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Revista de Imprensa - Semana de 12 a 18 de Junho

Este é um novo espaço que se compromete a compactar grande parte dos assuntos que marcaram a semana no efervescente mundo do Rock e Heavy Metal. Como sabemos que nem sempre é fácil acompanhá-los a todos, propomo-nos a apresentar todos os domingos, de forma sintética, o que mais poderá interessar ao mais compulsivo dos adeptos do género, incluindo tanto as tradicionais movimentações do mercado, como curiosidades e “mexericos”. Este é um espaço que misturará a objectividade da notícia com a subjectividade da opinião, numa base de informação rigorosa e entretenimento produtivo.

SEMANA DE 12 A 18 DE JUNHO
Seth Putnam
O início da semana viveu a ressaca da morte de Seth Putnam. A perda do polémico vocalista dos Anal Cunt, lendária banda de grindcore norte-americana formada em 1988, terá tido um impacto algo brando, já que se tratava de uma pessoa com um percurso de vida ligado a abusos e a conflitos. Provavelmente até teria mais inimigos do que amigos. Temendo injúrias, o próprio responsável da editora dos Anal Cunt apelou no comunicado oficial da sua morte a que houvesse alguma contenção na discussão do assunto na internet. Seria um fim previsível para Seth, já que quem afirma sem receios que ficou muito contente com a morte de Mieszko Talarczyk, vocalista dos Nasum, no tsunami na Ásia em 2004, não pode esperar tratamento recíproco muito diferente.

Um dos grandes assuntos da semana foi, sem dúvida, a clarificação sobre a situação de Rex Brown nos Down. Phil Anselmo apontou problemas pessoais complexos que o baixista terá que resolver até poder voltar ao mundo da música. Anteriormente, Brown havia assumido que vivia uma espécie de “conflito conjugal” com Phil. Fica assim em aberto o futuro do ex-Pantera nos Down, enquanto o seu lugar é assegurado por Patrick Bruders dos Crowbar. Como nota final, a banda já prometeu que vai lançar quatro EP’s de seis temas nos próximos tempos.

Quem já operou mudanças no seu line-up de forma a salvaguardar o principal – a música – foi os Trivium. O vocalista e guitarrista Matt Heafy disse mesmo que se a anterior formação da banda se mantivesse, os Trivium tinham acabado. Contudo, faz questão de não apontar o dedo a ninguém, apesar do baterista Travis Smith ter sido o membro mais recente a sair. No seu lugar, está o próprio técnico de Travis, Nick Augusto.

Tal como Dave Mustaine, e muitos outros “convertidos”, também o romântico David Coverdale diz que não escreverá mais letras com teor negativo ou depressivo. Para ele, a “música é celebração”. Por outro lado, David Draiman, promete não amaciar as suas letras apenas por se ter casado recentemente. Recuperando Mustaine, este diz que não tem interesse em tocar “Anarchy In The U.K.” porque contém a frase “Eu sou um anticristo” ou “The Conjuring” porque fala de magia negra. Terá sido também por essa nova sensibilidade que Mustaine em tempos se recusou a fazer parte do mesmo cartaz que os Rotting Christ. Como os tempos mudam...

A morte de Dio continua a ser motivo de grandes manifestações de apreço e respeito. Os Dio Disciples andam pela Europa a espalhar o legado da banda. São compostos por ex-companheiros de Dio na sua banda a solo, e a substitui-lo estão os vocalistas Tim “Ripper” Owens (ex-Yngwie Malmsteen, Iced Earth, Judas Priest) e Toby Jepson (Little Angels, Gun). Também Doro escreveu um tema de homenagem a Dio, “Hero”, com o qual pretende fazer várias versões, incluindo acústicas e orquestrais.

Menos sensível e mais revoltoso, o líder dos Helmet, Page Hamilton, atira que são melhores do que 99.9% das bandas que por aí andam, independentemente do género. A indignação baseia-se nas críticas da imprensa por os considerarem responsáveis pelo nu-metal.

E se bem sabemos que a moda já descolou há muito, não se prevê que o cenário mude. Basta repararmos que os Korn estão com ideias de fazer um EP – agora álbum – com vários elementos dub. Por outro lado, os samples do novo álbum dos Limp Bizkit, “Gold Cobra”, disponibilzado pelo site TheArmpit.net, não deixa antever um regresso muito inspirado.

No plano dos insólitos, Rob Zombie criou um anúncio para o conhecido detergente de máquina Wooten. Escusado será dizer que é torturante… pelo menos para a roupa. Não menos insólito foi um jovem alcoolizado que atirou um vaso à janela de uma casa nos Estados Unidos, alegadamente por estar à procura de… Ozzy Osbourne. Foi detido e pagou pesada multa.

O mesmo Ozzy Osbourne tem um novo registo sobre a sua vida. Trata-se de “God Bless Ozzy Osbourne”, co-produzido por Jack Osbourne, filho da estrela britânica. Segundo Jack, “este documentário foi criado para limpar a imagem que os media têm do meu pai”. O documentário promete ser profundo e demonstra como os filhos do cantor tiveram influência na sua desintoxicação.

No plano das “semi-inovações”, “Welcome 2 My Nightmare”, o novo álbum de Alice Cooper, será lançado primeiramente no Reino Unido, em Setembro, no formato magazine – intitulado “Fan Pack” – com produtos de grande valor, entre eles merchandise variado e uma aplicação para iPad com entrevistas exclusivas. Segundo o responsável pela iniciativa, Chris Ingham, da editora Future, esta “tem o potencial de transformar a relação que existe entre a indústria das magazines e o negócio da música. As editoras sempre pensaram que as revistas eram amplificadores e parasitas. Desta feita serão mais vistas como parceiras confiáveis”. Slash, Motörhead e Whitesnake já apresentaram lançamentos nesse formato.

