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Breve História do Metal Português

"Breve História do Metal Português" - Parte 1 - Os anos 60
"Breve História do Metal Português" - Parte 3 - Os anos 80 (Tomo 1 e Tomo 2)
"Breve História do Metal Português" - Parte 4 - Os anos 90

Parte 2 – Os anos 70

BEATNICKS
Sem surpresa, na década em que Portugal conquistou a Democracia, a 25 de Abril de 1974, o Rock era visto com enorme desconfiança e preconceito. Os músicos e fãs eram objecto frequente de marginalização social e opressão policial, dado o look instituído pela moda progressista (cabelo comprido e roupa de ganga), a rebeldia típica do Rock e a nova filosofia de vida dos jovens, consentâneos com os preceitos da modernidade vigente nos países livres e desenvolvidos.

Política e música ao vivo
Apesar de tudo, e dadas as circunstâncias político-sociais da época, a fenomenalmente ousada realização de um evento com as características do Festival de Vilar de Mouros (em que participaram bandas de Heavy Rock como os Pentágono ou os Beatnicks), a 8 de Agosto de 1971, num país reprimido há décadas, assinalou um momento único da música em Portugal, impondo-se como uma inesquecível mostra da modernidade a que os jovens portugueses tanto aspiravam.

A realização do primeiro Cascais Jazz, a 20 de Novembro de 1971, no pavilhão Dramático de Cascais, assinala o não menos ousado início de outras edições do certame e dos espectáculos regulares de artistas estrangeiros neste espaço mítico, que recebe nos anos 70 importantes nomes internacionais do Jazz, do Blues e do Rock, tornando-se a Meca dos grandes concertos em Portugal (aliás, durante quase toda a década de 80 e até meados dos anos 90 o Dramático tornar-se-ia a segunda casa de milhares de headbangers portugueses, que aí assistiram a dezenas de espectáculos memoráveis dos maiores nomes mundiais do Metal). Não obstante, durante os primeiros anos da década de 70 era o Cinema Monumental, em Lisboa, que albergava a maioria dos espectáculos musicais.

Segundo Ana Rocha e Fernando Peres Rodrigues no prefácio do livro Rock Stars, “Cinco vezes em cada dez (pelo menos), o interessado por este tipo de concertos também se interessava pela política. É que, no nosso país, aproveitava-se estes momentos de grande ajuntamento de multidão para se distribuir propaganda anti-regime, anticolonialista. Os concertos correspondiam a momentos de libertação de uma grande tensão vivida por uma geração mais enquadrada em esquemas repressivos do que a actual geração (…)”.

Portanto, mais do que oportunidades de diversão, as actuações de bandas eram momentos únicos de tertúlia e contestação ao regime. De facto, de acordo com os autores, “O concerto associava-se a uma ideia de marginalidade (no seguimento de Marcusse e do Maio de 68), conquistando, assim, um papel de relativa importância no desmoronamento da sociedade contestada, a partir do momento em que o próprio concerto se construía sobre pólos de reivindicações específicas – luta contra a autoridade, contra a hierarquia, contra o conservadorismo, exigência de liberdade sexual; reivindicações de criatividade, de prazer, de direito ao imaginário; avanço da contracultura; enfim, uma recusa geral do culto da produção-consumo, do trabalho, tudo isto a favor de uma «arte de viver» ”.

BILHETE RORY GALLAGHER
A 6 e 7 de Março de 1975 as actuações dos Genesis no Dramático de Cascais marcaram o início de uma nova página na música ao vivo em Portugal, com uma parafernália de efeitos especiais, luz e som inédita no país. No que ao Heavy/Hard Rock se refere, os espectáculos do guitarrista irlandês Rory Gallagher no Dramático de Cascais a 3 de Março de 1979 e no pavilhão Infante de Sagres (Porto) no dia seguinte; a par do concerto da Ian Gillan Band a 1 de Dezembro do mesmo ano no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, terão sido os primeiros em Portugal assinados por artistas estrangeiros praticantes do género.

À época, os espaços e ocasiões preferenciais para a realização de espectáculos ao vivo de músicos portugueses eram ainda as festas de liceu, os bailes de finalistas e os bailes populares, realizados ao ar livre ou em sociedades recreativas. As condições técnicas não eram, de longe, as melhores, tendo grupos como os prog rockers Tantra virado uma nova página em termos de qualidade e arrojo técnico na segunda metade da década. Aliás, nos anos 70 as variantes mais pesadas do Rock viram surgir e desenvolver-se os fenómenos Prog Rock (com grupos como os Petrus Castros ou Tantra a conquistar a imortalidade) e Punk (de que os Aqui D’El Rock seriam um dos mais fiéis representantes). Contudo, à época revelava-se extremamente difícil encontrar discos de grupos estrangeiros, tendo os fãs que recorrer às aquisições postais directamente nas editoras ou lojas de origem. Em Portugal, embora os fãs e os músicos estivessem atentos às tendências do mercado internacional apesar dos escassos meios, não existia um movimento de Rock pesado. As bandas em actividade eram poucas e na maior parte das vezes limitavam-se a partilhar o palco com alguma regularidade. Nada mais.

