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Entrevista Switchtense

NERVOS DE AÇO
“Ao ouvirem este disco vão sentir que está ali uma banda"

Depois do sucesso estrondoso que foi “Confrontation Of Souls”, este segundo ataque auto-intitulado vem recalcar cada vez mais a ideia de que Portugal é muito pequenino para estes cinco thrashcorers moitenses. Pouco preocupados com a exposição que ganharam e as expectativas que se geraram para este segundo trabalho, ao invés motivados por isso, criaram mais um monstro de peso, rapidez e groove para uma digestão mais ácida, é verdade, mas resultante de uma composição mais madura, técnica e elaborada. O sempre muito sincero e low-profile Hugo Andrade (vocalista) acedeu a falar-nos do actual estado de espírito da banda e de todo o processo de composição daquele que era um dos mais aguardados regressos do ano.

Depois das excelentes reacções a “Confrontation Of Souls” e uma intensa promoção na estrada, com que sentimento partiram para a composição deste novo álbum?
Obrigado à SounD(/)ZonE pela oportunidade de estarmos aqui a promover o nosso trabalho. O sentimento predominante em todos nós quando começámos a preparar mais afincadamente o novo disco era, sobretudo, o de querer fazer novamente o melhor trabalho possível. Não tivemos qualquer tipo de pressão, nem interna nem externa, que nos fizesse trabalhar mais depressa para chegar ao resultado final. No entanto, tínhamos a perfeita noção de que estamos mais expostos e que, nesta altura, estavam mais pessoas à espera do que iríamos fazer com este segundo disco. Isso também foi um factor de motivação e que nos deu muito mais vontade para fazer o melhor disco que conseguíssemos, pois não há melhor sensação do que a de fazeres uma coisa que gostas e teres pessoas que se identificam com isso. Não houve, portanto, qualquer pressão na fase da escrita, pois fazemos o que sentimos e o que gostamos. Essa é a premissa essencial para que a nossa música resulte: primeiro temos que nos divertir a nós próprios para provocar o mesmo sentimento nas pessoas que nos ouvem. Penso que estas ao ouvirem este disco vão sentir isso… vão sentir que está ali uma banda, cinco gajos a tocar, cinco gajos que fazem o que gostam e se divertem. Isso vale muito para nós! Resumindo, muita vontade e muita garra para seguir em frente.

Nem mesmo a preenchida agenda que têm, fez-vos ter menos tempo para compor?
Nunca tivemos qualquer problema desse tipo. O set-list que tocávamos ao vivo durante a promoção do “Confrontation Of Souls” estava mais do que sabido! Não perdíamos muito tempo a ensaia-lo e, como tal, tínhamos tempo livre. Assim, fomos começando a preparar as ideias mestras para os temas novos e conseguimos gerir bem o tempo entre os nossos trabalhos e a banda. O ritmo foi sempre alto e trabalhámos arduamente para chegar ao resultado final. Em cerca de oito meses fizemos os temas, gravámos uma pré-produção e já no inicio de 2011 gravámos o disco.

Aparentemente este trabalho não é tão imediatista como o seu antecessor. Este foi um objectivo consciente?
Sinceramente, acho que é uma questão de tempo até as pessoas absorverem os temas. Aliás, nos quatro concertos que demos de promoção ao álbum até agora, já vimos muitas pessoas a cantarem alguns dos refrões connosco! Posso dizer que têm corrido muito bem mesmo… boas assistências quer na Moita, Leiria, Porto e Évora. É sempre um desafio enorme tocar estes temas ao vivo, primeiro porque as pessoas estão numa fase de familiarização e também porque são muito mais difíceis de tocar. Contudo, as reacções têm sido as melhores! Têm causado muitas nódoas negras a muita boa gente, isso posso garantir! Penso que este disco está, sem dúvida, mais maduro, a todos os níveis, fruto do tempo que já passou desde que gravámos o “Confrontation Of Souls”. Evoluímos tecnicamente e a nível de composição. Também nos conhecemos muito melhor e isso é uma questão importantíssima para o novo material soar mais coeso. Existe agora termo de comparação, pois já é o nosso segundo disco, mas penso que o álbum tem temas tão imediatos como o anterior. Também penso que neste disco não nos dispersámos tanto a nível de composição o que fez com que os temas soassem mais coesos e mais organizados nas suas estruturas! Isto é uma autocrítica, claro, mas os ouvintes terão a última palavra!

No vosso estilo, põe-se muitas vezes a questão: é muito difícil de inovar mas quer-se goste ou não tem uma mística muito especial. É por isso também que não fazem questão de alterar o rumo da vossa música mas ao invés apostar em criar grandes temas?
Não andamos aqui à procura de inovar ou ser os próximos a inventar um estilo “post” qualquer coisa… isso não nos preocupa minimamente. Achamos que com o passar do tempo a nossa sonoridade será cada vez mais vincada, assim como a nossa identidade. Aliás, acho que se ouvirem alguns riffs destes novos temas facilmente identificam o estilo com o que fizemos no primeiro disco. A questão do criar grandes temas, presumo que te refiras a temas mais comerciais ou mais radio-friendly! Bem, isso não está no nosso ADN natural… seria algo forçado, criar um tema com um refrão lamechas ou mais melódico! Gostamos de pensar que, ao nosso estilo, já fizemos alguns grandes temas! [risos]

