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Review

TRAIL OF TEARS
"Existentia"

[CD - Napalm Records/Recital]

Os Trail Of Tears são um daqueles casos em que dá realmente gosto ver como crescem a olhos vistos de disco para disco. Aliás, nesta altura já nada têm a provar, pois já com a edição de "A New Dimension Of Might" [2002] se percebeu que esta banda tem um certo talento inato e carisma muito próprio. O sucessor de "Free Fall Into Fear" [2005] surge numa fase muito conturbada da vida desta banda norueguesa que viu a sua vida por um fio, no final de Novembro passado, quando se deparou com um "rombo" financeiro, concluída que estava a sua tournée no México. O vocalista Ronny Thorsen é o grande responsável por "Existentia" ter chegado, em Janeiro passado, aos escaparates, pois nem voluntariado-se para pagar todas as dívidas os restantes elementos do grupo recuaram na decisão de abandonar o colectivo. Qual "guerreiro" ou visionário, a verdade é que Thorsen devia estar verdadeiramente convicto das capacidades deste disco e, felizmente, para nós, conseguimos ter acesso a mais estes dez temas dos Trail Of Tears que constam do melhor que estes noruegueses já fizeram.

A sonoridade do grupo já não é estranha a ninguém, mas todos também saberão que não é algo puro que possamos digerir facilmente se tivermos algum tipo de preconceito. É de metal gótico profusamente ligado ao death e dark metal que aqui tratamos, mas com um certo declínio para a experimentação. Para além da sua [já habitual] primazia na hora de compor, os Trail Of Tears apresentam neste álbum, novamente, uma voz feminina que acaba por ser uma das maiores surpresas desta novidade. A francesa Emmanuelle Zolda é senhora de uma capacidade vocal absolutamente faustosa, que atinge tanto registos barítonos como [alguns] sopranos. Mas realça-se a doçura e a envolvência da sua voz que, em casos como "The Closing Walls" ganham ainda mais afectividade pelo seu sotaque francês. Agora imaginem isso com a voz agressiva e gutural de Ronny Thorsen e a voz limpa, também tremenda - por vezes quase tenor -, de Kjetil Nordhus e acharão uma das melhores simbioses vocais da actualidade.

Poderíamos destacar ainda alguns elementos electrónicos que subtilmente se passeiam por "Existentia", os teclados sempre presentes e tão fulcrais, as guitarras muito pesadas e com uma sonoridade muito moderna ou ainda o baixo que aqui tem uma produção particularmente cuidada e que lhe dá uma saliência contagiante, mas os Trails Of Tears representam, acima de tudo, uma unidade consistente e sólida como uma parede de cimento.

Contudo, apesar de ainda não se ter percebido bem em que situação interna a banda se encontra, a verdade é que Thorsen se recusa a reclamar o seu fim e, para além disso, Cathrine Paulsen, vocalista da banda entre 2000 e 2003, voltou às suas fileiras recentemente, mais precisamente no início de Fevereiro. Se isto for um indício de que a banda está a reencontrar a sua estabilidade, só temos motivos para sorrir, pois estes noruegueses são um dos projectos mais interessantes na actual cena death/dark/goth.

[8/10] N.C.
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