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Review

LAKE OF TEARS
“Illwill”
[CD – AFM Records]

Com um trajecto sinuoso mas suficientemente proveitoso, os suecos Lake Of Tears mostram hoje ainda ter forças para continuar a lançar discos e sequenciar uma carreira que ficou comprometida em 2000. Os motivos, sabem-se, tiveram que ver com a desilusão que foi “Forever Autumn”, incapaz de suplantar o referencial “A Crimson Cosmos”, e consequentes divergências internas. Não haviam ainda de escapar ao contrato com a Black Mark, lançado um disco “bastardo” numa altura em que a banda já não estava junta. “The Neonai”, fora, por isso, composto na totalidade pelo vocalista/guitarrista Daniel Brennare e marcado por uma abordagem electrónica que acabou por render boa aceitação por parte da crítica.

Eventualmente por isso, o grupo não resistiu a continuar o seu legado. Em 2004 lançam um “Black Brick Road” com uma expectável fusão entre o seu tradicional som gótico e a veia experimental do seu antecessor. Fazendo jus à imagem algo “camaleónica” que sempre imprimiram às sua carreira, os Lake Of Tears dão outro peso às guitarras em “Moons And Mushrooms” (2007), virando agora agulhas para uma mistura mais abrangente de rock psicadélico e metal gótico.

Sabe-se que entre o doom, o gótico e o rock psicadélico, os Lake Of Tears nunca repousaram durante muito tempo, ao invés procurando, disco após disco, surpreender o ouvinte. E “Illwill” não foge a essa regra. Este regresso traz uns Lake Of Tears mais obscuros e retro, a invocar os anos de “Greater Art” e “Headstones”. Há mesmo aqui claramente uma veia mais heavy, como se tivéssemos recuado três décadas atrás no tipo de composição e nos ideais.

No entanto, os vários elementos que têm caracterizado a sua música desde “A Crimson Cosmos”, não estão completamente dissipados. Daí encontrarmos um sereno e psicadélico “House Of The Setting Sun” a chamar muito discretamente uns Pink Floyd e um “Behind The Green Door” susceptível de “amarrar” os fãs de Tiamat. Por outro lado, a banda apresenta provavelmente alguns dos temas mais rápidos da sua carreira – “The Hating” e “Midnight Madness” - naquele que pode ser um muito excitante convite para os fãs do “puro heavy metal”. Isto para não falar em “Parasites” que soa, imagine-se, a punk rock.

Feita esta análise, fica a sensação de que, mesmo mudando ligeiramente de estilo de disco para disco ou de tema para tema, os Lake Of Tears continuam a precisar de um conjunto mais homogéneo de canções – e verdadeiros hinos de preferência. Continua a ser interessante ouvir os seus álbuns, e “apostar” no que vem a seguir, mas há uma tendência preocupante para exibir níveis de qualidade medianos. Apesar de merecerem ser respeitados pela longevidade da sua carreira e sendo que “Illwill” não belisca este facto, parece estar na altura de fazerem um derradeiro esforço para se livrarem da opinião pouco consensual que existe em relação ao seu potencial. [6/10] N.C.

Estilo: Dark/gothic/progressive metal

Discografia:
- “Greater Art” [CD – 1994]
- “Headstones” [CD – 1995]
- “A Crimson Cosmos” [CD – 1997]
- “Forever Autumn” [CD – 1999]
- “The Neonai” [CD – 2002]
- “Black Brick Road” [CD – 2004]
- “Moons And Mushrooms” [CD – 2007]
- “Illwill” [CD – 2011]

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