Na sua opinião muito pessoal, tem preferência por algum dos dois álbuns?
Isso é a mesma coisa que perguntar a um pai que tenha dois filhos de qual o que gosta mais! [risos] É complicado dizer…O “Confrontation Of Souls” é um álbum muito especial para todos nós. Foi com ele que nos apresentámos ao grande público e foi ele que nos permitiu dar um grande salto na nossa carreira. Contudo, melhor do que ninguém, sabemos as suas limitações e o melhor é que nós próprios fomo-nos apercebendo disso com o passar do tempo. O “Switchtense” é um álbum que não deixa de ter a nossa marca, músicas rápidas (incluindo o tema mais rápido que já fizemos até hoje), muito groove, refrões marcados com frases directas para serem berradas em uníssono nos concertos… É um disco melhor preparado, mais bem tocado, mais técnico, que implicou muito mais tempo para a sua gravação e com uma abordagem mais explícita e directa nas composições. Pessoalmente, acho que demos um passo em frente em relação ao que tínhamos feito e isso deixa-nos satisfeitos com o resultado final. Temos a sensação de missão cumprida a esse nível.

Desta vez a gravação ficou a cargo de um elemento da banda. Em que aspectos isto foi benéfico para o resultado final?
Foi muito benéfico, o mesmo já não podemos dizer para a sanidade mental do Pardal, que foi quem gravou o disco… digo isto na brincadeira, como é óbvio. Esta situação trouxe muitos benefícios, pois ninguém conhece melhor a nossa música e o que queremos delas do que nós próprios, e ter um elemento da banda a trabalhar na captação do álbum trouxe essa visão vinda do interior. Na verdade, também foi uma coisa que nem sequer nos preocupou, pois o Pardal tem grande experiência neste trabalho e não valia a pena estarmos a deitar fora essa mais-valia.

Apesar de tocarem thrash, têm uma imagem promocional muito violenta. Esta é condicente com a mensagem deste álbum?
Sim, reconhecemos isso e é um facto. No entanto, gostamos deste universo e ninguém melhor do que um “louco” como o João Diogo, pessoa responsável pelo artwork do disco, para o meter no papel. Gostamos de filmes de terror, de imagens marcantes e é isso que procuramos colocar nos nossos artworks. Eu ainda sou do tempo em que se ia a uma loja de música comprar discos e as capas, muitas vezes, nos levavam a ouvir o álbum na loja! A nossa música é agressiva, destila ódio e raiva por todos os poros, e gostamos de acompanhar isso com uma vertente visual mais agressiva e que faça as pessoas ficarem a olhar para os pormenores das ilustrações.

O facto deste álbum se chamar “Switchtense” tem algum significado acrescido para vós?
Claro, aliás o álbum tem exactamente esse nome por isso mesmo. É uma constatação do quanto que esta banda é importante para nós, uma forma de mostrar que respiramos e vivemos esta banda todos os dias, desde que nos levantamos até que nos deitamos… e somos todos assim. Chegámos a uma altura que nos sentimos mais à vontade com os nossos instrumentos, com a nossa música, com o público, com os concertos, etc. Por tudo isto, achamos que, hoje em dia, somos mais Switchtense do que há uns anos atrás e nada melhor do que dar esse nome a este disco. O “Switchtense” representa o que somos verdadeiramente a nível musical e lírico. Tem aqui muitas ideias fortes da banda, muitas declarações de vontades e objectivos. Muitas máximas nossas… este disco são os Switchtense a lutarem por tudo o que mais gostam.

Fizeram algumas datas na Holanda e na Alemanha há uns meses. Que lembranças guardam desta experiência?
Há uns meses que já são dois anos! [risos] Temos lembranças que nunca mais vamos esquecer. Foram dias excelentes passados juntos, a fazer o que mais gostamos: tocar e conhecer pessoas. Tivemos a oportunidade de sentir como é tocar fora do nosso país, falar uma língua diferente, perceber como as pessoas se comportam nos concertos, privar com uma das bandas que mais gostamos, os Dew-Scented, etc. É uma experiência que queremos repetir inúmeras vezes!

Para “Confrontation Of Souls” não houve lugar a um videoclip na sua mais elaborada acepção. Desta vez teremos oportunidade de ver um com uma produção mais exigente?
Sim, fizemos um vídeo para o tema “ Unbreakable “, mas não foi nada de muito complexo. O seu conceito é bastante simples e foi isso exactamente que queríamos. Contudo, o vídeo está muito bem conseguido, foi realizado pelo Miguel Miranda, e contamos apresentá-lo em breve.

Qual foi a fasquia que estabeleceram para este álbum e que planos têm na vossa agenda para os próximos meses?
Não estabelecemos nenhuma fasquia que seja muito diferente da que temos vindo a trabalhar para alcançar. Queremos tocar o máximo possível ao vivo, cada vez com melhores condições. Queremos chegar às pessoas que já conhecem e gostam da banda da mesma forma, mas também cativar mais gente a seguir o nosso trabalho. Tocar no estrangeiro e promover mais intensamente o nome dos Switchtense no panorama internacional, também é algo que queremos solidificar com este álbum.

Nuno Costa

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