dentro. Não se trata de “lamber as botas” a ninguém. Aliás, vejo as polémicas e falta de consenso que a Loud! gera no continente. Talvez por isso, por residir num [outrora mais] calmo ilhéu, os lobbies, as mesquinhices e os enredos passam-me ao lado. Logo a minha análise é mais imparcial. Aqui limito-me a receber com enorme alegria as palavras sábias de quem, tanto ortograficamente, como em termos de cultura musical, sabe muito. Muitos pensam que isso é para todos, mas não é! Toda a gente hoje em dia quer ser jornalista musical [outros gostam mais de se apelidar “críticos musicais”] e ter a sua fanzine, o seu site, o seu blog, o seu fórum ou a sua revista. Ou então no que toca ao fã… Já ninguém quer ser só fã – quer-se também ser músico a todo o custo e a partir de certa altura começa-se a “inchar”, os egos crescem e facilmente a coisa descamba. Do tipo “tenho sabedoria e talento suficientes que me legitimem qualquer opinião e sinto-me capaz de impô-los sobre um qualquer suposto “sabichão” que pense que por andar há muitos anos nisso e a escrever para revistas sabe mais do que eu”. Há, primeiro, que ter respeito, muito respeito…

Contudo, o pressuposto deste texto não é directamente este. É verdade que muita gente tem [o que pelo menos nos Açores se diz] “mijo na cabeça”. Mania que sabe [para quem não está familiarizado com o termo], portanto. E isto, obviamente, mina uma comunidade e destrói a união necessária para que esta cresça e progrida.

Meus amigos, se pensavam que pelo menos a maior revista dedicada à promoção do Heavy Metal em Portugal vivia “desafogada”, concretamente em termos financeiros, recolham completamente a vossa ideia. Para quem não tem o hábito de ler os editoriais do nosso prezado José Miguel Rodrigues, director da Loud!, então que passe a ler ou pelo menos confira o último que assinou.

A Loud! atravessa um momento difícil ao ponto de, pela primeira vez, levar os seus responsáveis a colocarem em causa a sua continuidade! A Loud! pode[!] mesmo deixar de existir caso quem diz adorar, apreciar ou amar [o que for] o Heavy Metal, não preste o devido apoio à entidade mais forte, importante e competente em Portugal no acto de promover o Heavy Metal. Nada é perfeito, a Loud! também não o será, mas é impreterível que se comece a apoiar esta ilustre instituição condignamente, sob pena de passarmos a ser um país “iletrado” e um buraco no mapa europeu no que concerne a Heavy Metal press media.

A velha conversa: qual a importância dos meios de comunicação social para o “girar” de uma sociedade? Bom, nem vale a pena falar disso… Quem tiver fraqueza de espírito vai continuar a tê-la, infelizmente, e a não perceber este assunto. Aos que tentam arrancar essa ignorância de muitas pessoas arriscam-se a prejudicar-se e a perder tempo [e dinheiro] da sua vida.

Leiam o editorial #87, edição de Abril, da revista Loud! e perceberão melhor do que estou a falar. Uma lástima, uma vergonha o ponto a que este povo “metaleiro” chegou…. Ainda me dá vontade de rir [agora falando de um caso “caseiro”, pois tenho que falar é daquilo que sei e vejo], recordo-me de um comentário de um músico açoriano: “Sabes que não tenho o hábito de ler este tipo de revista”... Mais tarde, já a sua banda estava atrasada para mandar material biográfico para a “Scene Report Açoriana” e perguntam-me: “Man, sabes se ainda vou a tempo para mandar material nosso para a Loud!?”

Bom, nem é preciso dizer mais nada… Cheira-me tudo a um nojento jogo de interesses… Lamentável.

Nuno Costa

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