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Entrevista Trigger Made Solution

AO SOM DAS BALAS
"Só com um grande espírito autocrítico, humildade e muito trabalho se consegue fazer algo em condições"

Pouco mais de um ano foi preciso para atingirem um apreciável nível de exposição. O talento, a garra e a experiência dos seus elementos, granjeada em projectos como Tolerance 0, Oppressive ou Spinal Trip, e a preciosa ajuda da Avantegarde Management, tornaram os Trigger Made Solution rapidamente num dos nomes mais promissores a sair do underground nacional. O EP “Bound At Birth”, com mais de 8,000 downloads em apenas uma semana, diz bem da capacidade deste colectivo de thrash metal moderno para conquistar o público. Contudo, com os pés bem assentes na terra, encontrámos Honório Aguiar (vocalista) cada vez mais motivado apesar dos 18 anos de carreira vividos num local tão adverso como os Açores. 

Um ano de existência, um videoclip, um EP e um nome já bem propagado por todo o mundo. Esperavam algo assim tão rápido e eficiente?
Sinceramente, fomos um pouco apanhados de surpresa. Sabíamos que tínhamos dado o nosso melhor, quer na música, quer no videoclip, mas não esperávamos que fosse assim tão rápido fazer chegar o nosso trabalho a tantos locais. Sem dúvida que o facto de termos assinado pela Avantegarde Management deu uma grande ajuda nesse aspecto.

À parte da arrogância que as pessoas possam interpretar, será esta a “chapada de luva branca” que muitos precisavam para perceber que as coisas quando são bem planeadas e trabalhadas dão, inevitavelmente, frutos?
Não há qualquer tipo de arrogância nem “chapada” a ninguém. Nós fazemos as coisas da melhor forma que conseguimos com os meios de que dispomos, mas sempre focados em nós próprios e a tentar melhorar a qualidade do nosso trabalho. O que cada grupo ou pessoa faz com os seus projectos não é da nossa conta, nem nos serve para fazer comparações. A música é uma forma de expressão artística, não uma corrida de cavalos.

Consta que os três temas de “Bound At Birth” foram “arrancados a ferros” com a banda constantemente a rever e a refazer partes. É este um sinal de grande exigência?
Como disse anteriormente, tentamos sempre fazer o melhor que conseguimos. Se algum riff, parte vocal, transição, etc, não estiver “no ponto”, refazemo-los as vezes que forem precisas até estar tudo exactamente como queremos. Penso que só com um grande espírito autocrítico, humildade e muito trabalho se consegue fazer algo em condições.

Fomos reportados de que, até ao momento, efectuaram-se 6,000 downloads de “Bound At Birth”. Como reagem a esses números?
A última contagem registava 8,000, sete dias depois do EP ter sido lançado. Obviamente que ficamos muito satisfeitos por saber que já tantas pessoas ouviram o nosso trabalho. No entanto, também sabemos que ainda nem “metemos o pé na porta” e que ainda temos muito que trabalhar.

A produção deste EP ficou praticamente entregue à própria banda. Sendo que os resultados são muito positivos, podemos esperar mais experiências do género ou a próxima etapa passa forçosamente pela gravação num estúdio profissional e/ou com um produtor credenciado?
Se tivermos a possibilidade de trabalhar em condições que possam fazer o nosso trabalho soar melhor que este, claro que aproveitamos. Se tal não acontecer, gravamos tudo sozinhos de novo.

Deduzo que esta pergunta seja difícil (e provocadora), mas ainda assim apelo à sua resposta. Neste momento sente que os Trigger Made Solution têm tudo para suplantar o misticismo dos Tolerance 0 ou mesmo o lugar que eles ainda certamente terão no seu coração?
São duas bandas diferentes que surgiram em alturas diferentes da minha vida. Os Tolerance 0 eram uma banda à qual dediquei dez anos da minha vida. Era composta por pessoas que eram amigos de infância e são até hoje família para mim. Cresci com a banda. Nos Trigger Made Solution vou dar tudo o que tenho nos próximos anos. Eles sãos compostos por pessoas que são amigos e começam a tornar-se família.

Quais são as grandes diferenças entre trabalhar com bandas naquela altura (década de 90) e actualmente?
Os meios disponíveis a nível de informação e equipamentos são muito melhores hoje em dia. Acho também que, na maioria dos casos, as bandas actuais exigem mais qualidade dos seus trabalhos. Na década de 90, com a oferta em termos de espectáculos que havia, era mais fácil conseguir a atenção do público em geral e actuar em palcos maiores.

E especificamente entre os Trigger Made Solution e as outras bandas que teve?
A grande diferença é que são muito meticulosos com a composição. São, sem dúvida, a banda mais exigente, a nível musical, de que já fiz parte.

Como se lhe reconhece, para além de vocalista tenta sempre ser alguém que transmite uma mensagem forte, tanto ao vivo como em disco (como por exemplo no conceito abordado no álbum dos Tolerance 0). Mantém essa tendência? O que podemos extrair líricamente de “Bound At Birth”, apesar dos três temas apenas?
Estes não fazem parte de um conceito predefinido, como foi feito no “43 Minutes Of Hate”. São mais pessoais, mesmo autobiográficos. Existe uma componente de crítica social, mas isso é algo a que, aparentemente, não consigo fugir.

Parece também evidente que o metal na sua vida não foi uma coisa passageira. Ao longo dos anos esteve envolvido em vários projectos que acabaram por findar prematuramente, mas nunca desistiu. O que acha que o continua a demover e/ou o que terá falhado nos outros projectos?
Cada projecto que integrei acabou por motivos diferentes. Não encaro isso como “falhanços” mas sim como processos de aprendizagem. As coisas duram o tempo que têm que durar. O fundamental para mim é continuar a fazer música, seja metal ou não. Comecei a minha primeira banda aos 13 anos. Hoje tenho 31 e ainda mais vontade e entusiasmo do que tinha naquela altura. Sinceramente, não me vejo a parar tão cedo.

Depois de deixar os Hatin’ Wheeler surge o convite para ingressar nos Trigger Made Solution. Quer resumir-nos como tudo aconteceu?
Na verdade, o convite surgiu ainda quando estava a tocar com os Hatin' Wheeler. Mantive os dois projectos durante uns tempos e não tinha intenção de abdicar de qualquer um deles. Infelizmente, os Hatin' Wheeler acabaram, o que não teve qualquer ligação com facto de eu estar também nos Trigger Made Solution.

Os seus actuais colegas compunham o núcleo-duro dos Oppressive. Porque decidiram refazer tudo, mudar de nome inclusive?
O nome Oppressive estava muito associado ao antigo vocalista e não era representativo do som que estamos a fazer. Além disso, pessoalmente, não gostava mesmo nada do nome.

Parece-me obrigatória esta pergunta, embora soe prematura: perante o excelente feedback, a banda estará disponível para fazer as malas a qualquer momento e partir para um sítio que lhe dê mais garantias?
É, sem dúvida, muito prematuro falar nisso. No entanto, dependendo das condições dessa deslocação, estamos dispostos a isso. Qualquer banda que ambicione a profissionalização tem de estar disposta a fazê-lo. Enquanto eu estiver numa banda, a meta é sempre essa.

Um pouco no seguimento da pergunta anterior: já existem perspectivas para uma tour ou pelo menos mais concertos na região?
Ainda não. Neste momento, estamos a concentrar os nossos esforços na composição de novos temas.

A Avantegarde garante que com ou sem editora vão lançar um novo registo no próximo ano. O que é possível adiantar sobre este?
Ainda nada. Estamos a começar a trabalhar nele.

Nuno Costa


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