Review
TEXTURES
“Silhouettes”
[CD – Listenable Records/MLI]
A força da visão [extrema e experimental] dos suecos Meshuggah e consequente sucesso que esta gerou, leva hoje muita gente a falar em “filhos” ou “discípulos” do grupo liderado por Fredrik Thordendal e Tomas Haake. Os holandeses Textures serão um destes casos em que a veia polirítmica contagiou e influenciou em grande parte a sua obra. Contudo, a personalidade deste colectivo ultrapassa qualquer conotação negativa que este factor lhe possa trazer. Afaste-se qualquer acusação de “clone” – que é bem diferente – e preste-se atenção a um verdadeiro mundo progressivo, pesado, melódico e técnico. A palavra de ordem é competência a todos os níveis e bom gosto, muito bom gosto. A [louvada] diversidade impera e aí não há espaço para a monotonia se instalar.
Delicioso é também reparar como a banda suplantou um excelente disco como “Drawing Circles”, embora quem já conheça o percurso do grupo possa alegar que este não se transfigurou assim tanto. A verdade em parte é esta, mas é notório, após escutados poucos temas, que a banda deu um salto de gigante em termos de composição. Para além de que parece que envelheceram 20 anos e transmitem agora no ar a classe de uma banda plena de experiência e que está prestes a explodir.
Desde sempre responsáveis pela produção dos seus discos [desde a gravação até ao grafismo], o grupo de Tilburg equilibrou ainda mais os elementos da sua música, com destaque para a melodia. Não se pode dizer que o grupo tenha ficado ansioso por sair do anonimato – pois deste saiu desde o anterior disco – e que daí tenha amaciado subtilmente o seu som, mas sim graças ao magnânime desempenho vocal de Eric Kalsbeek, que regista uma das maiores evoluções neste disco, e faz os Textures ganharem uma dimensão melodiosa fantástica. Tecnicamente, a banda está então agora no seu estado zen. Isto aliado à sua inteligência como visionários do que deve ser o metal moderno, quase não restam dúvidas de que o mundo metálico ganhou um nome para o futuro ou para o presente para quem já não tem dúvidas em relação ao seu potencial.
“Silhouettes” é um disco para se ouvir repetidamente, pois o talento destes músicos faz com que os pormenores se escondam atrás de cada passagem. Não querendo entrar em comentários repetitivos, há que acentuar novamente a diversidade que este disco apresenta. O grupo manteve-se intrincado mas apercebeu-se também da necessidade de se soltar em ritmos mais thrash e corridos, como “State Of Disobedience”, que deixa transparecer a sua admiração pelos riffs de Dimebag Darrel. Para além disso, temos os calmos “Awake” e “Messengers”, este último testemunho pleno do portento vocal que é Eric, quer em registo berrado [em tom mais hardcore] ou melódico [a invocar as expressões quentes de Lajon Witherspoon dos Sevendust], ou “One Eye For A Thousand” que, a dada altura, emana um feeling post-doom/core à Neurosis.
A culminar estas nove faixas, a prova de um verdadeiro tema progressivo – com uma dinâmica e capacidade hipnótica fantástica. “To Erase A Lifetime” é como que um espelho de água que reflecte um quadro nítido e que começa lentamente a distorcer-se por força do caos técnico e do peso que lhe vai sendo incutido.
Se muitos se tentam aproximar da herança [rica] que os Meshuggah deixaram, então há a aprender com os Textures como ter personalidade mesmo que pegando naquilo que outros já criaram.
[9/10] N.C.
Estilo: Progressive/Thrash/Math Metal
Álbuns:
- "Polars" [2004]
- "Drawing Circles" [2006]
- "Silhouettes" [2008]
www.texturesband.com
www.myspace.com/textures
“Silhouettes”
[CD – Listenable Records/MLI]
A força da visão [extrema e experimental] dos suecos Meshuggah e consequente sucesso que esta gerou, leva hoje muita gente a falar em “filhos” ou “discípulos” do grupo liderado por Fredrik Thordendal e Tomas Haake. Os holandeses Textures serão um destes casos em que a veia polirítmica contagiou e influenciou em grande parte a sua obra. Contudo, a personalidade deste colectivo ultrapassa qualquer conotação negativa que este factor lhe possa trazer. Afaste-se qualquer acusação de “clone” – que é bem diferente – e preste-se atenção a um verdadeiro mundo progressivo, pesado, melódico e técnico. A palavra de ordem é competência a todos os níveis e bom gosto, muito bom gosto. A [louvada] diversidade impera e aí não há espaço para a monotonia se instalar.
Delicioso é também reparar como a banda suplantou um excelente disco como “Drawing Circles”, embora quem já conheça o percurso do grupo possa alegar que este não se transfigurou assim tanto. A verdade em parte é esta, mas é notório, após escutados poucos temas, que a banda deu um salto de gigante em termos de composição. Para além de que parece que envelheceram 20 anos e transmitem agora no ar a classe de uma banda plena de experiência e que está prestes a explodir.
Desde sempre responsáveis pela produção dos seus discos [desde a gravação até ao grafismo], o grupo de Tilburg equilibrou ainda mais os elementos da sua música, com destaque para a melodia. Não se pode dizer que o grupo tenha ficado ansioso por sair do anonimato – pois deste saiu desde o anterior disco – e que daí tenha amaciado subtilmente o seu som, mas sim graças ao magnânime desempenho vocal de Eric Kalsbeek, que regista uma das maiores evoluções neste disco, e faz os Textures ganharem uma dimensão melodiosa fantástica. Tecnicamente, a banda está então agora no seu estado zen. Isto aliado à sua inteligência como visionários do que deve ser o metal moderno, quase não restam dúvidas de que o mundo metálico ganhou um nome para o futuro ou para o presente para quem já não tem dúvidas em relação ao seu potencial.
“Silhouettes” é um disco para se ouvir repetidamente, pois o talento destes músicos faz com que os pormenores se escondam atrás de cada passagem. Não querendo entrar em comentários repetitivos, há que acentuar novamente a diversidade que este disco apresenta. O grupo manteve-se intrincado mas apercebeu-se também da necessidade de se soltar em ritmos mais thrash e corridos, como “State Of Disobedience”, que deixa transparecer a sua admiração pelos riffs de Dimebag Darrel. Para além disso, temos os calmos “Awake” e “Messengers”, este último testemunho pleno do portento vocal que é Eric, quer em registo berrado [em tom mais hardcore] ou melódico [a invocar as expressões quentes de Lajon Witherspoon dos Sevendust], ou “One Eye For A Thousand” que, a dada altura, emana um feeling post-doom/core à Neurosis.
A culminar estas nove faixas, a prova de um verdadeiro tema progressivo – com uma dinâmica e capacidade hipnótica fantástica. “To Erase A Lifetime” é como que um espelho de água que reflecte um quadro nítido e que começa lentamente a distorcer-se por força do caos técnico e do peso que lhe vai sendo incutido.
Se muitos se tentam aproximar da herança [rica] que os Meshuggah deixaram, então há a aprender com os Textures como ter personalidade mesmo que pegando naquilo que outros já criaram.
[9/10] N.C.
Estilo: Progressive/Thrash/Math Metal
Álbuns:
- "Polars" [2004]
- "Drawing Circles" [2006]
- "Silhouettes" [2008]
www.texturesband.com
www.myspace.com/textures