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Entrevista Svart Crown

ENTRE O CÉU E O INFERNO
“As trevas são-nos mais apelativas”

Enquanto a tendência generalizada é andar “para a frente”, musicalmente falando, ao segundo disco os franceses Svart Crown decidiram virar as costas ao som limpinho e às estruturas simples e directas de “Ages Of Decay”, para nos oferecerem uma sequela muito mais crespa, ameaçadora e obscura. “Witnessing The Fall” marca também o salto do grupo de black/death metal para a importante Listenable Records, o que se adivinha como o despontar de mais uma internacionalização, numa época francamente produtiva para a cena gaulesa. Para nos dissecar esta fase muito positiva da banda, estivemos à conversa com o vocalista/guitarrista JB Le Bail.

Quais foram os objectivos traçados, em termos musicais, para este segundo trabalho?
Quisemos escrever um disco mais pesado do que “Ages Of Decay”, com um som mais orgânico e sujo. Continuo a adorar o nosso primeiro álbum, mas a produção está demasiado limpa. Os novos temas têm um sentimento mais brutal e retorcido, com muita dissonância. É também um álbum mais rápido. A nossa meta é fazer algo único nos meandros do death/black metal.

A começar na composição e a terminar na produção, este álbum parece situar-se a meio caminho entre o que era feito antigamente e o que é feito hoje em dia…
Pode dizer-se que sim, uma vez que absorvemos influências dos anos 80 e 90, mas também outras mais modernas. Procurámos apenas algo real mas poderoso, sem nos preocuparmos com os padrões das produções actuais.

Acha que a “culpa” de este disco soar mais orgânico tem apenas que ver com a técnica do produtor Francis Caste ou também com o desempenho dos músicos em estúdio?
Diria que com os dois. Praticámos muito antes de entrar em estúdio por forma a conseguirmos uma boa performance. Hoje em dia pode fazer-se muita coisa com a tecnologia ao nosso dispor, mas isso iria contra as nossas metas para este disco. No entanto, o Francis ajudou-nos a alcançar essa ideia de um grande som, mas com dinâmica.

Numa época de revivalismo, talvez baseada numa suposta estagnação da música actual, poderá dizer-se que a banda também está empenhada em cativar os fãs que estão fartos de metalcore e deathcore?
Não queremos fazer parte de qualquer tipo de revivalismo. Olhamos para o futuro e tentamos criar algo novo. Adoro death e black metal por exemplo, mas continuarei a preferir uma boa banda de metalcore, ou o que quer que queiram chamar, do que uma má cópia de Slayer.

“Witnessing The Fall” espelha apenas uma visão pessimista do Homem ou, apesar de tudo, vêem o seu futuro com bons olhos?
Nas nossas letras tentamos contar estórias sobre comportamentos obscuros do Homem. Como este se consegue magoar a si próprio, quer física quer psicologicamente. Ao mesmo tempo levantamos questões sobre a relação entre o Homem e Deus, é isto que nos inspira. Porém, isto não significa que não exista luz nas trevas. Digamos apenas que as trevas são-nos mais apelativas.

Já muita gente se rendeu à proficuidade da cena extrema francesa. O que acha dessa inspiração que assola o seu povo?
Concordo que temos boas bandas! Provavelmente toda a gente viu os Gojira tornarem-se grandes. Isso é fantástico e penso que pode abrir algumas portas a outras bandas francesas. Eu próprio tenho ouvido muitas bandas nacionais ultimamente. Apenas para referir algumas: Deathspell Omega, Arkhon Infaustus, Klone, Celeste, Otargos, etc…

Os Deathspell Omega ganharam boa expressão nos últimos anos e são, sem dúvida, uma referência internacional. Tenho ouvido muita gente a imputar-vos influências deles, o que até é natural…
Sim, penso que isso faz algum sentido. Trata-se de uma grande banda com um som único. A sua música é obscura, opressiva e ao mesmo tempo espiritual, aliando-se-lhe um alto nível de musicalidade. É possível escutar algumas influências deles no nosso novo álbum, nomeadamente ao nível das dissonâncias.

Basicamente, quais são as maiores diferenças entre os vossos dois álbuns a nível de composição?
O “Ages Of Decay” é mais catchy, in your face, com uma produção muito moderna. Já o “Witnessing The Fall” penso que exija mais tempo para entrarmos nele. A sua música e o seu som é menos “amistoso”. Existem muitos detalhes que requerem atenção para que o assimilemos na totalidade.

Agora que estão apoiados por uma estrutura promocional muito mais forte, quais são as vossas expectativas em termos de expansão do vosso nome?
Trabalhar com a Listenable Records é uma óptima oportunidade e já se nota o nosso nome ser muito mais visto ou ouvido por aí. Cabe-nos agora atingir o “próximo nível” através de uma intensa digressão e um terceiro álbum que começaremos a compor ainda este ano. Estamos apenas no princípio.

E já existem planos para essa tal digressão?
Estivemos pela Europa em Outubro e Novembro com os Shining e os Enthroned, e em Dezembro com os Melechesh. Temos uma digressão de três semanas na Europa de Leste, com início já este mês, bem como várias datas em França, incluindo o Hellfest, em Junho. Marcaremos ainda presença no Hammerfest no Reino Unido, em Junho, e no Metal Camp na Eslovénia, em Julho. E provavelmente outras digressões estão a caminho.

Nuno Costa

www.svartcrown.com
www.myspace.com/svartcrown

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