A importância de ser Óscar

"And the Oscar goes to..." será a frase mais pronunciada, ouvida e ansiada até ao cair do pano do espectáculo. E porquê Óscar?, indagar-se-ão uns quantos do espectadores vidrados nos ecrãs dos seus aparelhos de televisão. Ora bem, a resposta à pergunta sai bifurcada, já que são conhecidas para a origem de tão estranha mas engraçada designação, duas versões; a mais popular atribui autoria à secretária-executiva da Academia, Margareth Herrick, que vendo-o comentou que a pequena estátua lhe fazia lembrar o seu tio Oscar, comparação que não caiu em ouvidos de mercador, pois um jornalista no local, apressou-se a publicá-la como notícia no seu jornal. A outra prende-se com a verdadeira essência e alvo da distinção (quem empresta génio, magia e prestígio a um filme, os actores e as actrizes), quando Bette Davis assim o apelidou porque o careca dourado partilhava semelhanças com o seu primeiro marido. Refira-se a título de curiosidade que a actriz não era uma qualquer sem pergaminhos no ofício, pois, ao longo da carreira, foi agraciada com dez nomeações oficiais na categoria de Melhor Actriz e uma sem constar nos boletins de voto (à época tal facto era permitido pelo regulamento da Academia) vencendo em 1935 e 1938. Até o ano passado somente duas colegas de profissão tiveram tantas indicações na categoria: Katherine Hepburn (12) e Meryl Streep (16), com mais três enquanto actriz secundária.

Por exemplo, sabia que Walt Disney tem o maior número de indicações ao prémio de sempre, tendo sido lido o seu nome, enquanto possível vencedor, 64 vezes? Que os "monstros" Marlon Brando e George C. Scott, foram até hoje, os únicos actores a recusar o “prémio dos prémios”, o primeiro que já havia sido nomeado e aceite a honra em 1955 pelo papel de "Terry Malloy" na obra-prima de Elia Kazan, "Há Lodo no Cais", enviou à entrega dos prémios em 1973, pela sua nomeação na categoria de Melhor Actor pelo clássico de Coppola, " O Padrinho", uma índia chamada Sacheen Little Feather (mais tarde desmascarada como dançarina no Texas) a ler um discurso acerca da opressão sofrida pelo povo nativo-americano, tendo em nome do actor, recusado o prémio, para choque indignação de todos os presentes no auditório. O segundo, premiado por “Patton”, lançando aviso mesmo antes de saber que tinha ganho, que recusaria a estatueta por não acreditar em competição entre actores. Que em 1964, Sydney Poitier por encarnar o prestável Homer Smith em “Vale de Sombras”, foi o primeiro actor negro a ser distinguido enquanto Melhor Actor, e que tivemos de esperar até o primeiro ano deste milénio, por um segundo, com Denzel Washington, a arrebatar na edição de 2001 todas as preferências, pelo inesquecível agente Narc Alonzo Harris, no electrizante "Training Day", de Antoine Fuqua. Desde então, mais dois actores negros ganharam a estatueta dourada da categoria. A saber: Jamie Foxx em 2004, por "Ray" e dois anos depois Forrest Whitaker pelo "Último Rei da Escócia".
Halle Berry ocupa solitariamente a galeria da mulher negra distinguida com este prémio na sua vertente feminina, pela prestação de uma vida em "Monster´s Ball". Ainda no capítulo das estreias, a saga "O Senhor dos Anéis", do australiano Peter Jackson, foi o único filme de fantasia a levar para casa o “careca”, com "O Retorno do Rei". Adrien Brody, então com 21 anos, foi o mais jovem actor a receber o Óscar de Melhor Actor, pela sua prestação em " O Pianista", do grande Roman Polanski.

Senhores e senhoras, encerradas as votações, falta pouco para começar. Reúnam amantes, familiares e amigos ou assistam sozinhos, com comezaina ou um ligeiro snack; fumem um cigarro, enrolem uma, vão buscar a mini ao frigorífico, sentem-se confortavelmente e torçam pelos vossos favoritos.
Exmos James Franco e Anne Hathaway, podem então dar início ao espectáculo.
Bruno Villar