O contexto musical
Especialmente na segunda metade da década de 70 assistiu-se à profissionalização de alguns executantes e bandas nacionais de maior relevo, tendo o progressivo incremento da contestação ao regime influenciado de forma determinante a música produzida em Portugal. Com efeito, os álbuns Cantigas do Maio (José Afonso), Mudam-se os tempos, Mudam-se as vontades (José Mário Branco) e Gente de aqui e de agora (Adriano Correia de Oliveira), lançados em 1971, apresentavam construções musicais inovadoras para a época, ao mesmo tempo que afirmavam o desenvolvimento inequívoco da “cantiga” de intervenção (que se distinguia pelo conteúdo lírico e estilístico de protesto ao regime autoritário). A tendência para a imposição artística da figura do cantautor era irreversível, embora necessariamente clandestina durante a fase pré-revolucionária.

Na viragem da década os grupos de Rock nacionais gozavam de alguma popularidade. Logo em 1970 surgiram os primeiros colectivos de Rock pesado, que na sua maioria interpretavam em palco temas famosos de bandas como Huriah Heep, Led Zeppelin ou Black Sabbath. No entanto, algumas comporiam repertório próprio, relegando para segundo plano as covers.

COMPLEXO
Apesar da enorme dificuldade em gravar e editar fonogramas, a popularidade do Rock aumentou exponencialmente até 1974, tendo várias bandas conquistado numeroso público (Petrus Castros ou Beatnicks são alguns exemplos). Aliás, a carreira e a reputação da maior parte dos grupos construiu-se ao vivo, em concertos regulares de norte a sul do país. Contudo, esta fase de êxito seria efémera, já que, durante o Período Revolucionário em Curso (PREC) – iniciado a 25 de Abril de 1974 e concluído a 2 de Abril de 1976, com a aprovação da Constituição Portuguesa, que passou a vigorar a 25 desse mês -, a cantiga de intervenção / contestação política assumia o protagonismo da música nacional. Nesta fase histórica os grupos de Rock foram compreensivelmente remetidos a uma existência mais discreta, obscura ou, se quisermos, underground (para usar um termo actual) pelos numerosos fãs perdido a favor dos cantautores, legítimos porta-vozes de uma nação oprimida tempo demais e ansiosa pela modernidade adiada. Durante toda a década o Festival RTP da Canção continuava irredutível entre os mais importantes acontecimentos musicais/culturais do país.

Os media musicais da época
Manuel Deniz Silva ilustra exemplarmente o cenário geral da rádio portuguesa na década de 70 na Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX (4º volume, letras P-Z), quer no pré quer no pós-25 de Abril: “Num contexto de movimentos de contestação estudantil (1961 e 1969) e de oposição à Guerra Colonial, a irreverência da nova geração de animadores de rádio (…) inquietou o regime, que recorreu regularmente à suspensão ou extinção de emissões (…). O próprio fim da ditadura ficou associado no imaginário colectivo ao poder simbólico da rádio, que transmite na madrugada de 25 de Abril de 1974 a canção Grândola, vila morena de José * Afonso, a segunda senha das operações do Movimento das Forças Armadas [NR: MFA], que pouco depois transformou os estúdios de Lisboa do RCP [NR: Rádio Clube Português] em posto de comando das «Revolução dos Cravos».

Após o 25 de Abril o cenário da rádio alterou-se significativamente em Portugal. Deniz Silva explica o processo: “A nacionalização da rádio, na sequência dos acontecimentos do 25 de Novembro, determinou a junção da EN [NR: Emissora Nacional], do RCP, dos Emissores Associados de Lisboa e da Rádio Alto Douro e Rinatejo (…), numa única Empresa Pública de Rádiodifusão (a partir de 1976, Radiodifusão Portuguesa, RDP) (…). A RDP sofreu em 1979 uma reestruturação profunda, de que resultou a criação da Rádio Comercial, estação vocacionada para concorrer com o sector privado. A RDP continuou a desempenhar um papel central na produção musical erudita e na organização de concertos, nomeadamente através do Programa 2, dirigido entre 1978 e 1984 por Mário *Barreiros (…). Findo o PREC, as rádios nacionais passaram a dar mais destaque ao Rock internacional, cedendo novamente espaço às bandas portuguesas do género. O Rock tornou-se de novo popular.

LUIS MIGUÉNS (COMPLEXO/
HOSANNA/HOBNOB)
Até ao 25 de Abril são várias as publicações de música que chegam às bancas: a revista “Mundo da Canção” 1969/1985), o jornal “A Memória do Elefante” (1971/1973), “O Elefante” (suplemento do “Diário do Norte” publicando entre 1971 e 1973), o jornal “Disco, Música e Moda” (1973), o suplemento «Top Ten» do “Diário Popular” (todos eles perseguidos e censurados pelo regime) e a revista “Musicalíssimo”, cuja primeira série foi publicada entre 1970 e 1974. Mas seria apenas na segunda metade da década que o jornalismo musical português teria o impulso tão necessário em termos qualitativos, como referem os autores do texto sobre periódicos no 3º volume da Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX: “No final da década de 70 e princípio da década de 80, o jornalismo centrado no pop-rock adquiriu uma visibilidade regular no espaço jornalístico português com a publicação da segunda e terceira séries do periódico Musicalíssimo (1978-1979 e 1980-1982), da revista Música & Som (1977-1989) e com a fundação do semanário de espectáculos *Se7e (1977-1995). Estes periódicos marcaram uma nova etapa no jornalismo musical, sendo os primeiros a fazer um acompanhamento actualizado do mercado fonográfico nacional e internacional”. A estas publicações acrescente-se ainda a revista “Rock em PortugaL”, fundada em Janeiro de 1978.

