photo logopost_zps4920d857.png photo headerteste_zps0e0d15f7.png

HIV - Reduzir mortes em 20%

Novas directivas da Organização Mundial de Saúde significam aumento de custos em mais de dois mil milhões de euros por ano.

A Organização Mundial de Saúde apresentou ontem novas linhas orientadoras para lidar com os doentes que sofrem de sida: iniciar o tratamento quando a infecção ainda está a um nível inicial, permitindo uma redução em 20% do número de mortes até 2015.

"Todos os adultos e adolescentes, incluindo grávidas, que apresentem um nível de CD4 de 350 células por microlitro de sangue devem começar o tratamento com antiretrovirais, quer tenham ou não sintomas clínicos", indicou o texto divulgado pela OMS, na abertura da 18.ª Conferência Internacional sobre Sida, que decorre em Viena, na Áustria, até à próxima sexta-feira.

As directivas anteriores da organização recomendavam o tratamento de doentes que apresentassem níveis de CD4 de 200 células por mm3 de sangue. A taxa normal destas células que definem o nosso sistema imunitário situa-se entre mil e 1 500. Alguns investigadores defenderam no domingo que o tratamento fosse logo iniciado às 500 células por mm3 de sangue. Mas Gottfried Hirnschall, responsável pela área da sida na OMS, disse que não havia necessidade de "criar um duplo critério" - uma vez que só os países mais ricos teriam capacidade para tratar tanta gente de forma tão precoce.

A organização admite que as novas directivas que pensa ver actualizadas dentro de dois anos "podem aumentar substancialmente o número de pessoas elegíveis para tratamento e aumentar por isso o custo". As estimativas demonstram que com as novas regras haverá um aumento de 49% nas pessoas a receber tratamento. 5,2 milhões estavam a ser tratadas até final do ano passado, mais 1,2 milhões do que em 2008. O número de pessoas a precisar de tratamento era porém de dez milhões. As novas directivas tornariam os antiretrovirais recomendáveis a 15 milhões de pessoas. Os custos adicionais, num período de crise financeira e de contenção orçamental em muitos países, seriam de dois mil milhões de dólares por ano no período de 2010-2015 (cerca de 2,3 mil milhões de euros).

Hirnschall, citado pela AFP, sublinhou que é preciso olhar para a questão numa lógica custo-benefício, ou seja, o tratamento precoce pode prevenir doenças oportunistas como a tuberculose. E fazer com que os seropositivos sejam menos susceptíveis de contaminar outras pessoas com o vírus. Logo, disse, haverá menos mortos e menos pessoas nos hospitais a precisar de assistência, menos orfanatos para crianças vítimas do VIH/sida e cujos pais faleceram.

"Os investimentos que fizermos hoje podem salvar milhões de vidas e poupar milhões de dólares. As pessoas com sistemas imunitários fracos que chegam tarde aos tratamentos precisam de medicamentos mais complexos e mais caros do que aqueles que começam os tratamentos mais cedo", declarou, Bernhard Schwartlander, da ONUSida, citado pela BBC.

No primeiro dia da conferência que trouxe à capital austríaca 20 mil participantes oriundos de 185 países diferentes, Bill Clinton e Bill Gates apelaram a um uso mais eficaz dos fundos destinados ao combate à sida, nestes tempos de crise. "Em muitos países há muito dinheiro, que vai para muita gente, que vai a muitas reuniões e apanha muitos aviões para dar assistência técnica", disse o antigo presidente dos EUA, defendendo uma mudança de estratégia para um apoio directo aos planos nacionais de saúde dos países em desenvolvimento. O milionário e filantropo americano, fundador da Microsoft, concordou com a ideia de uma taxa sobre transacções bancárias destinada a contribuir para o combate ao flagelo do VIH/sida.

Patrícia Viegas
In Diário de Notícias

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...