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Review

SMOHALLA
“Resilience”
[CD – ARX Productions]

A França continua um impressionante trajecto ascendente em termos de criatividade no plano do metal e no do black metal em particular. Bandas como os Deathspell Omega e os Blut Aus Nord, apesar de já rodadas e com muitos anos de carreira, têm sabido polvilhar o seu som de elementos desafiantes e até então pouco arriscados no black metal, e, pelos vistos, têm contagiado seus pares.

Agora é a vez dos Smohalla surgirem com uma sonoridade que vai até para além do expectável em termos de experimentação. O princípio é progressista e vanguardista, como os nomes atrás citados, mas o trio francês apela a terrenos místicos e ambientais verdadeiramente audazes e complexos, que certamente não deixarão indiferentes quem tiver os horizontes abertos.

Diga-se de passagem que de black metal pouco se ouve aqui, mas sente-se o impacto de uma sonoridade negra e desconcertante, recheada de camadas infindáveis de sons intrigantes e misteriosos que nos fazem viajar para recantos longínquos. E o grande mérito deste resultado é do multi-instrumentista Slo, apesar de os seus companheiros Camille e L.A. não deixarem de ser preponderantes.

Há aqui vozes desesperantes tipicamente black metal old school, mas também outras limpas, e coros sinfónicos. Verificamos ainda algumas mudanças imprevisíveis e frequentes típicas da música progressiva e o andamento da bateria raramente atinge níveis hostis. Estranhamente, para verem como são tão díspares as sensações proporcionadas por este disco, há de alguma forma uma alusão ou ilusão de que estamos a ouvir Cynic no final de “Au Sol Les Toges Vides”, pois há também uma costela jazz neste trabalho. E o teclado a meio de “Nos Sages Divisent” remete-nos para um ainda mais improvável universo Björk.

Apesar de tudo isto, os Smohalla preservam uma identidade muito underground, embora com toda a sua apetência experimental possam facilmente destacar-se e constituir uma referência, a breve trecho, mesmo que não se saiba em termos comerciais/mediáticos o que possam atingir. Certo é que para quem ainda tem esperança na evolução saudável do black metal e, no geral, quem ainda gosta de ser desafiado quando ouve metal, tem que ouvir este trabalho. [8.7/10] N.C.

Estilo: Post-black metal/Avantgarde

Discografia:
- “Smolensk Combustion” [Demo – 2006]
- “Nova Persei” [EP – 2007]
- “Noyade Céleste” [Split – 2009]
- “Resilience” [CD – 2001]

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