De 1970 até ao 25 de Abril – A primeira vaga do Hard'n'Heavy nacional
O início da década de 70 vê surgir alguns colectivos de Rock pesado, numa altura em que estes não abundavam. A qualidade geral, no entanto, falava por si. Os PENTÁGONO terão sido os primeiros a formar-se na época, incluindo na formação o vocalista “Very Nice” (Fernando Girão), mais tarde substituído por António Garcêz (posteriormente músico dos Arte & Ofício e Roxigénio). Por vezes a banda acompanha Paulo de Carvalho e Fernando Tordo. A 8 de Agosto de 1971 o grupo actua no Festival de Vilar de Mouros, sendo considerado pela crítica o melhor colectivo nacional do evento. No início de 1973 Garcez, Fernando Nascimento (guitarra) e José Martins (baixo) juntam-se aos Psico, formando os PSICÁGONO, banda que não durou sob este nome, regressando ambos os grupos às designações originais. Após o 25 de Abril os Pentágono tentaram, sem êxito, sobreviver actuando nas festas de finalistas.

No início de 1970 surge em Lisboa o Grupo 5, que um ano mais tarde assume a designação de HEAVY BAND (ouvir single). Constituído por “Very Nice” (Fernando Girão, voz, ex-Pentágono), Filipe Mendes (guitarra), Zé Nabo (baixo) e João Heitor (bateria), o colectivo granjeia uma boa reputação ao vivo devido aos espectáculos incendiários. Embora tocando versões dos Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple (grupos que exerciam profunda influência nos músicos do grupo), os Heavy Band dispunham de repertório próprio.

Entre 1971 e 1973 o colectivo fixa-se em Angola (então colónia portuguesa), onde sobrevive actuando em clubes, bares e hotéis. Aí edita, em 1972, os singles Beggar Man e Your New Motel, através da Decca, subsidiária local da Valentim de Carvalho. Exclusivamente disponíveis na ex-colónia, estes registos (os únicos gravados pela banda) valem hoje uma pequena fortuna. No referido período o grupo passa ainda algum tempo no Brasil, actuando também noutros países. Regressam a Portugal após o 25 de Abril de 1974, após o que enveredam pela música improvisada, integrando o violinista Carlos Zíngaro na formação. Os Heavy Band encerram funções em 1975.

Também os COMPLEXO, acerca dos quais praticamente não existe informação, terão surgido em 1970. Oriundos de Sacavém e praticantes de Hard Rock, incluem no alinhamento original Luís Miguéns (guitarra), Álvaro (guitarra), Avelino (baixo), Artur (teclados) e Mário Rui Varela (bateria). Em 1972, aquando da participação no Festival da Academia de Sacavém apresentam-se como um trio, sem Álvaro e Artur. Miguéns acumula as funções de vocalista.

BEATNICKS

Fundados em 1965 pelo baixista João Ribeiro, os BEATNIKS (cujo nome foi grafado nos primeiros anos de forma errada, sem o “c” antes do “k” - Myspace) são igualmente precursores da música pesada nacional, tocando vários géneros musicais com diferentes line-ups até encerrarem funções no final da década.

Contudo, é apenas no início de 1971 que, regressado ao activo, o grupo assume uma orientação musical alicerçada no Heavy Rock, influenciado pelo Hard Blues e pelo Rock Psicadélico da época, tendo nos Grand Funk Railroad, Black Sabbath, Cream, Uriah Heep, Rush, King Crimson ou Jimmy Hendrix as principais influências. À época do regresso os Beatniks são formados por José Diogo (voz) Rui “Pipas” Silva (guitarra), João Ribeiro e Mário Ceia (bateria).

Em 1971 lançam pela Tecla o 7”EP Christine Goes to Town, actuando no festival de Vilar de Mouros e no festival da Baía de Vigo (Espanha). No início do ano seguinte lançam pela mesma editora o single Money, após o que”Pipas” (à época considerado o melhor solista português de Hard Rock) abandona a banda por incompatibilidades musicais. Ingressa nos Albatroz, cedendo o lugar a Ramiro Martins. Vários elementos da banda refugiam-se pouco mais tarde na Bélgica para fugir ao Serviço Militar Obrigatório, evitando lutar nas ex-colónias e mantendo o grupo em suspenso.

Contudo, uma notícia da edição de 15 de Outubro de 1971 da revista “Disco” revela, porém, outra verdade sobre esta fase do grupo, em que se apresenta uma formação distinta. Segundo a publicação, "O grupo Beatniks, primeiro classificado no Festival Pop de Coimbra e, de quem já falamos a propósito da representação portuguesa ao festival da Baia de Vigo, após a saída de Rui Pipas, viola-solo, alterou quase completamente a sua anterior formação. Aproveitando a dissolução do grupo SINDICATO, que passará a reunir-se exclusivamente para gravações, João Ribeiro (viola-baixo) e Mário Ceia (baterista) dos Beatniks convidaram Júlio Gomes (viola-solo) e Jorge Palma (organista) [NR: que em 1972 enceta uma bem sucedida carreira a solo] para fazerem parte do grupo. A nova formação que tem todas as condições para fazer boa música e prepara um novo disco para a Tecla, o qual terá uma série de músicas em português. Entretanto, João Ribeiro, seguramente o elemento mais dinâmico e um dos fundadores do Beatniks, verá as suas possibilidades de ensaiar relativamente diminuídas devido à sua incorporação no exército". Pouco mais tarde o grupo encerra actividades sem que o referido disco haja sido editado.

