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Músicos Avulso - Rui Duarte (Ramp)

Aqui começa o verdadeiro “striptease” intelectual aos músicos da nossa praça e arredores, do mais reconhecido ao anónimo. Sem descriminar ninguém e fazendo jus ao título desta rubrica, a SoundZone tentará dar a conhecer ao público o lado menos visível e mais humano dos artistas desprendendo-se do conceito de banda. A filosofia é a da descompressão, do entretenimento, de um certo “recreio dos sentidos”, mas sempre com o intuito de se tentar transmitir pontos de vista, personalidades e vivências que nos possam servir de referência. A SoundZone pretende também com este um espaço interactivo. Por isso, fazemos o apelo aos nossos leitores para que nos sugiram por e-mail questões e artistas que gostariam de ver neste formato. Aqui (quase) nada ficará por dizer.

Data de nascimento e naturalidade?
2 de Maio de… algures no tempo. Nasci no maior “aviário” português, Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.

Como descreve sua terra natal e que sentimentos esta lhe traz? Gosta de ter crescido lá ou se pudesse tinha escolhido outra localidade ou mesmo país para nascer?
A minha terra natal era meia dúzia de prédios e muitas quintas. A possibilidade de saltar de prédios em construção para montes de areia e espetar pregos enferrujados nos pés foi fantástica. A proximidade da Siderurgia Nacional foi uma influência determinante. Adoro Portugal, mas mais que isso adoro o mundo.

Que traço faz da sua infância? Lembra-se das brincadeiras e traquinices que tinha? Que tipo de miúdo é que era?
Era um miúdo extremamente calmo e envergonhado. Na escola primária lembro-me que a única vez que a minha mãe foi chamada à escola foi devido a eu ter trocado a espuma (do furador de picotar papel) pelos traseiros de algumas colegas minhas. De resto, sempre fui amigo do amigo e bom companheiro.

Na escola era um aluno empenhado? Que matérias/áreas mais o entusiasmavam e, por outro lado, quais as que mais detestava?
Sempre adorei a escola e tinha por hábito ter boas notas, isto claro até chegar ao 8º ano em que descobri os prazeres etílicos. Adorava todas as disciplinas que tinham a ver com a criatividade, Trabalhos Manuais, Educação Visual e Música. Gostava igualmente de Psicologia, Sociologia, História, Inglês e Biologia. Nunca gostei de Educação Física, Francês e Português, achava entediante.

Lembra-se de algum momento marcante enquanto estudante?
Lembro-me de uma viagem de estudo em que no regresso conseguimos (eu e outros colegas) trazer o banco da traseira de um autocarro e fomos descansar para o mato ao pé da escola. Outro episódio marcante foi quando defendi a minha professora de Matemática de uma agressão física de um colega meu e o coloquei fora da aula. Convém, no entanto, salientar que este era um dos meus melhores amigos da altura. Fiquei com imensa pena de um professor meu de Matemática no 9ª ano que tinha instrução militar, quase dois metros de altura e, no entanto, saiu da sala a chorar directo para o conselho directivo devido a mau comportamento de toda a turma. Posso adiantar que, pelo menos durante dois anos, tive a possibilidade de fazer parte de turmas bastante problemáticas e consideradas como o pior exemplo possível. O meu conhecimento de obras públicas em Portugal foi igualmente profundo durante a minha escolaridade. Acompanhei a construção de quatro escolas perdendo sempre o primeiro período de aulas.

A sua ligação ao metal surge quando e como?
Na altura do meu 8º ano por intermédio do meu irmão e de uma banda chamada Mercyful Fate, mas rapidamente me emancipei e os Metallica foram o meu trunfo. Meti o vinil no prato e disse-lhe, “Agora ouve”. Não vale a pena dizer que ficou de boca aberta.

Como aprendeu, neste caso, a cantar?
O meu irmão formou uma banda de metal que se chamava The Coven e eu fazia parte da equipa de trabalho. Um dia ao cruzar-me com um antigo colega de escola preparatória (Ricardo Mendonça) este disse-me que tinha uma banda (R.A.M.P.) e que precisava de vocalista. Eu disse-lhe que não cantava ao qual ele respondeu, “Se o teu irmão canta tu também cantas”. E eu aceitei o convite.

Qual foi o primeiro disco de metal que ouviu e o que comprou?
"Melissa" dos Mercyful Fate.

Sempre ouviu metal ou teve aquela fase em que ouvia tudo o que lhe aparecia? Tem, por exemplo, vergonha de certas coisas que ouvia?
Só ouvia pop, música electrónica e derivados. Bandas como Depeche Mode, Duran Duran, Kraftwerk, entre muitas, eram a minha banda sonora. Nunca tive vergonha e ainda hoje tenho alguns desses álbuns.

Qual foi o primeiro concerto a que assistiu?
Iron Maiden e W.A.S.P. no Dramático de Cascais na tour do “Somewhere In Time”, em 1986.

Qual é a sua grande referência musical e porquê?
Richard Wagner, pois foi o primeiro compositor de metal.

Para si, qual seria a profissão ideal?
Músico.

Qual é o seu grande hobby?
A música.

Qual a viagem que mais o marcou até hoje e qual é o seu destino preferido de férias?
Amazónia. O meu destino preferido é basicamente todo o mundo.

Que local ou país deseja mais conhecer?
Todos os que ainda não conheço.

Tem um disco, canção, filme ou série da sua vida?
Não, tenho muitos.

No sentido inverso; pior disco, canção, filme…
É tão relativo.

