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Entrevista Born Of Osiris

À DESCOBERTA DO EGO
“Tememos que as pessoas esqueçam o verdadeiro sentido de comunidade”

Sensíveis ao estado social e emocional da raça Humana, os californianos Born Of Osiris assinam um segundo álbum repleto de brutalidade, técnica e melodia que promete surpreender os fãs mais acérrimos do deathcore. “The Discovery” não é apenas um passo em frente na sua carreira, mas pode muito bem ser visto como um importante contributo para alastrar os horizontes do estilo, feita a análise à atmosfera envolvente criada aqui pelos sintetizadores. E um dos grandes responsáveis por esta nova aproximação é Joe Buras (teclista) que, entre outras coisas, nos confessou a importância da banda ter vivido junta quando escreveu este disco.


O conceito em torno do vosso novo álbum é um alerta para o processo de autodestruição que a Humanidade atravessa, certo?
Sem dúvida que existem alguns avisos implícitos nessa “descoberta”. Nós entendemos que estamos numa época que não se assemelha a qualquer outra. É uma época cheia de emoções em que a vida passa a correr. Ainda com a tecnologia a aumentar e a interacção social a basear-se num simples click, tememos que as pessoas esqueçam o verdadeiro sentido de comunidade e deixem de viver em harmonia entre si e com a mãe-natureza.

Desta vez levaram mais tempo a compor um álbum…
Trabalhámos no “The Discovery” desde que acabámos o anterior “A Higher Place”. Portanto, tivemos muito tempo para escreve-lo e definir todos os seus aspectos, o que passava por certificar-nos de que tanto os temas como a produção ficavam exactamente como queríamos. Desta forma tornamos o processo muito mais suave. Tomámos algumas decisões à pressa com o “A Higher Place” e o disco acabou por sofrer com isso.

Desta vez parece-me evidente o grande esforço que fizeram para que este disco soasse mesmo sólido. Estiveram até a viver juntos numa casa para se puderem concentrar melhor na escrita…
Decididamente o nosso novo álbum não teria soado igual se não nos tivéssemos juntado. Eu imagino sempre os corredores que ligam os nossos quartos como fios que conectam os diferentes contributos criativos de cada membro. O facto de podermos ter extraído ideias de cada um a qualquer momento foi extremamente divertido e recompensador. Nós continuamos a ter aquele lugar reservado para quando não estamos em tournée para partilhar qualquer som ou ideia que circule pela casa.

Por este facto, conhecem-se hoje melhor do que nunca…
É muito importante que continuemos amigos próximos e a fazer música juntos.

Apesar de este disco revelar uma banda mais técnica e pesada, o vosso som continua muito atmosférico e melódico. Aliás, este será o vosso disco mais equilibrado até à data…
Foi nesse sentido que caminhámos. Quisemos manter o entusiasmo dos nossos fãs mas também incorporar outros estilos no noddo dom. Eu, o Lee (McKinney, guitarrista) e o Cameron (Losch, bateria) criamos música electrónica à parte, por puro divertimento. Por vezes, ouvimos uma parte e sentimo-nos inspirados a adicionar as nossas influências electrónicas. Esta é até uma das razões por este álbum soar mais easy-listening. Há mais pausas em que os fãs podem relaxar e assim absorver melhor o seu conteúdo geral.

Fale-nos da importância do recém-chegado Jason Richardson (guitarra) na escrita deste álbum.
Ele trouxe um estilo mais técnico às guitarras. O Jason é um músico muito talentoso e tem um grande ouvido. Ele é capaz de detectar o mais ínfimo detalhe nos nossos temas e certifica-se sempre de que todas as nossas harmonias ou o desenvolvimento dos acordes está perfeito.

Recentemente foram bloqueados à entrada para o Canadá onde iam actuar. O que aconteceu?
Alguns de nós tiveram problemas com a lei pouco antes da nossa última tournée. Portanto, sendo esse um processo recente e com as datas do tribunal próximas, as autoridades canadianas pensaram que estávamos a fugir do país.

Como estão em termos de datas para os próximos tempos?
Vamos estar na All Stars Tour este Verão nos Estados Unidos ao lado dos Emmure, Iwrestledabearonce, For Today, After The Burial e muitos outros.

Recentemente cumpriram a vossa segunda digressão na Europa. Quais as maiores diferenças que regista em relação à primeira vez que estiveram no “velho continente”?
A nossa primeira digressão na Europa foi uma grande confusão. Não tínhamos ideia do que esperar. Atiramo-nos simplesmente para dentro de uma carrinha e lá fomos nós. Houve alturas em que quase morremos na carrinha, o que nos fez não querer regressar a menos que as coisas fossem mais bem planeadas. E assim foi na digressão que fizemos em Janeiro passado. A Avocado Booking arranjou-nos um autocarro e o nosso tour manager foi super prestável. No geral, as digressões na Europa são encantadoras. Todas as salas têm duche, cerveja e comida. Os Estados Unidos pecam um pouco nesses aspectos.

E em breve vão voltar à Europa. Qual espera que seja a reacção do público local ao vosso novo material?
Esperamos que os putos já o conheçam melhor. Desde que Janeiro que estamos a tocar muitos temas do “The Discovery” e as reacções têm sido muito positivas. Eu entendo que se sintam um pouco mais entusiasmados ao ouvir o material mais antigo, mas dentro de pouco tempo estou certo de que vão atingir o mesmo nível de satisfação com os novos temas.

A Europa tem-se revelado um melhor mercado para vocês?
Eu diria que é um bom mercado, não necessariamente melhor do que o dos Estados Unidos. Na verdade, damo-nos muito bem dos dois lados.

Recentemente o director da vossa editora publicou um intrigante vídeo sobre a pirataria. O que achou dele?
Eu penso que este problema tem prejudicado todas as bandas, mas hoje em dia as receitas são obtidas sobretudo com as tournées. Portanto, as vendas de discos não são um grande problema para nós.

Então não vos preocupa que o “The Discovery” tenha registado vendas ligeiramente abaixo das do seu antecessor na sua primeira semana…
Realmente não estamos preocupados. Estamos confiantes que este disco vai vender muito bem com o decorrer do tempo.

Nuno Costa

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