Review
A LONE VARIANT
“Lo-Fi Experiments From A Dying Supernova”
[EP – Edição de autor]
Se é reconhecido que o Metal e seus subgéneros gozam de um movimento intenso nos Açores, em termos de quantidade e, porque não dizê-lo, qualidade, fica aqui mais uma vez provado que nos últimos tempos a região tem progredido muito em termos de diversidade. Seguindo esta tendência, Janeiro de 2009 trouxe ao universo local uma banda de stoner/sludge rock pelo guitarrista e programador Diogo Lima.
Perante a seriedade, sentimento e entrega que este aqui demonstra, com apenas 16 anos idade [!], somos imediatamente forçados a fazer-lhe a vénia. Em vez das tendências normais do mainstream que banham as adolescências dos seus colegas de liceu, Diogo vai beber as suas influências a um som muito mais complicado de digerir e compreender. O jovem micaelense é devoto de bandas lendárias como Melvins, Kyuss, Pink Floyd, Neurosis e Electric Wizard e outras mais recentes como Cult Of Luna, Earth, Isis ou Mastodon. Perante isto, não será difícil de imaginar a atmosfera densa que aqui se respira.
A “descolagem” etérea e hipnotizante para a viagem que é este disco, em “The Takeoff”, invocando fortemente Earth, é como que um feitiço que ameaça não ter cura. Desta curta introdução, o disco endurece com o tema título a atinge uma sordidez decadente à Neurosis durante uma qualquer sessão no deserto regada com alguns narcóticos. O disco tem uma dinâmica pouco linear e logo de seguida temos o interlúdio sereno e “espacial” “Where’s Lucy” que abre caminho a mais uma vagarosa incursão por caminhos verdadeiramente lodosos em “404 – A Lone Variant”. Perante um cenário desses, a homenagem a Electric Wizard, ainda que encurtada, pela versão de “Satanic Rites Of Drugula”, acaba perfeitamente por se justificar e enquadrar. A demonstrar a sua faceta mais stoner chega-nos “25th Century Conqueror [Soul/Machine], com a colaboração vocal de Cristóvão Ferreira dos conhecidos locais Spank Lord, que podia muito bem estar num álbum de Kyuss ou Queens Of The Stone Age. Esta viagem fecha com “Rest In Fire”, talvez o tema mais distorcido deste EP, com uma prestação vocal do também convidado Fábio “Sopas” Pereira a lembrar por momentos Marilyn Manson.
Com tudo isso, é também importante referir o cuidado gráfico que Diogo Lima teve com este trabalho e as condições “caseiras” em que captou estes temas que, no entanto, diga-se, não precisavam de muito mais tal é a sujidade que este espectro requer. Num balanço final, é impossível reconhecer mérito ao seu autor já que nesta idade podia a estar a fazer ou a tocar muitas outras coisas mais… óbvias. E para um projecto com apenas cinco meses, gerado num sítio adverso a estas sonoridades como os Açores, o resultado era difícil de soar melhor. Não é perfeito, em termos de composição e mesmo técnicos, para além de que ficamos com a sensação que o músico ainda não delineou bem o seu próprio caminho, soando muitas vezes “Lo-Fi Experiments…” a um disco de homenagem a todos os ídolos que o inspiram. Porém, com mais alguma experiência e esclarecimento este pode ser um projecto de destaque no cenário sludge/stoner rock nacional.
“Lo-Fi Experiments From A Dying Supernova”
[EP – Edição de autor]
Se é reconhecido que o Metal e seus subgéneros gozam de um movimento intenso nos Açores, em termos de quantidade e, porque não dizê-lo, qualidade, fica aqui mais uma vez provado que nos últimos tempos a região tem progredido muito em termos de diversidade. Seguindo esta tendência, Janeiro de 2009 trouxe ao universo local uma banda de stoner/sludge rock pelo guitarrista e programador Diogo Lima.
Perante a seriedade, sentimento e entrega que este aqui demonstra, com apenas 16 anos idade [!], somos imediatamente forçados a fazer-lhe a vénia. Em vez das tendências normais do mainstream que banham as adolescências dos seus colegas de liceu, Diogo vai beber as suas influências a um som muito mais complicado de digerir e compreender. O jovem micaelense é devoto de bandas lendárias como Melvins, Kyuss, Pink Floyd, Neurosis e Electric Wizard e outras mais recentes como Cult Of Luna, Earth, Isis ou Mastodon. Perante isto, não será difícil de imaginar a atmosfera densa que aqui se respira.
A “descolagem” etérea e hipnotizante para a viagem que é este disco, em “The Takeoff”, invocando fortemente Earth, é como que um feitiço que ameaça não ter cura. Desta curta introdução, o disco endurece com o tema título a atinge uma sordidez decadente à Neurosis durante uma qualquer sessão no deserto regada com alguns narcóticos. O disco tem uma dinâmica pouco linear e logo de seguida temos o interlúdio sereno e “espacial” “Where’s Lucy” que abre caminho a mais uma vagarosa incursão por caminhos verdadeiramente lodosos em “404 – A Lone Variant”. Perante um cenário desses, a homenagem a Electric Wizard, ainda que encurtada, pela versão de “Satanic Rites Of Drugula”, acaba perfeitamente por se justificar e enquadrar. A demonstrar a sua faceta mais stoner chega-nos “25th Century Conqueror [Soul/Machine], com a colaboração vocal de Cristóvão Ferreira dos conhecidos locais Spank Lord, que podia muito bem estar num álbum de Kyuss ou Queens Of The Stone Age. Esta viagem fecha com “Rest In Fire”, talvez o tema mais distorcido deste EP, com uma prestação vocal do também convidado Fábio “Sopas” Pereira a lembrar por momentos Marilyn Manson.
Com tudo isso, é também importante referir o cuidado gráfico que Diogo Lima teve com este trabalho e as condições “caseiras” em que captou estes temas que, no entanto, diga-se, não precisavam de muito mais tal é a sujidade que este espectro requer. Num balanço final, é impossível reconhecer mérito ao seu autor já que nesta idade podia a estar a fazer ou a tocar muitas outras coisas mais… óbvias. E para um projecto com apenas cinco meses, gerado num sítio adverso a estas sonoridades como os Açores, o resultado era difícil de soar melhor. Não é perfeito, em termos de composição e mesmo técnicos, para além de que ficamos com a sensação que o músico ainda não delineou bem o seu próprio caminho, soando muitas vezes “Lo-Fi Experiments…” a um disco de homenagem a todos os ídolos que o inspiram. Porém, com mais alguma experiência e esclarecimento este pode ser um projecto de destaque no cenário sludge/stoner rock nacional.
[7/10] N.C.
Estilo: Stoner/Sludge Rock
Discografia:
- “Lo-Fi Experiments From A Dying Supernova” [EP 2009]
www.myspace.com/alonevariant