Nos lisboetas ALBATROZ, cuja formação incluía ainda os fundadores Jean Sarbib (guitarra, ex-Quinteto Académico), André Sarbib (teclados, ex-Grupo 5) e Pedro Taveira (bateria, ex-Pentágono), “Pipas” grava o único single do projecto, considerado um super-grupo (o primeiro do Rock nacional de tendência mais pesada) logo aquando da sua formação, dada a influência das bandas que os seus elementos haviam integrado. Embora estilisticamente os Albatroz estivessem mais próximos dos grupos psicadélicos da Costa Oeste Norte-Americana, as notórias influências de Jimmi Hendrix e dos Cream não deixavam dúvidas quanto às raízes musicais do grupo, cuja existência foi bastante efémera.

Dado o 25 de Abril, os BEATNICKS (agora com o nome correctamente grafado) regressam ao activo, numa toada mais progressiva mas igualmente pesada, com Tó Leal na voz, Jorge Casanova e Paulo Carneiro nas guitarras, Ramiro Martins no baixo, Luís Borges nos teclados (entretanto substituído por Fernando António dos Santos) e Luís Araújo na bateria, após o que Helena Águas (mais tarde conhecida a solo como Lena D’Água) ingressa na banda como segunda vocalista.

Após intensa actividade ao vivo de Norte a Sul do país em 1978 o conjunto vê partir Fernando Santos (que cede o lugar a António Emiliano) e Águas, publicando no ano seguinte, pela Alvorada, o single Somos o Mar. A então emergente New Wave acaba por determinar uma viragem na sonoridade do grupo, que sob essa égide e já com Miguel Barreto no lugar de Emiliano edita o single Blue Jeans (1981) e o álbum Aspectos Humanos (1982) pela RT. Em 2008 a Portuguese Progressive Perals (PPP) lança o LP Heavy Freaks Back in Town, em vinil amarelo de edição limitada a 400 exemplares e vermelho limitada a 100, reunindo todas as canções gravadas entre 1971 e 1978.

Constituídos em 1972, os XARHANGA (Myspace) tiveram por antecessores os Xarhanga Beat, “grupo residente no Casino das Caldas da Rainha, no início dos anos 70 (…), que tocava músicas da época para entreter os turistas”, refere Aristides Duarte no 2º Volume da obra Memórias do Rock Português. A banda sofre várias alterações na formação ao longo do tempo, estabilizando a formação com Carlos Cavalheiro (voz, um dos melhores vocalistas nacionais de Heavy / Hard Rock na época), Júlio Pereira (guitarra, ex-The Payboys, ex-Petrus Castros, mais tarde famoso pela sua carreira a solo na Música Popular Portuguesa), Carlos Patrício (baixo) e Rui Venâncio (bateria).

Editam em 1973 pela Zip-Zip (editora ligada ao programa televisivo com o mesmo nome) os singles Acid Nightmare / Wish Me Luck e Great Goat / Smashing Life (In a City), o segundo dos quais já com Zé da Cadela (ex-Kama-Sutra, ex-Objectivo) no lugar de Venâncio. A sonoridade do grupo revela acentuadas influências dos Uriah Heep, Atomic Rooster, Deep Purple, Grand Funk Railroad ou Gentle Giant mas numa toada bastante pesada, com temas como «Acid Nightmare» ou «Great Goat» a demonstrar um peso inusitado para a época. No entanto, o som do grupo não descarta algumas sequências acústicas, típicas do Rock Progressivo da época, e mesmo algumas passagens com percussão. Algumas das letras, políticas e de intervenção social, têm assinatura de Sérgio Godinho, José Mário Branco e Fausto.

Segundo Aristides Duarte no 2º volume de Memórias do Rock Português, "em 1975 CARLOS CAVALHEIRO concorre ao Festival RTP da Canção com o tema "A Boca do Lobo", da autoria de Sérgio Godinho", tendo a edição em vinil no lado B o tema Hard Rock «Liberdade Económica», assinado por José Mário Branco e Fausto. Pouco depois, Cavalheiro e Pereira lançam o LP Roda Bota Fora, que na reedição em CD incluía na capa o nome do grupo. A banda termina não muito depois. Em 2007 a Portuguese Progressive Pearls reedita o álbum em vinil, reunindo como faixas extra os temas incluídos nos singles.

Também os KAMA-SUTRA estiveram na génese do “rock da pesada” (como então eram vulgarmente conhecidos o Heavy Rock e o Hard Rock) em Portugal. Estávamos no ano de 1972 e a banda praticava uma sonoridade próxima do Hard Rock com influências progressivas e sequências acústicas. Em Almada, nos anos de 1972 e 1973 participa, respectivamente, na III e IV edições do Festival da Juventude. O conjunto efectua inúmeros concertos antes de encerrar actividades, no fim da década, sem que haja deixado qualquer registo discográfico.

