Review - Thee Orakle - "Smooth Comforts False"
THEE ORAKLE
“Smooth Comforts False”
[CD – Ethereal Sound Works]
Foram consolidando a sua carreira discreta e sustentadamente, e aqui estão eles agora, com tal elegância. Os Thee Orakle mostram ao segundo assalto que têm uma capacidade acima da média para explorar diversos elementos musicais e fundi-los em algo obscuro, místico e progressivo.
No anterior “Metaphortime”, de 2009, a banda já tinha assumido que é uma ávida apreciadora de vários géneros musicais, mas ainda não tinha atingido o patamar de experimentalismo e arrojo que este “Smooth Comforts False” demonstra. Os compassos, os ambientes, os acordes, os arranjos, os solos jazzísticos, tudo isto está mesclado para nos surpreender quando menos esperamos. Senão vejamos ainda a fantástica inclusão do trompete em “Psi-Drama”, por Ricardo Formoso, do saxofone em “Rescue Mind”, por Fábio Almeida, ou da desconcertante voz de Adolfo Luxúria Canibal, dos Mão Morta, em “Farway Embrace”.
O poder melódico também está muito mais apurado, com Micaela Cardoso em excelente plano com vários coros e ambientes de teclado magnânimos. Do outro lado temos um animalesco Pedro Silva que não claudica em momento algum. E a casar com esta brutalidade estão também temas mais matemáticos e altamente aventureiros como “The Bridge Of The River Flowing” ou “Evil Dreams”, este último com Yossi Sassi Sa’aron (guitarrista dos israelitas Orphaned Land) num instrumento tradicional chamado bouzouki. “Evil Dreams” será também, porventura, o grande "híbrido", mas também dos mais apetecíveis, deste trabalho.
Não menos fantástica é a melodia da seguinte “Winter Threat”, corroborada por Marco Benevento, vocalista dos The Foreshadowing, e de “Hopefulness” – a momentos enternecedora e comovente. Mas tudo isso nunca atinge aquela amistosidade de um "sonzinho" radio friendly, o que para o bem ou para o mal, não belisca minimamente a sua integridade. Todavia, é um facto que com estes Thee Orakle em tal plano de excelência, mereciam talvez um single apenas para “furar” a dura crosta do underground.
“Smooth Comforts False” está regado de uma coragem e audácia que pouco vemos hoje em dia, ainda menos no plano nacional. E depois, a consistência e a quantidade e fluidez de ideias dos seus executantes é inexorável. Parece também óbvio que sem os Opeth ou os Orphaned Land a banda de Vila Real talvez tivesse nascido e crescido de outra forma, mas é cada vez mais evidente que são donos e senhores do seu nariz, criando uma sonoridade empolgante e personalizada, mesmo que saibamos de onde bebem as suas influências. [8.7] N.C.
Data de lançamento: Fevereiro de 2012
Nota de estúdio: Produzido por Daniel Cardoso, captado e co-produzido por Pedro Mendes (UltraSoundStudios, Braga); misturado e masterizado por Daniel Cardoso (UltraSoundStudios)
Estilo: Death/doom/gothic progressivo
Origem: Vila Real (Portugal)
Formação: 2004
Artwork: Phobos Anomaly Design
Alinhamento:
1. “Faraway Embrace” (5:25)
2. “Psi-Drama” (4:56)
3. “Mysterious Hours” (4:38)
4. “Foretoken” (1:47)
5. “Evil Dreams” (5:43)
6. “Winter Threat” (3:37)
7. “The Bridge Of The River Flowing” (4:40)
8. “Hopefulness” (5:50)
9. “Rescue Of Mind” (5:16)
Duração: 39:52 minutos
Elementos:
- Pedro Silva (voz)
- Micaela Cardoso (voz)
- J. Ricardo Pinheiro (guitarra)
- Pedro Mendes (guitarra/voz)
- Daniel Almeida (baixo)
- Luís Teixeira (teclado)
- Frederico Lopes (bateria/samples)
Discografia:
- “Demo” (Demo – 2005)
- “Secret” (EP – 2007)
- “Metaphortime” (CD – 2009)
- “Smooth Comforts False” (CD – 2012)