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Portugal precisa de 18 mil milhões

Portugal executou até Junho 60% das necessidades de emissão de dívida para 2010. Ainda falta ir buscar ao mercado mais 40%, mas analistas afastam um forte agravamento das condições

A revisão ontem em baixa do rating da dívida portuguesa, em dois níveis, pela Moody's, terá um impacto reduzido, acreditam os analistas, uma vez que a medida já era esperada e apenas vem confirmar a classificação já antes dada por outras agências de notação.

A confirmar-se, é uma boa notícia, já que Portugal tem previstos 46 mil milhões de euros em emissões de dívida para 2010, tendo executado no primeiro semestre "mais de 60%", segundo informou ao DN fonte oficial do Ministério das Finanças. Ou seja, ainda falta ir buscar ao mercado cerca de 18 mil milhões de euros até ao final do ano, e qualquer décima a mais nos juros terá um peso muito superior nos encargos da dívida.

Na opinião do economista- -chefe do Santander Negócios, "a revisão da Moody's vem confirmar o que tinha já sido anunciado por esta agência, pelo que o impacto é apenas marginal. O mercado já absorveu o impacto da revisão, uma vez que os custos de financiamento da República Portuguesa tinham vindo a aumentar desde as revisões da Fitch e da Standard's & Poor e desde o alerta emitido pela Moody's, em Maio. Isto significa que, embora não seja positiva, esta revisão não resultará em alterações de fundo na capacidade de financiamento da República e o mesmo se aplica às empresas", disse Rui Constantino.

Também a economista-chefe do Banco Português de Investimento (BPI), Cristina Casalinho, considera que a decisão da Moody's "à partida não terá grandes implicações, porque já estava previsto no mercado, a agência já o tinha anunciado e, no fundo, apenas veio acompanhar o que as outras agências de notação de rating já tinham feito".

Já para o economista Duarte Pacheco, o facto "não vem desanuviar a pressão sobre a dívida pública portuguesa, mas também não irá agravá-la". O deputado do PSD admite que "poderá haver algum impacto, mas será mínimo, porque os mercados financeiros já tinham incorporado no seu comportamento esta classificação, por antecipação". Mas alerta que a decisão da Moody's "mostra que a dívida e a situação portuguesas continuam sob observação apertada, não permitindo qualquer aliviar numa atenção mais cuidada do controlo das contas públicas".

A Moody's justificou a decisão de cortar dois níveis no rating de Portugal com o facto de "a força financeira do Governo português continuar a enfraquecer a médio prazo, evidenciado pela deterioração crescente dos números da dívida do País, como a dívida em percentagem do PIB e a dívida em relação às receitas". E considera que "as perspectivas de crescimento da economia portuguesa permanecem fracas, a menos que as recentes reformas estruturais comecem a dar frutos a médio/longo prazo". Mas o outlook, negativo desde Outubro, é agora "estável" e a agência de notação acredita no objectivo de redução do défice para 3% do PIB.

O ministro das Finanças não ficou surpreendi-do."Creio que é uma decisão um pouco mais tardia, mas que no fundo veio constatar o mesmo que outras agências e por isso não tem nada de surpreendente", afirmou Teixeira dos Santos.
Eduarda Frommhold
in Diário de Notícias
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