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Review

BLACKSUNRISE
“Engulf The World In Frozen Flames”

[CD – Raging Planet]

Nos dias que correm cada vez mais nos habituamos ao conceito de globalização. Os efeitos de uma sociedade uniformizada e de culturas massificadas fazem-se notar, nas mais variadas áreas, pesando negativamente através de um declínio de autenticidade e identidade. As "importações" abafam cada vez mais as raízes artísticas genuínas dos povos contemporâneos e na música, como não podia deixar de ser, isto também se verifica. Contudo, não é motivo para dramatizarmos até porque no caso concreto do Metal as raízes não são lusitanas e o seu desenvolvimento só se podia efectuar através da recriação mais ou menos fiel do que outros já fizeram.

O Metalcore foi das sub-vertentes do Metal que mais recentemente sofreu um processo intensivo de popularização - embora já viva um período de desintegração - e em Portugal não se deixou escapar a moda. Com o segundo longa-duração dos lisboetas Blacksunrise bem podemos afirmar que encontramos definitivamente o mais importante e requintado representante nacional do género. "The Azrael", o seu disco de estreia editado em 2005, já fazia prever um percurso exponencial para este quinteto e, de facto, constata-se que o talento que na altura ainda estava em bruto começa agora a ser devidamente delapidado.

"Engulf The World In Frozen Flames" começa por surpreender pelo seu aspecto sonoro muito actual e poderoso, responsabilidade da mistura e masterização de Ricardo Espinha [More Than A Thousand, The Reptile, etc], e pelo incremento de melodia - sueca, claro está - nestas novas 13 composições. Confirma-se também que as constantes e inesperadas mudanças de line-up registadas no seio da banda não foram capazes de a fazer tremer e esta responde com um som ainda mais acutilante. Os Blacksunrise souberam ainda, inteligentemente, estruturar o seu novo disco oferecendo uma saga de interlúdios acústicos de três capítulos que o cruzam e resultam como o ingrediente essencial para que a sua escuta flua correntemente. Para além destes destaques, mencionamos ainda a bem conseguida presença do convidado Tiago Afonso nas vocalizações limpas de "In The Land Of The Blind", e do mesmo, em conjunto com Joana Costa, em "My Time To Play God". Outro manifesto da perspicácia da banda, compadecendo com o reconhecido ecletismo dos seus músicos, é a inesperada passagem Doom, bem ao jeito de uns My Dying Bride, no tema "Reborn". A fechar, num momento já não tão inesperado - por razões óbvias -, assola-nos um tema stoner instrumental - "Funeral Of The Auril (The End)" - que mais parece uma sobra de uma qualquer sessão criativa destinada a reportório dos Men Eater.

Em suma, "Engulf The World In Frozen Flames", apesar de não mostrar grande [ou nenhuma] novidade para o estilo representa um momento musical muito coeso e cheio de força e é, indiscutivelmente, um passo em frente na carreira do colectivo nacional.

[8/10] N.C.
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