A formação original incluía Carlos Barata (voz), Rui “Pipas” Silva (guitarra), Gino Guerreiro (baixo) e Pedro Taveira (bateria), tendo mais tarde Jaime Gonçalves substituído Rui “Pipas” após a morte deste por acidente rodoviário. Zé da Cadela (mítico baterista que integrou inúmeras formações nacionais) ocupa o lugar de Taveira. O teclista Zé Cancela havia ainda de integrar a banda, adensando a sonoridade praticada.

O próprio JOSÉ CID (Site, Myspace), génio maior da Música Portuguesa, contribui nos anos 70, de forma pontual mas relevante, para o desenvolvimento do Heavy Rock luso, através de canções liricamente orientadas para a crítica político-social subtil, porém corrosiva, quer no pré quer no pós-Revolução dos Cravos. A primeira dessas rebeldes contribuições surge em 1973, sob a forma do tema «Doce e Fácil Reino do Blá, Blá, Blá» (ouvir tema), incluído no Lado B do single a solo Cantiga Portuguesa (Decca – VC). De inspiração Grand Funk Railroad e Black Sabbath, os riffs pesados e monolíticos em andamento a meio-tempo captam magistralmente o espírito heavy da época. Devido à sua inclusão em várias compilações dos Green Windows o tema foi muito tempo considerado, erradamente, um original da banda, até o lançamento da colectânea de José Cid Pop Rock & Vice Versa, em 2007, repor a verdade.

Por outro lado, o tema «No tempo em que o Toninho Lanchava c'os Amigos na “Pastelaria S. Bento”», disponível no Lado B do single Portugal é!..., revela-se “um rock sarcástico, irónico, seco mas divertido, onde o som de slide guitar e “lead guitar” do músico escocês [NR: Mike Sergeant, dos Objectivo] se cruzam perfeitamente com a voz trabalhada de Cid, que nos conta a história de um certo Toninho, o qual, durante muitos anos, conviveu com os seus amigos na “Pastelaria de S. Bento”, numa clara alusão à figura de Salazar e seus assessores”, explica João Pedro no blogue “José Cid D. Camaleão”.

O autor continua a descrição do tema. “É pois a ironia, conjugada com voz propositadamente enfraquecida de Cid [NR: aliás, o músico imita mesmo, sem pudor, o timbre e entoação de Salazar], que eleva o lirismo desta canção a um patamar nitidamente superior. A consistente caracterização de Toninho enquanto um fóssil muito fóssil e simultaneamente pouco dócil, está bem vincada no refrão da canção, remetendo a memória do ouvinte para a figura de um chefe de estado com saúde nitidamente enfraquecida, de voz dócil mas que ao mesmo tempo tomava medidas pouco dóceis de proteccionismo, em abono de um ideal de imperialista que, em abono da verdade, já não era partilhado por muitos, senão por aqueles que os rodeavam, os tais amigos da Pastelaria “ S. Bento” que a tudo diziam que sim.

Também as canções de 1975 «Rock Rural», audível no Lado B do single A Festa do Zé, e «Deus Inventou o Rock» (ouvir tema), este último numa toada próxima dos Deep Purple no refrão, representam a versatilidade do músico/compositor que, não obstante ter feito ganho fama nas áreas da Música Ligeira, do Pop/Rock e do Rock Progressivo através de inúmeros registos clássicos, em dada fase do seu percurso musical não enjeitou a incursão pelas sonoridades mais agrestes do Rock. Nessa medida, o contributo prestado à música pesada nacional ainda hoje é injustamente subvalorizado, quem sabe devido à remissão dos temas heavy para o lado B dos singles, onde passariam mais despercebidos. Porém, tendo as novas gerações de fãs descoberto recentemente a faceta mais roqueira de Cid, relançando-lhe a carreira, nos anos mais recentes o artista acrescentou ao alinhamento dos seus espectáculos os temas "Rock Rural" e "Deus Inventou o Rock".

HOSANNA
De igual forma, os HOSANNA (cujo nome foi inspirado no tema «Hosanna, da banda-sonora do filme Jesus Christ Superstar), fundados em Lisboa em 1973 nunca chegam a gravar. As principais influências da banda residem nos Black Sabbath, Deep Purple, Huriah Heep e Grand Funk Railroad, grupos dos quais, aliás, os Hosanna tocavam diversas covers nos seus espectáculos ao vivo (que chegavam a durar cinco horas), com uma interpretação própria. A partir de dada altura o grupo começa a compor repertório original, em português, que apresenta nos concertos a par das versões. «Se eu fosse Deus ou Rei» é o seu tema original mais conhecido.

Da primeira formação constam Virgílio (voz), Jorge Bilas (guitarra), Luís Miguéns (guitarra, ex-Complexo), Zé André (baixo, ex-Experiência) Leca (teclados, ex-Free) e Dógora (bateria). Pouco mais tarde o line-up da banda altera-se radicalmente, só permanecendo Zé André da formação original. Integram agora a banda o vocalista João Carlos, os guitarristas Alberto Gomes e Celso, o teclista Agnelo Monteiro e o baterista Mário Ceia.

Com intensa actividade ao vivo, especialmente em festas de estudantes, a banda conquista uma significativa legião de fãs. Ficam famosos os sons que Monteiro tira dos seus diversos teclados. Em 1978 abandonam Mário Ceia e João Carlos (que ingressa nos A Ferro e Fogo, mais tarde conhecidos como Ferro & Fogo), substituídos respectivamente por Aristides Serafim e João Teixeira. A banda encerra funções em 1980.

