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Entrevista Winds Of Plague

CONTRA TODOS... ÀS VEZES
“A indústria musical está maluca hoje em dia”

Talvez não sejam pioneiros, mas a sua maneira de fundir deathcore com ambientes sinfónicos está longe de ser comum. De certo, por isso, os californianos Winds Of Plague ganharam rapidamente um estatuto que lhes permite estar hoje na Century Media e percorrer incessantemente os palcos norte-americanos e europeus. Nesta altura, chegam ao quarto álbum, “Against The World”, com a pressão de satisfazer o mercado mas sobretudo os fãs. E a estratégia foi recuar um pouco no tempo, à fase mais hardcore de “Decimate The Weak”, e aplicar-lhe uma ainda maior dimensão sinfónica. Tão ou mais excêntrico que a sua música, o vocalista e fundador Johnny Plague deu-nos o prazer de uma breve mas divertida conversa.


Olhando para o título do vosso novo álbum, apetece-me perguntar: porque estão tão revoltados com o mundo?! Já não deviam ter ultrapassado essa idade?
[risos] Sim, estou velho e cansado e odeio tudo porque sou tão “metal”! Não, de facto, estou muito em consonância com o mundo, mas de vez em quando, como todos, tenho dias em que penso que toda a gente me está a perseguir e, em vez de sucumbir, uso isso para me manter firme.

O estado social norte-americano e suas relações internacionais, nomeadamente com o Médio Oriente, preocupa-vos?
Claro! Contudo, há muitos lados da mesma história e toda a gente diz coisas diferentes, o que torna difícil moldar uma opinião. Por isso, eu não sou propriamente um apoiante da guerra no Médio Oriente, mas sou um grande apoiante dos meus conterrâneos que estão longe de casa a fazer o que acham que está certo.

Celebraram a morte do Bin Laden?
Sim, a vingança é tramada! [risos]

O tema “Play In Church Venues” parece-me algo provocador, embora eu sempre soubesse que vocês eram rapazes da igreja…
[risos] Sim, nos Estados Unidos o cristianismo tem um papel muito importante na civilização e frequentemente tocamos em salas geridas por cristãos que invariavelmente nos pedem para não dizer palavrões! Bom, todos os nossos temas têm esse tipo de linguagem, por isso o tema ideal para eles tinha que ser instrumental. [risos]

E “California” é uma espécie de homenagem à vossa terra natal?
Certo. Queríamos escrever um tema o mais ridículo possível para mostrar algum amor à nossa terra! [risos]

Também não posso deixar de perguntar: de onde vem a vossa fixação por samurais?
Durante o meu crescimento sempre tive um fascínio pela cultura samurai. É uma forma de vida brilhante e muito honesta. Sinto sinceramente que se deixassem toda a história do “Ser supremo do céu” e adoptassem os ensinamentos samurai acerca da honra, integridade e auto-estima, o mundo seria um lugar muito melhor.

Em relação à vossa música, é em Nova Iorque que bebem grande parte da inspiração. Fale-nos dos convidados especiais que têm neste disco e do regresso às vossas origens hardcore.
A cidade de Nova Iorque tem sido a origem de muitas bandas lendárias do hardcore, como, por exemplo, os Madball, H20, Agnostic Front e Sworn Enemy. Estes têm sido parcialmente responsáveis pela existência da nossa banda. Por isso, foi um grande privilégio ter o Drew York (Stray From The Path) e o Sal (Sworn Enemy) a gravar vozes neste disco.

Entretanto, mantiveram a vossa dimensão sinfónica. Eu diria que a Alana tem uma sensibilidade superior, tanto nas partes sinfónicas como nas de piano clássico…
A maioria das partes sinfónicas dos nossos temas são escritas pelo Nick Eash (guitarrista), por isso têm-se mantido consistentes ao longo dos nossos álbuns. Mas a Alana trouxe um estilo mais obscuro à nossa fusão musical.

Atendendo ao sucesso que rodeia os Winds Of Plague actualmente, reflectido também nas boas vendas de discos, sentiram uma responsabilidade acrescida quando compunham o “Against The World”?
A indústria musical está maluca hoje em dia. A popularidade e relevância das bandas é tão inconstante que acabas por ter uma pressão esmagadora para corresponder às expectativas do mercado. Apenas partimos para o processo de gravação com o pensamento de que iríamos dar aos nossos fãs o que eles querem – algo pesado, épico e com grande energia.

Neste momento estão a meio de uma digressão europeia. Sentem-se cansados? A não ser que a reacção do público faça esquecer tudo isso…
Estou surpreendido, porque os novos temas têm causado uma reacção ao vivo tão boa como os mais antigos… e sim, estou a morrer de cansaço!

Vocês são uma banda que passa muito tempo na estrada. Têm estado a guardar imagens para um futuro DVD?
Tentamos sempre documentar a loucura das nossas tournées. Numa das nossas próximas digressões, em que vamos ter mais espaço, esperamos levar uma pessoa apenas para as filmagens.

Na verdade, o vosso último disco data de 2009, o que me leva a pensar que a vossa rotina ultimamente tem variado apenas entre tournées e estúdio…
Sem dúvida, não há descanso para os perversos! [risos] É a nossa vida – digressões, digressões; estúdio, estúdio.

Nuno Costa

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