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A importância de ser Óscar

Desde 1929, que uma estatueta dourada de trinta e cinco centímetros de altura e quase quatro quilogramas de peso, feita de estanho folheado a ouro de catorze quilates, representando um cavaleiro sobre um pedestal em forma de rolo de filme, com uma espada de cruzado atravessando o peito, simboliza o prémio máximo da indústria cinematográfica de Hollywood. Na noite de Domingo do próximo dia 27 de Fevereiro, todos os olhares e corações cinéfilos (e não só) estarão direccionados para o que irá acontecer dentro da sala do Kodak Theatre, em minutos de suspense dignos do melhor Hitchock, naquela que será a octogésima terceira cerimónia de entrega do galardão mais prestigiante e célebre da 7ª Arte.

"And the Oscar goes to..." será a frase mais pronunciada, ouvida e ansiada até ao cair do pano do espectáculo. E porquê Óscar?, indagar-se-ão uns quantos do espectadores vidrados nos ecrãs dos seus aparelhos de televisão. Ora bem, a resposta à pergunta sai bifurcada, já que são conhecidas para a origem de tão estranha mas engraçada designação, duas versões; a mais popular atribui autoria à secretária-executiva da Academia, Margareth Herrick, que vendo-o comentou que a pequena estátua lhe fazia lembrar o seu tio Oscar, comparação que não caiu em ouvidos de mercador, pois um jornalista no local, apressou-se a publicá-la como notícia no seu jornal. A outra prende-se com a verdadeira essência e alvo da distinção (quem empresta génio, magia e prestígio a um filme, os actores e as actrizes), quando Bette Davis assim o apelidou porque o careca dourado partilhava semelhanças com o seu primeiro marido. Refira-se a título de curiosidade que a actriz não era uma qualquer sem pergaminhos no ofício, pois, ao longo da carreira, foi agraciada com dez nomeações oficiais na categoria de Melhor Actriz e uma sem constar nos boletins de voto (à época tal facto era permitido pelo regulamento da Academia) vencendo em 1935 e 1938. Até o ano passado somente duas colegas de profissão tiveram tantas indicações na categoria: Katherine Hepburn (12) e Meryl Streep (16), com mais três enquanto actriz secundária.

Ao longo dos 82 anos desta estatueta velhinha mas sem precisar de consultar o geriatra, muitos momentos guardámos com carinho nostálgico, brilho no olhar e sorriso rasgado, momentos que a invenção da internet - nomeadamente através dessa arca de tesouros perdidos conhecida por YouTube - nos permite, em alguns casos (sobretudo dos anos mais recentes), repescar e revisitar. Momentos que podem ser descarregados para milhões de PCs e Macs nos quatro pontos do mundo digitalizado, e que talvez acabem dentro de um DVD ou Blue Ray, enquanto álbum de memórias douradas.

Por exemplo, sabia que Walt Disney tem o maior número de indicações ao prémio de sempre, tendo sido lido o seu nome, enquanto possível vencedor, 64 vezes? Que os "monstros" Marlon Brando e George C. Scott, foram até hoje, os únicos actores a recusar o “prémio dos prémios”, o primeiro que já havia sido nomeado e aceite a honra em 1955 pelo papel de "Terry Malloy" na obra-prima de Elia Kazan, "Há Lodo no Cais", enviou à entrega dos prémios em 1973, pela sua nomeação na categoria de Melhor Actor pelo clássico de Coppola, " O Padrinho", uma índia chamada Sacheen Little Feather (mais tarde desmascarada como dançarina no Texas) a ler um discurso acerca da opressão sofrida pelo povo nativo-americano, tendo em nome do actor, recusado o prémio, para choque indignação de todos os presentes no auditório. O segundo, premiado por “Patton”, lançando aviso mesmo antes de saber que tinha ganho, que recusaria a estatueta por não acreditar em competição entre actores. Que em 1964, Sydney Poitier por encarnar o prestável Homer Smith em “Vale de Sombras”, foi o primeiro actor negro a ser distinguido enquanto Melhor Actor, e que tivemos de esperar até o primeiro ano deste milénio, por um segundo, com Denzel Washington, a arrebatar na edição de 2001 todas as preferências, pelo inesquecível agente Narc Alonzo Harris, no electrizante "Training Day", de Antoine Fuqua. Desde então, mais dois actores negros ganharam a estatueta dourada da categoria. A saber: Jamie Foxx em 2004, por "Ray" e dois anos depois Forrest Whitaker pelo "Último Rei da Escócia".

Halle Berry ocupa solitariamente a galeria da mulher negra distinguida com este prémio na sua vertente feminina, pela prestação de uma vida em "Monster´s Ball". Ainda no capítulo das estreias, a saga "O Senhor dos Anéis", do australiano Peter Jackson, foi o único filme de fantasia a levar para casa o “careca”, com "O Retorno do Rei". Adrien Brody, então com 21 anos, foi o mais jovem actor a receber o Óscar de Melhor Actor, pela sua prestação em " O Pianista", do grande Roman Polanski.

Alargando o assunto aos recordes, Meryl Streep é a actriz mais nomeada até à data, com 16 nomeações (ganhando por duas vezes na categoria de melhor actriz secundária). Ainda assim, muitos dos ícones imortais da história do cinema, nunca ganharam, exemplos notáveis como Kubrick ou Chaplin, este último vencedor de um Óscar honorário aos 82 anos de idade. Caso para dizer, que nisto de competições, nem sempre o melhor é vitorioso, o que não invalida que não se façam apostas e figas para as nossas preferências levarem a palma - é desta paixão que se faz a história e os mitos.

Senhores e senhoras, encerradas as votações, falta pouco para começar. Reúnam amantes, familiares e amigos ou assistam sozinhos, com comezaina ou um ligeiro snack; fumem um cigarro, enrolem uma, vão buscar a mini ao frigorífico, sentem-se confortavelmente e torçam pelos vossos favoritos.

Exmos James Franco e Anne Hathaway, podem então dar início ao espectáculo.

Bruno Villar

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