HOBNOB
No entanto, existem versões diferentes quanto à constituição e diversas formações dos Hosanna. Com efeito, segundo terceiros citados por Aristides Duarte num post de 12 de Agosto de 2009 no seu blogue “Rock em Portugal” (ver post) os Hosanna terão iniciado funções “em 1974 com esta formação: Jorge Horta (guitarra), Dógora (bateria), Zé André (baixo), Virgílio (vocalista), e Agnelo (teclas). Há aqui contradições porque, segundo Luís Miguéns, o Agnelo não foi fundador. No entanto, em conversa com um músico da época (Luís Miguel Luz, dos Perspectiva) foi-me dito que, na realidade, os Hosanna eram conhecidos como o grupo do “indiano” (Agnelo), o que é referido nas revistas da época. É, realmente, difícil conseguir encontrar a verdade, neste como noutros grupos, porque vários membros passaram pelas formações e cada um tem uma perspectiva diferente do que se passou”.

Tendo abandonado os Hosanna no Verão de 1974 Luís Miguéns cedo ingressa nos Melodia Quatro, grupo de baile constituído pelo baixista João Manuel Mateus (já desaparecido), pelo teclista José Manuel e pelo baterista Fernando Moura Alves. Ainda nesse ano mudam radicalmente a direcção musical, abraçando o Hard Rock. Agora designado HOBNOB (Blogue) o quarteto recupera a quase totalidade do repertório tocado por Miguéns nos Hosanna, que inclui temas dos Uriah Heep, Deep Purple, Grand Funk Railroad, Ken Hensley, Black Sabbath, Jimmi Hendrix, entre outros. No entanto, a banda não se limita a interpretar versões, compondo alguns originais. Sucedem-se os espectáculos em bailes de finalistas de liceus e escolas, concertos em ginásios e festivais.

Em 1976 Pajú substitui Fernando nas peles. Zé Carvalho (voz e percussão) vem reforçar o grupo numa altura em que a sonoridade praticada se expande aos territórios do Jazz Rock e da Fusão, sem descartar as raízes Hard Rock. Aliás, a partir de então os Hobnob partilham diversas vezes os palcos com bandas como a Os Plutónicos/Ferro e Fogo (mais tarde conhecidos como Ferro & Fogo), Aranha, Go Graal Blues Band, Ananga-ranga. Durante os anos 70 a banda actua duas vezes na festa do Avante, obtendo um inusitado grau de exposição.

Nos anos 80, em data não especificada na escassa informação disponível sobre o grupo, Pajú e Zé Carvalho abandonam, ocupando Zé Morais (dos Saturno) o lugar de Carvalho. No final da década Zé Miguéns, irmão de Luís, ingressa na banda como guitarrista e teclista. A formação mantém-se até 1990, quando Luís Miguéns abandona. Segundo o músico, em entrevista ao segundo volume do livro Memórias do Rock Português, lançado em Fevereiro de 2010, “os outros continuaram até há bem pouco tempo”. Ou seja, os Hobnob ter-se-ão mantido juntos até aos anos 00. Contactado no sentido de fornecer mais informação, Luís Miguéns ainda não teve oportunidade de o fazer.

Por seu lado, os ARTE & OFÍCIO (Myspace) marcaram o Rock pesado luso não só pela originalidade das suas composições mas também pela qualidade técnica e musical demonstradas. Formados no Porto em 1976 pelos ex-Psico e ex-Pentágono António Garcez (voz) e Sérgio Castro (baixo), fundiam Hard Rock com Jazz Rock, Prog e Funk, numa sonoridade inovadora e ousada. Os temas, originais, eram cantados em inglês. Ao duo fundador juntam-se Sérgio Cordeiro (guitarras), Carlos “Juca” Rocha (dos Psico, nos teclados), Leonel (violino) e Álvaro Azevedo (bateria, ex-Pop Five Music Incorporated).

ARTE & OFÍCIO
Em 1977 lançam, pela Orfeu, os singles Festival/ Let Yourself Be e Little Story of The Little Jimmy/ Quibble, mas são os espectáculos intensos, arrojados e altamente profissionais que granjeiam fama à banda. Aliás, a entusiástica recepção ao grupo na primeira parte dos alemães Can no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa, confirma a popularidade já então granjeada pelos Arte & Ofício. A experiência que a banda proporcionava ao vivo era intensa. De facto, “A energia e expressividade das actuações – nas quais o grupo utilizou sistemas de amplificação e iluminação na altura raros no país – reflectiam a crescente importância da componente cénica e da intensidade do som e da luz na performação do rock.”, escrevem António Tilly e Miguel Almeida no primeiro volume (letras A-C) da Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX. Sem surpresa, os Arte & Ofício tornam-se uma das bandas mais requisitadas para espectáculos ao vivo. Performer nato e exímio vocalista, Garcez revela-se um irrepreensível condutor de multidões.

