Review
DREAM THEATER
“Train Of Thought”
[CD – Elektra/Warner Music]
Tudo parece já ter sido dito em relação a esta lendária banda nova-iorquina. Uma carreira impressionante e histórica, de músicos irreais que despejam em cada álbum todo um requinte, uma sensibilidade e um tecnicismo fora de qualquer paralelismo humano. Cada trabalho deste colectivo torna-se inevitavelmente numa obra-prima do género e num marco para o metal em geral. E “Train Of Thought” não foge certamente à regra.
“Train Of Thought” é mais um álbum surpreendente de Dream Theater que nos prova que esta é uma banda que consegue soar sempre diferente de si própria mesmo que isso pareça tarefa impossível. O que temos aqui mais uma vez é a prova de que esta é uma banda inesgotável, polivalente, capaz de se ultrapassar a si mesma, hasteando sempre a bandeira do experimentalismo sem barreiras, o que faz dessa banda um mar de sensações que caí realmente no infinito!
E é por isso mesmo, ironicamente, que há sempre muito a dizer sobre Dream Theater. Em termos estético-sonoros, “Train Of Thought” cresce em peso e força à semelhança do que o anterior “Six Degrees Of Inner Turbulence” já havia previsto. Aliás, podemos mesmo assistir a uma deliciosa colagem de um pequeno excerto de “The Glass Prison” a um dos temas novos, como se tudo funcionasse como uma peça em vários actos interligados em que necessitamos de retroceder no tempo para percebermos o que vem a seguir. Com o single “As I Am” os seus primeiros segundos retomam de novo a ideia de interligação iniciando-se curiosamente com o mesmo som com que termina o anterior trabalho. De resto, é bem representativo do que um single exige e resume bem o que podemos esperar desta nova proposta.
Este é o álbum mais directo de Dream Theater, definitivamente orientado para ritmos mais pesados sem, no entanto, nunca perder o sentido melódico. Neste tema podemos ainda testemunhar um dos solos mais acutilantes de toda a carreira de John Petrucci. Aliás, este álbum traz-nos um Petrucci verdadeiramente endiabrado! A simbiose de momentos mais directos e refrões contagiantes acabam inevitavelmente por atracar em situações de extâse e virtuosismo subliminar como se pode testemunhar na fase final de “This Dying Soul”. “Endless Sacrifice” ameaça abrandar o ritmo da nossa circulação que por esta altura já fervilha. Uns primeiros cinco minutos em tom de balada intersectados por um ritmo poderoso que quebra a maresia e nos leva mais uma vez a um turbilhão de sentimentos. Logo de seguida, Mike Portnoy convida a um ouvido mais atento com uma entrada disparada e uma sequência deliciosa em contratempo no início de “Honour Thy Father”. Mais surpreendente que isso são os registos de James Labrie que neste tema se aproximam de algo como... rap! Com “Vacant” chega então o momento mais calmo do disco. Um pequeno oásis de melancolia e introspecção suportado pelo piano de Jordan Rudess e embalado pelas melodias do violoncelo de Eugene Friesen, músico convidado para o efeito. Tema este que dá a base rítmica para os seguintes 11 minutos do instrumental “Stream Of Consciousness”. Sem vozes mas com uma melodia que fala por si própria, este é mais um momento marcante do disco. A terminar os 70 minutos que totalizam a duração dos sete temas de “Train Of Thought”, aparece “In The Name Of God”, o tema mais longo do álbum e que resume e fecha com chave de ouro tudo o que se passa neste disco. Um ritmo balançado e poderosíssimo, um refrão pleno de melodia e magnetismo, uma fase intermédia de virtuosismo e um piano cintilante a fechar o trabalho.
Para os mais puristas este será um disco difícil de assimilar no início mas realizem estes que é precisamente de experimentalismo que vive o metal progressivo. Mas creio que não tardará nada e mesmo estas pessoas estarão já em plena sintonia com a magnífica viagem que este teatro de sonho mais uma vez nos proporciona.
