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Review

FIONA AT FORTY
“Bloodloss Is A Sport”

[CD – Raging Planet]

Inspirados pela coragem, força de vontade e amor pela arte de Fiona – a personagem “alter ego” aqui adoptada –, os Fiona At Forty, de Lisboa, apresentam-se como mais uma consistente amostra do que o underground português tem conseguido gerar nos últimos tempos. Experientes em palco e com vários anos de luta pela estrada, este quinteto da capital chega agora ao seu, merecido, primeiro disco, depois de, em 2003, ter deixado boas indicações com o seu EP de estreia. “Bloodloss Is A Sport” é um exercício digno de emo, screamo, punk/core com doses equilibradas de tensos ritmos e melodias pop. A receita é sobejamente utilizada no estrangeiro e a importação já se nota pelos inúmeros nomes que têm florescido, nesses meandros, no nosso país ultimamente – Ella Palmer, One Hundred Steps, My Cubic Emotion e The Aster, só para citar alguns. O bom disto tudo é que todos esses nomes apresentam uma classe acima da média ou pelos menos equiparável à de tantos outros nomes mais populares por esse mundo fora, o que para um país como Portugal, em franca expansão musical, é, obviamente, animador e lisonjeiro.

Contudo, “Bloodloss Is A Sport” ainda denota todas as falhas e fraquezas de uma banda jovem que, não obstante os anos de estrada, ainda precisa trabalhar para solidificar a sua personalidade. A proximidade ao trabalho dos texanos At The Drive-In é um realce tanto pela positiva como pela negativa. Pela positiva pelas razões óbvias – a qualidade da banda – e pela negativa pelo excessivo peso que estes exercem nas suas composições. Não sendo um disco perfeito, longe disso, mas muito longe de ser enfadonho, “Bloodloss Is A Sport” é, contudo, um trabalho que convence, quer pela coesão na execução, gravação e composição – embora, ainda precisem aperfeiçoar com a devida operância um dos aspectos que se pede neste estilo – os refrões arrebatadores.

Deambulando por temas mais irreverentes e outros mais “desesperantes” com a profundidade sentimental do emo a vir ao de cima, é, porém, nos pormenores jazzísticos que percorrem temas como “Elephantiasis” e “Worn-Out Shoebox” que residem as maiores “delícias” deste trabalho. E por falar em pormenores jazzísticos, a banda brinda-nos aqui com uma excelente versão do clássico “My Funny Valentine” de Richard Rodgers.

Apesar dos pontos positivos aqui apontados, é verdade que a escuta de “Bloodloss Is A Sport” deixa-nos de sentimentos e juízos algo confusos - um bom disco, mas que, no entano, deixa pouco na memória para lá da sua escuta. O que é certo é que, por enquanto, os Fiona At Forty vão deixar-nos a exigir mais deles, já que o talento está bem patente e acreditamos que não será preciso chegar aos 40 para puderem fundir todo o seu potencial. Como os próprios referem, metaforicamente em dados biográficos, “algo grande nunca é criado subitamente... deixemo-lo primeiro florescer, criar fruto e amadurecer”. “Bloodloss Is A Sport” é, definitivamente, um bonito rebento.

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