Ainda em 1977 Carlos Rocha e Leonel abandonam, ingressando no colectivo Fernando Nascimento (guitarra, ex-Pentágono, ex-Psico, ex-Grupo 5) e o teclista António Pinho Vargas (que nos anos 80 ganharia fama enquanto músico de Jazz e compositor clásico). No ano seguinte editam o primeiro máxi-single da Música Portuguesa, Come Hear the Band, sucedido pelo álbum Faces, de 1979, após cuja digressão promocional Cordeiro e Garcez abandonam o grupo (este último para formar os Roxigénio), passando Castro a acumular as funções de baixista e cantor principal. André Sarbib, antigo elemento do Grupo 5 e Albatroz, ocupa-se dos teclados em 1980, dedicando-se Pinho Vargas ao piano Fender Rhodes. Nesse ano editam o single Marijuana, após o que a banda explora mais profundamente a sonoridade Jazz Rock expressa no lado B de Faces.

Os Arte & Ofício encontram novos expoentes de popularidade nas actuações de abertura para Joe Jackson em Espanha e nas presenças favoráveis dos álbuns Faces e Danza (1981) no jornal britânico “Melody Maker” e na revista norte-americana “Billboard”, proporcionando ao colectivo alguma visibilidade internacional. Porém, estávamos já em pleno boom do Rock Português, quando o sucesso comercial dependia da adopção da língua-mãe no conceito geral dos grupos - letras e títulos das canções, nomes dos discos e designação dos conjuntos. Nessa medida, Danzam que segue a tradição anglófona dos Arte & Ofício, é recebido com alguma indiferença pelos fãs nacionais.

Aproveitando as oportunidades de sucesso oferecidas pela nova tendência, Sérgio Castro e Álvaro Azevedo formam os Trabalhadores do Comércio, cujo exponencial aumento de popularidade motiva constantes solicitações para concertos, ditando o fim dos Arte & Ofício, em 1982.

A 13 de Novembro de 2010 a formação constituída por António Garcez, Fernando Nascimento, Sérgio Castro, André Sarbib e Álvaro Azevedo actua no BBC, em Lisboa, no âmbito de uma festa que homenageia os conjuntos dos anos 60, 70 e 80, organizada pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA). A gravação de um álbum e a realização de uma tourneé constituem possibilidades, mas efectivamente assegurada está a preparação do lançamento em CD da discografia do grupo via Movieplay.

Por outro lado, com João Seixas (voz), Necas (guitarra), Alfredo Azinheira (baixo), Óscar (piano) e Mário Rui (bateria) na formação, os Plutónicos, grupo de baile formado em 1962, passam a designar-se, em 1977, OS PLUTÓNICOS/A FERRO E FOGO, abraçando uma sonoridade pesada com influências sinfónicas. No final dos anos 70 abraçam a interpretação de temas Hard Rock famosos nos bailes de finalistas e arraiais populares, maioritariamente. Já com o frontman João Carlos (ex-Hosanna) no lugar de Seixas o conjunto assume definitivamente a designação FERRO & FOGO (Site), estreando-se ao vivo com este nome em Janeiro de 1978 no pavilhão do Beira-mar, em Aveiro, como suporte dos Tantra.

FERRO & FOGO
Na mesma altura entra o segundo guitarrista Franjas e Carlos Alcântara substitui Mário Rui. O grupo dedica-se então a compor temas originais, pesados tendo em conta os parâmetros da época, e lança, até meados dos anos 80, os singles Super-homem (1981), Santa Apolónia (grande êxito de 1982) e Oxalá (1984), bem como o LP Vidas (1982), todos com chancela da Metro-som à excepção de Oxalá, editado pela Discossete. Os Ferro & Fogo compõem ainda bandas sonoras para peças de teatro infantil, como “D. Quixote”, exibida diversas vezes na RTP.

Desde meados dos anos 80 que os Ferro & Fogo se dedicam exclusivamente aos espectáculos, tendo-se especializado em covers de Hard Rock e Heavy Metal (as soberbas interpretações de temas clássicos dos Iron Maiden granjearam-lhes fama), não esquecendo algum repertório na área do Pop/Rock. Da formação de 1993, com João Carlos, Necas, Xico Merg (guitarra), Paulo Ribeiro (baixo), Fernando Pinto da Costa (teclados) e Paulo Caldas (bateria) apenas resta o frontman, que se faz agora acompanhar de Paulo X e Feiteira (guitarras), André Marinho (baixo) e Rui Ricardo (bateria).

Os Ferro & Fogo são um dos mais requisitados grupos nacionais de versões e uma lenda em Portugal devido à sua longevidade. Entre os pontos altos da sua carreira destacam-se, em 1982, a abertura dos espectáculos dos Classix Noveaux nos pavilhões Infante de Sagres e do Restelo, no Porto e em Lisboa, respectivamente; bem como actuações em França (1986).

Já no final da década de Revolução, em 1979, Xico Soares (voz), António Soares (guitarra), Aurélio Santos (baixo) e Joaquim Fernandes (bateria) erguem os XEQUE-MATE (Site, Myspace).

Não muito depois gravam uma maqueta nos Estúdios Arnaldo Trindade, em Lisboa, e assinam pela Metro-Som, editando em 1981 – já no boom do Rock Português - o single de estreia, Vampiro da Uva / Entornei o Molho…, que figura nos tops de vários programas radiofónicos. Sucedem-se as participações na rádio e na TV, assim como os espectáculos ao vivo, constituindo a participação no Festival Heavy Metal de Santo António dos Cavaleiros, a 15 de Dezembro de 1984, um marco na carreira da banda.