Pratica ou acompanha algum desporto?
Sim, sou pai.

É adepto de algum clube de futebol nacional? Qual?
Benfica.

Utiliza as redes sociais? Que visão tem dessas e que papel lhes atribui?
Sim, utilizo o facebook e o MySpace. Desde que não tenha fotografias do pessoal em tronco nu e biquíni considero que são um óptimo meio de comunicação e proximidade.

Consome ou já consumiu ilícitos?
Upps!!!

Uma noite perfeita?
É segredo...

Que facto mais o orgulha e envergonha na história nacional e/ou internacional?
A exploração do ser humano pelo ser humano. O desrespeito contínuo pela dádiva da vida e por todo o universo do qual fazemos parte. Odeio o poder/dinheiro e tudo o que representam.

Acredita em fenómenos paranormais?
Acredito que não sabemos tudo e que não existem “iluminados". A história já nos provou a volatilidade.

E em extraterrestres?
Sempre fui fascinado pelo universo e pela sua dimensão. Acredito que não estamos sós...

Para si, qual é o maior flagelo mundial?
O ser humano.

Qual é a sua opinião sobre o aborto e o casamento homossexual?
Respeito a liberdade e respeito mútuo.

Gosta de animais? Tem algum?
Adoro animais. Fui educado por alguém que sempre os considerou acima do ser humano. Neste momento não tenho nenhum.

Gosta de videojogos? Qual o seu tipo e/ou jogo favorito?
Fui completamente agarrado ao Spectrum. No entanto, curei-me e neste momento não jogo nada.

Enquanto músico, qual foi o momento mais marcante da sua carreira?
Tocar com os Metallica pela primeira vez no T99 e conhecê-los pessoalmente.

E o mais insólito?
Perceber como funciona a indústria musical.

Arrepende-se de algo que fez na música?
Arrependo-me de tudo o que não fiz.

Tem ainda algum sonho por cumprir na música?
Muitos.

Qual é a sua banda/artista nacional e internacional preferidos?
Os que são verdadeiros e continuam apaixonados pela música.

O que acha da qualidade dos músicos e bandas nacionais?
Verdadeiros heróis num espaço extremamente pequeno e atípico.

O que acha que falha, se é que alguma coisa falha, no panorama musical nacional? Acha que há qualidade e quantidade de infraestruturas e público suficientes?
Portugal é demasiado pequeno. No entanto, já foi provado que com a devida perseverança, trabalho, exigência e algo mais, tudo é possível.

A internet é um problema ou uma virtude para os músicos e/ou a indústria discográfica?
Ambos.

É a favor ou contra a pirataria?
A pirataria sempre existiu e vai existir. Preocupa-me que mais uma vez quem mais sofre são os mais pequenos.

O que acha dos organismos que gerem os direitos de autor, nomeadamente a SPA?
Muito aquém do que poderia ser.

Concorda com as leis que estão a ser estudadas para combater a pirataria (ACTA, SOPA, etc)?
A repressão nunca foi uma solução. Criatividade, cultura cívica e educação sempre foram o melhor veículo.

O que é que o irrita mais?
O pseudo intelectualismo.

Qual é a maior surpresa que o podem fazer?
Respeito e amor.

Já praticou algum acto de solidariedade?
Todos os dias.

Acha que ainda tem algum dom escondido por revelar?
Todos temos.

Prefere o Verão ou o Inverno? O sol ou o frio? A praia ou a neve?
O Verão.

Sente-se dependente do telemóvel?
Não.

Qual é a sua comida favorita?
Marisco e caracóis.

Sabe cozinhar? Qual o prato que confecciona com maior mestria?
Adoro cozinhar para boa companhia. Arroz de tamboril com gambas e açorda de gambas.

Qual é a sua bebida preferida?
Licor de Beirão, Red Bull, Monster, vodka, cerveja, Morangoska, Vinho do Porto, vinho verde, etc....

Qual é o seu maior medo?
A solidão.

Tem alguma fobia?
Odeio ratos, cobras e tarântulas.

Neste momento está optimista em relação à recuperação económica do país?
Não, o problema não é apenas nosso. Não acredito no capitalismo selvagem e considero-o insustentável.

Identifica-se com alguma ideologia política?
A minha ideologia é a da felicidade.

Se pudesse recuar no tempo, até onde e quando recuava? Porquê?
Até ao dia em que nasci para viver tudo de novo.

Acredita na reencarnação? Em quem ou no que gostava de reencarnar numa outra vida?
Não acredito.

É supersticioso? Qual a sua maior superstição?
Um pouco. Acredito que colhemos o que semeamos.

Para si, como se descobrem as verdadeiras amizades? O que é uma verdadeira amizade?
Quando se dá sem esperar algo em troca. A verdadeira amizade nada tem a ver com as palavras mas sim com os actos.

Tem tatuagens? Qual a que mais sentido tem para si?
As únicas que tenho são as minhas cicatrizes.

E piercings?
Não.

Considera-se vaidoso? Que cuidados tem com a aparência e a saúde?
Gosto de andar sempre limpo e igual a mim próprio. Os meus cuidados são extremamente básicos e em termos de saúde sou bastante desleixado. Considero que uma boa higiene oral demonstra bastante da nossa maneira de ser.

Qual o seu maior defeito e a sua maior virtude?
Ser apaixonado e exigente no que faço.

E o que mais o marcou até hoje e porquê?
O nascimento da minha filha e a morte da minha mãe. A força das emoções e o impacto que elas têm em nós.

Nuno Costa    
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