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Review

TERRORIZER
“Darker Days Ahead”

[CD – Century Media/Recital]

Quase como um prenúncio nos surge o novo disco dos Terrorizer. É quase motivo de arrepio na espinha olharmos para o título do disco sabendo hoje do trágico desaparecimento de Jesse Pintado, guitarrista e principal mentor desta lendária banda. Cinco dias depois de ser lançado "Darker Days Ahead", o ex-Napalm Death e Lock Up faleceu de doença no fígado num hospital holandês, criando grande choque na comunidade metaleira.

Embora ninguém esperasse que a banda regressasse ao activo 17 anos depois do seu último álbum, foi com agrado que os fãs de uma das bandas percursoras – os próprios pais para alguns – do grindcore receberam esta notícia. Apenas com metade do seu line-up original, os Terrorizer ensaiaram o seu regresso nas pessoas de Jesse Pintado e Pete Sandoval [Morbid Angel], recorrendo ao baixista e guitarrista Tony Norman [Morbid Angel, ex-Monstrosity] e ao vocalista Anthony Rezhawk [Resistant Culture] para fazer renascer este nome. Se os receios de que um período de interregno tão grande pudesse provocar qualquer tipo de “desgaste” nos conceitos musicais destes músicos, ou mesmo que o espírito já não fosse igual, havendo ainda o peso de uma referência histórica como “World Downfall” – o seu disco de estreia -, “Darker Days Ahead” revela aos primeiros temas que a essência está lá mas as pretensões são outras. Voluntário ou não, talvez nunca saberemos, a verdade é que os Terrorizer incutiram uma grande insígnia Death e Thrash metal neste trabalho, sendo já confirmadas as repercussões negativas que esta mudança provocou nos fãs mais antigos da banda. De facto, este é um trabalho diferente. As velocidades são, no cômputo geral, mais compassadas – embora Sandoval nunca “amoleça” a sua forma de percutir a bateria -, os riffs são algo minimais mas sempre venenosos e a voz de Anthony Rezhawk é uma digna sucessora da de Óscar Garcia, plena de garra em todas as palavras e refrões que cospe. De entre as mais-valias deste disco apontam-se “Crematorium”, “Mayhem” e “Victim Of Greed”, indo ainda um dos grandes destaques para “Death Shall Rise V.06”, uma versão do tema clássico do seu debuto.

Para alguns é notória a incapacidade de romper com o passado e a nostalgia parece fechar um pouco os horizontes, principalmente dos fãs incondicionais da banda. Mas seja pelo longo tempo que passou e que transforma naturalmente as pessoas, é compreensível que este disco soe diferente. Mas pensando bem, quem sabe se este disco não poderia ter saído da mesma forma um ou dois anos após o lançamento de “World Downfall”? Como mentes criativas e muito sui generis que são as de Jesse Pintado e Pete Sandoval, a ideia aqui poderia ser exactamente a de não repetir a mesma fórmula do passado. Admiro por um lado a ideia que os Terrorizer deixam de não querer viver às custas de um passado musical glorioso, mas, por outro, admito que este também não é um disco brilhante.

[7/10] N.C.
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