Em 1983 José Queirós substitui Aurélio Santos, rumando a banda novamente à capital para, agora no Angel Studio, gravar o seu único álbum, Em Nome do Pai, do Filho e do Rock ‘n’ Roll, com o produtor Álvaro Azevedo (baterista dos Trabalhadores do Comércio, ex-Pop Five Music Incorporated, ex-Arte & Ofício). Após longas e infrutíferas negociações com diversas editoras o álbum chega finalmente às lojas em 1985 através da Horizonte, já com Paulo Barros, dos Tarântula, como segundo guitarrista e António J. nos teclados. «Ás do Volante» torna-se um êxito nas ondas hertzianas mas o LP é censurado na emissora católica Rádio Renascença devido às letras de temas como «Escrava da Noite» (sobre a prostituição), «Ritual» (que versa a feitiçaria) ou «Prisão» (sobre detenções).

Mal promovido, o disco vende muito pouco, comprometendo as aspirações do grupo que, ainda assim, abre os espectáculos de Wilco Johnson e Diamond Head em Portugal. Não muito depois Barros abandona e Kim substitui Fernandes, até este ceder o lugar de baterista a Leonel. Também Aurélio Santos é sucessivamente substituído no baixo por Eugénio e Ricardo Rodrigues, até a banda encerrar funções em 1989.

Em 1997 a Metro-som edita o CD-compilação Grande Geração do Rock – Histórico 1, onde encontramos os temas dos Xeque-mate «Vampiro da Uva» e o inédito «A Música Vai Estoirar», captado nas sessões dos Estúdios Arnaldo Trindade.

A 3 de Fevereiro de 2007 e a 2 de Maio de 2009 a banda reúne-se para dois concertos únicos no Porto Rio (Barco Gandufe, Porto), com Paulo Barros na guitarra. Segundo a entre sobre o grupo na Wikipédia, esta deverá regressar ao activo em 2011, tendo por editora a Universal. Porém, esta notícia requer confirmação.

Outras bandas menos sonantes deram igualmente o seu contributo ao Heavy Rock nacional. Por exemplo, os FREE (cujo nome denuncia bem o anseio pela liberdade num país mergulhado há décadas em repressão e censura), formados no início dos anos 70, em que figuravam nomes como Lecas (teclados) ou Rabanal; os RENOVAÇÃO, de João Carlos (voz); os EXPERIÊNCIA (ex-VIKINGS), em que pontificaram, entre outros, Melo (voz), José André (baixo) e Agnelo Monteiro (teclados); RAZAMANAZ (cujo nome foi inspirado num álbum dos escoceses Nazareth) ou os 5 NAPOLITANOS (formados em 1976), um dos vários grupos de baile com o ex-Xarhanga Carlos Cavalheiro na voz, que incluía no repertório alguns temas Hard Rock.

Figuras marcantes da Primeira Vaga do Heavy / Hard Rock nacional
Na génese da música pesada lusa houve diversas figuras incontornáveis: Mike Sergeant (Objectivo), Tony Moura (Psico), Filipe Mendes (Psico, Grupo 5, Heavy Band), Rui “Pipas” Silva (Beatnicks, Albatroz, Kama-sutra), António Garcez (Psico, Pentágono, Psicágono, Arte & Ofício), Sérgio Castro (Psico, Pentágono, Arte & Ofício), Zé Nabo (Objectivo, Heavy Band), Zé da Cadela (Objectivo, Kama-sutra, Xarhanga), Carlos Cavalheiro (Xarhanga, 5 Napolitanos), Júlio pereira (The Playboys, Xarhanga), Luís Miguéns (Complexo, Hosanna, Hobnob). André Sarbib (Grupo 5, Albatroz, Arte & Ofíico), Mário Ceia (Beatnicks, Hosanna), Fernando Nascimento (Grupo 5, Pentágono, Psico, Psicágono, Arte & Ofício) e Álvaro Azevedo (Pop Five Music Incorporated, Arte & Ofício).

Curiosidades
- Um dado curioso sobre o Heavy Rock português dos anos 70 é que alguns dos seus protagonistas viriam a distinguir-se - curiosamente todos a solo, em carreiras muito bem sucedidas – noutras áreas musicais, desde a Música Ligeira à Música Popular, até à Pop ou à Música Clássica, sem esquecer, obviamente, o Rock. Com efeito, Tozé Brito e Miguel Graça Moura (Pop Five Music Incorporated), Jorge Palma e Lena D’Água (Beatnicks), Júlio Pereira, Fernando Girão (Pentágono, Heavy Band), Carlos Zíngaro (Heavy Band), António Pinho Vargas (Arte & Ofício), Filipe Mendes e José Cid marcariam, em maior ou menor, escala, os primóridos do Som Eterno português.

- A 8 de Agosto de 1971, os Pop Five Music Incorporated, Psico, Objectivo, Pentágono e Beatnicks actuaram no Festival de Vilar de Mouros, como que preconizando um mini-festival de tendências Hard / Heavy Rock.

Dico

Um agradecimento muito especial ao Afonso Cortez, do blog Música Eléctrica a Preto e Branco, por todo o apoio.

Fontes consultadas em papel:
Memórias do Rock Português, volumes 1 e 2, Aristides Duarte
Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX, volumes I, II, III e IV
Rock Stars, Ana Rocha e Fernando Peres Rodrigues
Nº 41 da revista “Blitz” (Edição Especial)
Pop & Rock - Volume 3, Planeta Agostini

Fontes online:
Under Review

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