[9/10] N.C.
“Train Of Thought”
[CD – Elektra/Warner Music]
Tudo parece já ter sido dito em relação a esta lendária banda nova-iorquina. Uma carreira impressionante e histórica, de músicos irreais que despejam em cada álbum todo um requinte, uma sensibilidade e um tecnicismo fora de qualquer paralelismo humano. Cada trabalho deste colectivo torna-se inevitavelmente numa obra-prima do género e num marco para o metal em geral. E “Train Of Thought” não foge certamente à regra.
“Train Of Thought” é mais um álbum surpreendente de Dream Theater que nos prova que esta é uma banda que consegue soar sempre diferente de si própria mesmo que isso pareça tarefa impossível. O que temos aqui mais uma vez é a prova de que esta é uma banda inesgotável, polivalente, capaz de se ultrapassar a si mesma, hasteando sempre a bandeira do experimentalismo sem barreiras, o que faz dessa banda um mar de sensações que caí realmente no infinito!
E é por isso mesmo, ironicamente, que há sempre muito a dizer sobre Dream Theater. Em termos estético-sonoros, “Train Of Thought” cresce em peso e força à semelhança do que o anterior “Six Degrees Of Inner Turbulence” já havia previsto. Aliás, podemos mesmo assistir a uma deliciosa colagem de um pequeno excerto de “The Glass Prison” a um dos temas novos, como se tudo funcionasse como uma peça em vários actos interligados em que necessitamos de retroceder no tempo para percebermos o que vem a seguir. Com o single “As I Am” os seus primeiros segundos retomam de novo a ideia de interligação iniciando-se curiosamente com o mesmo som com que termina o anterior trabalho. De resto, é bem representativo do que um single exige e resume bem o que podemos esperar desta nova proposta.
Este é o álbum mais directo de Dream Theater, definitivamente orientado para ritmos mais pesados sem, no entanto, nunca perder o sentido melódico. Neste tema podemos ainda testemunhar um dos solos mais acutilantes de toda a carreira de John Petrucci. Aliás, este álbum traz-nos um Petrucci verdadeiramente endiabrado! A simbiose de momentos mais directos e refrões contagiantes acabam inevitavelmente por atracar em situações de extâse e virtuosismo subliminar como se pode testemunhar na fase final de “This Dying Soul”. “Endless Sacrifice” ameaça abrandar o ritmo da nossa circulação que por esta altura já fervilha. Uns primeiros cinco minutos em tom de balada intersectados por um ritmo poderoso que quebra a maresia e nos leva mais uma vez a um turbilhão de sentimentos. Logo de seguida, Mike Portnoy convida a um ouvido mais atento com uma entrada disparada e uma sequência deliciosa em contratempo no início de “Honour Thy Father”. Mais surpreendente que isso são os registos de James Labrie que neste tema se aproximam de algo como... rap! Com “Vacant” chega então o momento mais calmo do disco. Um pequeno oásis de melancolia e introspecção suportado pelo piano de Jordan Rudess e embalado pelas melodias do violoncelo de Eugene Friesen, músico convidado para o efeito. Tema este que dá a base rítmica para os seguintes 11 minutos do instrumental “Stream Of Consciousness”. Sem vozes mas com uma melodia que fala por si própria, este é mais um momento marcante do disco. A terminar os 70 minutos que totalizam a duração dos sete temas de “Train Of Thought”, aparece “In The Name Of God”, o tema mais longo do álbum e que resume e fecha com chave de ouro tudo o que se passa neste disco. Um ritmo balançado e poderosíssimo, um refrão pleno de melodia e magnetismo, uma fase intermédia de virtuosismo e um piano cintilante a fechar o trabalho.
Para os mais puristas este será um disco difícil de assimilar no início mas realizem estes que é precisamente de experimentalismo que vive o metal progressivo. Mas creio que não tardará nada e mesmo estas pessoas estarão já em plena sintonia com a magnífica viagem que este teatro de sonho mais uma vez nos proporciona.
[9/10] N.C.