E para demonstrar a máquina de marketing que rodeia os grandes ícones do rock e metal, estarão disponíveis brevemente duas versões do famoso jogo de tabuleiro Monopoly, inspiradas nos Metallica e nos AC/DC.

Não será certamente por isso, mas os AC/DC estão no 18º lugar das bandas mais bem pagas do mundo entre Maio de 2010 e Maio de 2011, segundo a revista Forbes. Neste período facturaram qualquer coisa como 35 milhões de dólares ilíquidos, naquele que até nem foi dos anos mais lucrativos para a banda. Entretanto, a tabela é liderada pelos U2 (195 milhões), Bon Jovi (125 milhões), Elton John (100 milhões) e Lady Gaga (90 milhões).

Continuando ainda com os cifrões, o filme que acompanhará a edição do novo álbum dos Nightwish, “Imaginarium”, custará 3.7 milhões de dólares e é subsidiado pelo governo finlandês em 575 mil dólares. O filme aborda um homem à beira da morte que vislumbra um sonho de infância em que combate o envelhecimento com a sua imaginação.

Mike Portnoy fará a sua estreia ao vivo com os Adrenaline Mob no próximo dia 24 de Junho. Deste projecto fazem também parte Russel Allen (Symphony X), Mike Orlando (Sonic Stomp), Paul DiLeo e Rich Ward (Stuck Mojo, Fozzy).

Uma das grandes surpresas da semana, foi a revelação de que o novo projecto dos Metallica é um disco composto em parceria com o lendário vocalista Lou Reed. É descrito como um cruzamento entre “Berlin” (1973) e “Master Of Puppets” (1986).

Nergal (Behemoth) recebeu o prémio “Metal As Fuck” por parte da Metal Hammer nos Golden Gods Awards. Este é o reconhecimento pelas lutas que as personalidades do metal às vezes têm que travar. Já Gus G. comprovou que está na mó de cima e recebeu o prestigiante prémio “Dimebag Darrel Shredder”.

Este semana marcou também o regresso aos palcos dos Slipknot sem o baixista Paul Gray. Ocorreu no Sonisphere em Atenas, com o grupo de Iowa trajado com os seus fatos e máscaras clássicos, sendo que os de Gray ficaram expostos no fundo do palco. Existem vários vídeos do acontecimento no Youtube. O baixo foi executado por Donnie Steel, um antigo guitarrista da banda, escondido no palco. Ainda sobre os Slipknot, Shawn Crahan participou como figurante em “Seven Sisters”, o novo videoclip da artista pop/rap norte-americana Hesta Prynn.

Tom Cruise será o grande protagonista da adaptação ao cinema do famoso musical da Broadway “Rock Of Ages”. A sua personagem mistura “tiques” de Axl Rose, Bret Michaels e Keith Richards e baseia-se numa banda-sonora dos anos 70 e 80, onde se evidenciam temas de Bon Jovi, Poison e Twisted Sister.

Os germânicos Running Wild, que se reformaram em 2009 no Wacken, lançarão uma biografia em 2013/2014. Intitula-se “Death And Glory: The Story Of A Heavy Metal Legend”. Já este mês chega o seu concerto de despedida em CD/DVD intitulado “The Final Jolly Roger”.

Por cá, destaque para a inclusão dos Switchtense na primeira parte dos Avenged Sevenfold, no Campo Pequeno, já na próxima quinta-feira (23 de Junho). Reconheça-se: um merecido prémio para uma das bandas mais trabalhadoras e competentes dos últimos tempos em Portugal. Uma nota de incredulidade para todo o impasse que se verificou em relação à presença dos Sevendust na Europa recentemente. Fica a ideia de que o mercado norte-americano chega-lhes perfeitamente.

Paul Di’Anno, o primeiro vocalista em álbum dos Iron Maiden, regressa a Portugal no dia 29 de Outubro. A acompanhá-lo estarão os elementos de uma banda espanhola, os Ever Dream. Di’Anno foi condenado a nove meses de prisão em Março passado, apesar de ter que cumprir apenas quatro na prisão, por ter recebido indevidamente 72 mil dólares do governo inglês como indemnização por um problema nas costas. Uma denúncia que mostrava o vocalista de boa saúde a actuar ao vivo, deitou tudo a perder.

Ricardo Santos (ex-Morbid Death)
E por fim, a saída de Ricardo Santos dos Morbid Death ao fim de 20 anos é um facto lamentável para a história e percurso do metal açoriano. Sendo que ninguém é insubstituível, a verdade é que ele representava a verdadeira origem do metal local e a perseverança num terreno tão difícil de palmilhar. Se até os Dream Theater substituíram Mike Portnoy ou os Sepultura Max Cavalera, deseja-se agora que os restantes elementos encontrem motivação para continuar com uma insígnia que, como o seu próprio criador disse, não é constituída apenas por uma pessoa.


Frases da semana:
“Este é o melhor equipamento do mundo ou este gajo é mesmo o melhor guitarrista do mundo?”
Ozzy Osbourne na primeira vez que ouviu Randy Rhoads

“Os L.A. Guns hoje em dia parecem um franchise, como o McDonald’s”
Tracii Guns sobre o facto de haver duas bandas a actuar com o mesmo nome

“Tentei-me matar duas vezes com Valium 100, uma garrafa de Jägermeister e ¾ de uma grama de heroína”
Steven Adler, ex-baterista dos Guns’N’Roses

“Se uma nova reunião corresse mal tinha que continuar sob o nome Accept”
Udo sobre a proposta negada de voltar à sua antiga banda

“Não estou minimamente interessado em tocar nos concertos comemorativos dos 20 anos de “Rust In Peace”
Marty Friedman (guitarrista, ex-Megadeth)
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