Review
FACTORY OF DREAMS
“A Strange Utopia”
[CD – ProgRock Records]
Uma das primeiras perguntas que nos ocorre quando pomos mãos a esse trabalho é: precisava Hugo Flores de mais um projecto com que se ocupar e onde exprimir outra qualquer faceta que não tivesse lugar nas suas outras criações? Aparentemente a resposta é não, pois pouco muda aqui no seu princípio progressivo de composição. Misturar vozes femininas com arranjos ambientais e orquestrais já havia sido feito em Project Creation, embora talvez sem a complexidade deste “A Strange Utopia”. Para não falar que a voz da sueca Jessica Lehto é a mais interessante que Flores usou para aplicar num dos seus trabalhos, dando-lhes uma dimensão, na teoria e na prática, internacional.
Contudo, a cada vez usar uma denominação nova tem pouco relevo. É comum querer dar-se uma imagem de "workaholic" quando se está nessa coisa do prog, mas Flores não precisa de fartura para se notabilizar, já tem qualidade suficiente. “A Strange Utopia” surge então como uma sequência lógica em termos de evolução no percurso do multi-instrumentista. Já Project Creation vivia do seu ambiente espacial e psicotrópico, fantasista ainda, tal como este Factory Of Dreams que, de facto, revela-se entusiasmante e envolvente em vários momentos. “Inner Station” oferece um violino deslumbrante, cortesia de David Ragsdale [Kansas], enquanto que a integridade de “ Weight Of The World” faz dele um excelente tema de apresentação. A melodia encantadora de “Sonic Sensations”, embora gere um claro dejá vu com The Gathering, invade-nos os sentidos para nos deixar a flutuar e a simbiose de vozes em “Dark Utopia” – com Hugo e a soprano Antoniella a juntar-se a Jessica – resulta num dos momentos mais intensos do disco.
Aqui e ali o peso revela-se, mas sempre muito controlado, e a electrónica assume um papel importante em várias passagens deste disco. Com isso percebe-se que elementos não faltam a este trabalho. Hugo continua, portanto, igual a si próprio e este é talvez o seu melhor disco até à data. Contudo, e apesar do vasto leque de colaborações, já era altura de Hugo dar oportunidade a outros músicos e trabalhar em equipa. Algumas programações não resultam assim tão bem, para além de que ajudava-lhe a “desafunilar” algumas ideias que começam a saturar.
[7/10] N.C.
Estilo: Progressivo/Gótico/Sinfónico
Discografia:
- “Poles” [CD 2008]
- “A Strange Utopia” [CD 2009]
www.strangeutopia.com
www.myspace.com/projectcreation
“A Strange Utopia”
[CD – ProgRock Records]
Uma das primeiras perguntas que nos ocorre quando pomos mãos a esse trabalho é: precisava Hugo Flores de mais um projecto com que se ocupar e onde exprimir outra qualquer faceta que não tivesse lugar nas suas outras criações? Aparentemente a resposta é não, pois pouco muda aqui no seu princípio progressivo de composição. Misturar vozes femininas com arranjos ambientais e orquestrais já havia sido feito em Project Creation, embora talvez sem a complexidade deste “A Strange Utopia”. Para não falar que a voz da sueca Jessica Lehto é a mais interessante que Flores usou para aplicar num dos seus trabalhos, dando-lhes uma dimensão, na teoria e na prática, internacional.
Contudo, a cada vez usar uma denominação nova tem pouco relevo. É comum querer dar-se uma imagem de "workaholic" quando se está nessa coisa do prog, mas Flores não precisa de fartura para se notabilizar, já tem qualidade suficiente. “A Strange Utopia” surge então como uma sequência lógica em termos de evolução no percurso do multi-instrumentista. Já Project Creation vivia do seu ambiente espacial e psicotrópico, fantasista ainda, tal como este Factory Of Dreams que, de facto, revela-se entusiasmante e envolvente em vários momentos. “Inner Station” oferece um violino deslumbrante, cortesia de David Ragsdale [Kansas], enquanto que a integridade de “ Weight Of The World” faz dele um excelente tema de apresentação. A melodia encantadora de “Sonic Sensations”, embora gere um claro dejá vu com The Gathering, invade-nos os sentidos para nos deixar a flutuar e a simbiose de vozes em “Dark Utopia” – com Hugo e a soprano Antoniella a juntar-se a Jessica – resulta num dos momentos mais intensos do disco.
Aqui e ali o peso revela-se, mas sempre muito controlado, e a electrónica assume um papel importante em várias passagens deste disco. Com isso percebe-se que elementos não faltam a este trabalho. Hugo continua, portanto, igual a si próprio e este é talvez o seu melhor disco até à data. Contudo, e apesar do vasto leque de colaborações, já era altura de Hugo dar oportunidade a outros músicos e trabalhar em equipa. Algumas programações não resultam assim tão bem, para além de que ajudava-lhe a “desafunilar” algumas ideias que começam a saturar.
[7/10] N.C.
Estilo: Progressivo/Gótico/Sinfónico
Discografia:
- “Poles” [CD 2008]
- “A Strange Utopia” [CD 2009]
www.strangeutopia.com
www.myspace.com/projectcreation