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Review

DECAPITATED
“Organic Hallucinosis”

[CD – Earache/Megamúsica]

Há bandas que, por razões óbvias, ainda nos escapam ao conhecimento. Mas, felizmente, pelas condições que se vão criando aos poucos e através do crescimento que a nossa publicação vai alcançando, é-nos cada vez mais possível estar a par do mercado de lançamentos e assim evitar que certos [grandes] nomes nos passem, tragicamente, ao lado. Um desses exemplos é o dos Decapitated, que já vão no seu quarto lançamento, mas só agora chegam ao nosso conhecimento.

No entanto, clarifique-se que a vontade de pesquisar sobre o seu passado ficou aguçadíssima após ouvirmos “Organic Hallucinosis. Isto porque este é um álbum excelente, de uma banda cheia de talento e que consegue, de facto, arejar um pouco a coisa nos meandros do death metal. É certo que não estamos perante uma obra revolucionária, mas que carrega uma convicção enorme no sentimento musical e inovativo do estilo. Os Decapitated são um dos maiores nomes da cena death polaca, formados em 1996, tinham na altura os seus membros uma média de 14 anos. Hoje em dia, mais adultos, já ninguém duvida das suas capacidades, e este álbum é certamente o mais bem conseguido até à data. Desde que entrei em contacto com o riff inicial de “A Poem About An Old Prison Man” e, logo de seguida, com os intricados compassos rítmicos de bateria, senti uma enorme satisfação pela ousadia e frescura que carregava estes primeiros momentos do disco.

Os temas fluem com uma facilidade notável muito graças à veia progressiva e técnica que este quarteto aplica à sua música. “Post(?)Organic”, por exemplo, parece beber directamente da génese Meshuggah, sendo que a rapidez e os blast beats servem para demarcar a personalidade própria do death metal técnico e do som dos Decapitated. Os riffs e solos de Vogg demonstram uma técnica apuradíssima remontando novamente ao universo dos suecos Meshuggah. A voz do recém-chegado Covan é mais uma das mais valias deste preparado, que foge largamente ao padrão comum dos registos guturais do death metal, alcançando, ao invés, um registo agressivo mas com uma dicção muito perceptível. O equilíbrio entre rapidez, balanço e técnica é atingido aqui na perfeição e o poder criativo das suas composições dita o resto. Alguns refrões têm até potencial orelhudo, o que pode parecer estranho em bandas do género.

“Organic Hallucinosis” é, certamente, um dos discos death metal mais interessantes que ouvimos nos últimos tempos, pecando apenas pela sua curta duração (cerca de meia hora). Mesmo assim, cada segundo seu vale a pena, pois arte e engenho são coisas que não faltam a estes polacos.

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